“Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, voltando-se, lhe disse, em hebraico: Raboni (que quer dizer Mestre)!” (João 20:16)
Há quase vinte e cinco anos tenho desenvolvido oficialmente o papel de professor. Do início até agora muita coisa mudou, principalmente em mim. Continua sendo um desafio, mas nestes últimos tempos parece maior! O “prestígio” que um professor tinha, muito antes de eu começar, já havia diminuído e agora já não há quase nenhum. O professor é muitas vezes massacrado pelo patrão (governo ou não), pelos alunos, pelos familiares dos alunos e pela própria sociedade. De modo que temos visto, com preocupação, que menos pessoas têm se interessado em seguir essa “carreira”. É um assunto que precisa ser refletido e buscado soluções. Apesar disso, o que qualifica, ou o que define um bom professor?
Fazer essa qualificação ou definição não é algo muito trivial. E quando pensamos nisso, passa em nossa mente os exemplos que podemos citar, por experiência própria ou de outrem. Bom, neste sentido, vemos, de acordo com o texto bíblico, Jesus sendo identificado por Maria Madalena como “o professor” (Mestre). Tem professores que marcam nossa história, pois quando há na nossa linha da história a passagem deles, mudanças acontecem. Assim foi com Maria Madalena. Um encontro com o Mestre (professor) trouxe uma profunda mudança em sua vida que permaneceu até o final. Acho que esta é uma boa qualificação para um professor, ele nos “marca” até o final. Neste aspecto, quero me referir aqui ao que se marca de bom.
Jesus era conhecido como Mestre (professor) pela forma como ensinava. Seu ensino não era despropositado, sem fundamento, mas Ele irritava a liderança da época, porque seu ensino trazia em si as mudanças necessárias para uma vida melhor. Esse foi o caso de Maria Madalena. Eu acho que essa é também uma boa qualidade de um professor, o ensino que dá, a forma como o faz, o compromisso com o que ensina e as mudanças que espera proporcionar. Outra qualidade é que Jesus não escolhia quem ensinar, não havia os preferidos, ensinava a todos, embora houvessem os escolhidos. Mas estes, o foram não porque eram melhores que qualquer outro, mas porque a agenda do Mestre estava comprometida com a vontade do Pai. Assim, escolher a quem ensinar em detrimento de outros, não parece ser uma boa qualificação, mas estar aberto a ensinar a todos quantos procuram, sim!
Não dá para expressar todas as qualificações aqui, mas na pessoa de Jesus é possível encontrar todas elas. Ele não só era comprometido com o ensino que dava, mas estava preocupado com quem o recebia. Estava preocupado com a forma (usou de várias maneiras para transmitir seu ensino), estava preocupado com o conteúdo do ensino, estava preocupado com as mudanças que causaria, estava preocupado com uma agenda verdadeira que traria modificações profundas em quem se aproximasse e se dispusesse a ouvir.
Ser professor, passa por estas e mais outras qualificações. E uma coisa simples, mas que faz uma grande diferença para o professor e o aluno, é quando o professor chama o aluno pelo nome. Maria Madalena teve o privilégio de ser a primeira pessoa a ver o Cristo ressurreto, mas só desanuviou os olhos para reconhecer quem estava falando com ela, quando foi chamada pelo nome (Miryam). Ser chamado pelo nome faz uma grande diferença e quando isso acontece na relação professor-aluno, passa-se a recordar de quem foi o Mestre, os olhos são abertos e os momentos bons convividos são restaurados e os maus também, mas para serem perdoados. É uma via de mão dupla. Você já ouviu a voz do seu Mestre e relembrou quem você é? O Mestre lhe chama pelo nome. Valorize seu professor, lembre dele com carinho!