A atividade lúdica é um tema presente na história da educação desde as civilizações mais remotas. Compreendem desde os grandes espetáculos e jogos olímpicos até a simples brincadeira de “jogar pedrinhas na água”. Autores e estudiosos no assunto apontam para os aspectos sociais, formativos e na maneira com que as pessoas lidaram e ainda lidam com as diferentes formas do jogo, de brincadeira e do brincar. Neste artigo vamos nos deter ao brinquedo e a brincadeira, ao brincar, em outra oportunidade vamos falar sobre jogos.
O brinquedo é um objeto que proporciona o prazer da brincadeira. Uma boneca, loucinhas, carrinho, bola, peças de montar, entre tantos outros, são apresentados à criança e a partir daí ela pode desenvolver uma brincadeira. Na verdade, a brincadeira não tem regras como num jogo, ela é livre e se desenvolve no contato com outras crianças e com o adulto. Quando a criança se envolve com os brinquedos e cria uma brincadeira, ela se permite ao imaginário, e desta forma ela vai criando uma identificação com o real, assume papeis, cria frases, diálogos com os coleguinhas ou com o adulto com quem desenvolve a brincadeira. Quem já não construiu uma cabaninha? Quem já não fez um chá das princesas? Por meio das brincadeiras se constrói o real.
Por outro lado, objetos acabam se tornando brinquedos que levam a criança à brincadeira, como uma bacia com água que pode servir para o banho das bonecas, ou um pedaço de pau que serve para indicar o limite do espaço da casinha, ou caixas vazias e potes de plástico que se tornam qualquer coisa que a imaginação puder alcançar.
Vamos listar 5 boas razões para trabalho com brinquedos e brincadeiras no ensino bíblico:
- Ajudam a criança a desenvolver a imaginação
- Proporcionam aumento da capacidade da linguagem e do diálogo
- Permitem a criatividade e a inovação com o ambiente da sala
- Promovem mais interação entre as crianças e os adultos
- Desenvolvem a afetividade
- São formativas da sua constituição como pessoa
Na temática da criação do mundo encontramos diversas opções como bichos, pessoas, coisas da natureza e uma infinidade de correlações do cuidado de Deus para com o universo e as pessoas. Certa vez na época do Natal, na sala das crianças de 3 a 6 anos, criamos um ambiente para receber o nenê Jesus. Jesus ia nascer e era preciso criar um espaço, uma casinha para ele morar e ser cuidado. Todas as crianças se envolveram em atividades de casa: lavar, limpar, guardar o carro, lavar e alimentar o bebê, cuidar das roupinhas e de todas as coisas da casa. Creio que a relação afetiva foi desenvolvida através do imaginário promovendo conhecimento e interação afetivo-social. Existe uma variedade enorme de brinquedos no mercado atualmente que podem ser adequados às atividades na formação espiritual das crianças.
Durante anos nossos periódicos trazem atividades lúdicas como parte do ensino bíblico. Para algumas faixas etárias é apresentada a proposta de Centros de Interesse. A ideia de Centros de interesse é bem antiga. O conceito de centros de interesse é originário da teoria de Ovídio Decroly, um educador belga, que dizia que a criança no início de sua vida, se interessa quase que exclusivamente por si mesma numa atitude egocêntrica que vai se ampliando na medida em que passa a conhecer, perceber e reconhecer o outro. Sendo assim, a sala de aula deveria oferecer às crianças, espaços ou cantinhos que expressassem o mundo da criança, suas necessidades e os objetos com os quais se relaciona, como por exemplo: coisas de casa, coisas da natureza, coisas dos animais e das plantas, artefatos para desenhos e pinturas, livros, quebra-cabeça, a água, a terra etc. Nesta abordagem, a criança procura o centro de interesse e lá encontrará um responsável por desenvolver conversação com as crianças buscando interlocução com o tema da aula.
A atividade lúdica presente no processo de aprendizagem está ligada diretamente a formação afetiva consolidada na construção do conhecimento. Por estar permeada pelo prazer de estar junto com alguém brincando, mesmo que esta percepção não seja sentida pela criança, ela é formativa, ou seja, faz parte de sua formação como pessoa. Estudar a ludicidade vinculada ao ensino bíblico nos faz pensar no quanto os alunos ganham em experiências na convivência com seus colegas e professores. O momento do ensino bíblico deveria ser atraente e agradável pois estamos ministrando os princípios bíblicos às crianças. Então, vamos usar brinquedos e brincadeiras!