“[…] e ela teve seu filho primogênito; envolveu-o em panos e o colocou em uma manjedoura, pois não havia lugar para eles na hospedaria” (Lc 2.7)
A Bíblia registra que os pais de Jesus eram pobres e as circunstâncias socialmente adversas do seu nascimento não foram muito diferentes das que encontramos para muitas pessoas hoje em dia. Além disso, ao nascer, Jesus veio numa condição completamente imprópria para um rei, para um governador, para um político, para um filhinho de papai ou qualquer ser humano. Por que veio assim? Uma manjedoura não é lugar para uma criança dormir! Não bastasse isso, quase foi assassinado antes de completar dois anos (não fossem sobrenaturalmente os pais avisados de que deveriam fugir!). Viveu então como refugiado, escondido, até que pudesse regressar para sua própria terra. Aos doze anos foi esquecido pelos pais numa visita ao templo (um fato não despropositado!). Depois não temos mais relatos confiáveis de sua infância, adolescência e juventude, e só o vemos reaparecer com cerca de trinta anos.
A biografia autorizada de Jesus (a Bíblia) não conta uma história mirabolantemente imaginada sobre ele, ao contrário, conta uma história real com momentos de sofrimento, dor, desilusão, abandono, abnegação, alegria, encorajamento, esperança e muito amor. Pois é, uma história não inventada do verdadeiro Deus e verdadeiro Homem que nasceu há cerca de dois mil anos atrás. As condições não foram as melhores, é certo, mas o que adveio desse nascimento foi transformador para o mundo passado, presente e futuro. Jesus é singular. Único. Sua vinda não é apenas um divisor do sistema de datação que utilizamos, mas é um divisor da forma como vemos, ouvimos e nos aproximamos do Deus Criador. Olhar para sua vida é encontrar as respostas de como deveríamos ser e do que Deus espera de cada um de nós.
Jesus é a expressão exata de como Deus é, revela quem ele é e o que é requerido de nós. Não é à toa que é dito que devemos nos amoldar a ele, ser parecido com ele, viver como ele, andar como ele, exalar o seu bom perfume. Quando isso acontece, é quando alguém nos olha a face e vê a face dele, ou quando olhamos alguém e vemos o próprio Cristo e o socorremos, e o acolhemos e lhe cuidamos as feridas. A vinda de Jesus dá um sentido diferente à frase que corriqueiramente usamos – “ele é assim mesmo”. Essa frase não deveríamos nem usar mais após conhecermos Jesus, pois ele é o paradigma de como devemos ser. Olhar para Jesus e ansiar ser como ele é, é o que deve nos motivar a viver uma vida diária cada vez melhor.
Jesus não deve ser lembrado apenas no seu nascimento ou na sua morte, mas é no caminhar, no andar junto, no fazer ou no não fazer, no alegrar-se ou no entristecer-se, é algo para a vida toda. Para muitas pessoas, Jesus só lhes faz parte da vida no Natal, e olhe lá! É quando lembram dele, mas pelo que se ouve ou vê, do que pelo que se conhece dele ou por um relacionamento firmado. Mas se é no Natal que Cristo tem a oportunidade de nascer em sua vida, que seja! Deixe acontecer. E quando isso acontecer, que ele tenha um local aconchegante, quentinho, cheio de amor, um lugar completamente diferente de dois mil anos atrás. Não o deixe dormindo na manjedoura!
Cada encontro com Cristo é, portanto, um Natal que se realiza. É uma nova vida que se inicia. É uma nova história que começa a ser escrita. É uma transformação necessária e que deveria ser desejada, pois traz consigo a esperança de encontro com o Criador e com a salvação que ele dá. Pense, então, nesta declaração: “Tu deixaste, Jesus, o teu reino de luz, e baixaste a este mundo tão vil; um presépio, em Belém, tu, Jesus, Sumo Bem, escolheste por berço infantil. Vem, Jesus, habitar comigo, em minha alma há lugar; ó, vem já! Vem Jesus, habitar comigo, em minha alma há lugar; ó, vem já! (Cantor Cristão, no 31).
Que tenhas um Feliz Natal!