No 4º domingo de abril comemora-se o Dia da Escola Bíblica Dominical (EBD). De modo que pretendo abordar como temática: sala de aula como espaço de aprendizagem da Bíblia. Nosso objetivo é compreender a relevância da sala de aula na edificação da igreja e no aperfeiçoamento dos santos. Neste ensaio pretendo descrever a sala de aula como um espaço circunscrito e instituído na organização interna do Ministério de Educação Cristã de uma igreja. Ou seja, um lócus privilegiado para o processo ensino aprendizagem da Bíblia. A sala de aula como espaço de aprendizagem da Bíblia é um espaço para interpretação do texto bíblico por parte dos sujeitos do processo ensino aprendizagem.
Em uma análise interna diria que a sala de aula com espaço de aprendizagem da Bíblia na igreja local caracteriza-se pelos seus pontos fracos e/ou fraquezas bem como seus pontos fortes e/ou forças. Começo essa análise descritiva tecendo algumas características da infraestrutura física e pedagógica, digital bem como o material de apoio disponível pela igreja para o exercício do ministério de ensino tanto por parte da coordenação e pelos professores. Diria que um bom investimento que a igreja local faz implica na elaboração de um provisionamento mensal e/ou anual visando aquisição de recursos necessários bem como benfeitorias sempre que necessárias para o êxito da prática educativa dos professores. Neste momento a igreja local prevê e provê por meio do planejamento estratégico, condições mínimas para assistir à membresia da igreja no estudo da Bíblia.
Entre os recursos didáticos pedagógicos, digitais e do material de apoio disponíveis, a liderança cristã terá a oportunidade de desenvolver inúmeras iniciativas e tomadas de decisões importantes relacionadas à adoção de uma revista, neste caso, a Convenção Batista Brasileira (CBB) através da Editora Convicção tem colocado à disposição da igreja local uma publicação trimestral, currículo cíclico; em alguns casos, algumas Convenções Estaduais tem disponibilizado a publicação de revistas periódicas para o seu público alvo, no afã de oferecer material de qualidade. Algumas igrejas locais também têm publicado suas próprias revistas. A revista é um dos recursos pedagógicos que pode ser físico ou digital, utilizado pelos professores e alunos na sala de aula. Considera-se que há casos de igrejas que adotam livros ou séries de livros bem como revistas de outras editoras evangélicas.
Diante deste cenário entendo que, qualquer que seja os recursos didáticos pedagógicos, digitais e material de apoio adotado pela igreja local, deve-se ter um alinhamento com o Projeto Educacional Cristão (PEC) como referência, em conexão com a arquitetura curricular, ou seja, uma matriz curricular em que a coordenação do ministério de Educação Cristã possa selecionar e organizar o material necessário visando a filosofia ministerial e pastoral da própria igreja. Reconheço que a igreja local ao adotar qualquer que seja o recurso didático pedagógico, digital e material de apoio, caberá à liderança pautar-se pela construção de uma identidade bíblico doutrinária e eclesiástica saudável. Estamos construindo uma cultura organizacional, um documento de identidade visando a saúde da própria igreja.
Voltando à temática da sala de aula como espaço de aprendizagem da Bíblia, a membresia dispõe ainda de uma diversidade de opções, isto é, dependendo do tamanho da igreja os membros podem escolher em qual classe participar ativamente. Os membros são distribuídos por faixa etária (prática mais usual entre as igrejas batistas), por gênero (salas de mulheres e de homens), para alunos especiais, visando acompanhar o desenvolvimento espiritual integral de pessoas com Deficiência Auditiva (DA), Deficiência Visual (DV), Transtorno de Espectro Autista (TEA) entre outros, destaca-se também a classe de jovens casais, pessoas que tem proficiência em língua inglesa e a sala de aula única, onde os alunos se reúnem frequentemente no templo da igreja, sem distinção de idade, gênero ou deficiência.
Sala de aula como espaço de aprendizagem da Bíblia são normalmente equipadas com recursos didático pedagógico e digitais como: quadro branco, Datashow, televisão, notebook, acesso à internet de alta velocidade, lousa digital e ar-condicionado entre outros. Lembro-me de utilizar em sala de aula recursos como: retroprojetor de slides, mapas, flanelógrafo, flip Chart, álbum seriado, cartaz etc., mas ainda encontramos espaços de salas de aula em nossas igrejas, adaptados, improvisados, com sérios problemas de infraestrutura física e pedagógica, com infiltrações, paredes rachadas e com mofo causado por fungos que se prolifera em ambientes úmidos. Ou seja, um ponto fraco da igreja local que pode afastar os membros ou até mesmo os visitantes de frequentar a EBD. Há igrejas que a sala de aula como espaço de aprendizagem da Bíblia oferece aos alunos acomodações em bancos (principalmente quando os alunos se reúnem no templo), ou maior comodidade em carteiras, cadeiras e mesa(s) para o professor, iluminação uniforme, ventilação e em algumas igrejas o professor e alunos têm à disposição um quadro de avisos. Percebe-se que o espaço da sala de aula tem que ser pensado cuidadosamente, dependendo do número de alunos e do espaço necessário para cada um a fim de alcançar seus objetivos.
Quanto ao horário, na maioria das nossas igrejas, a EBD acontece no domingo pela manhã e, em alguns casos específicos, no final da tarde de domingo. Quanto ao tempo da aula varia entre 45 à 60 minutos, das 09:00h às 10:00h. Nas manhãs de domingo algumas igrejas realizam o culto matinal juntamente com a EBD, outras fazem opção por um outro modelo. Diria que, para o professor e os alunos, trata-se de um tempo insuficiente para se “esgotar” ou desenvolver o tema da lição. Há igrejas que hoje disponibilizam uma sala de aula virtual, ou seja, Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) por meio de plataformas, aplicativos educacionais na modalidade online e off-line. Neste caso, sala de aula como espaço físico de aprendizagem da Bíblia é um dos lugares, ou seja, aprende-se a qualquer hora e lugar. Durante o ano a igreja disponibiliza no mínimo cinquenta e dois domingos para o processo ensino aprendizagem da membresia. É lamentável constatar que algumas igrejas batistas deixam de oferecer a EBD. É preciso “redescobrir as alegrias das manhãs de domingo”.
Desconheço igrejas que façam algum tipo de controle de frequência dos alunos na EBD. Algumas promovem apresentação das classes com recitação de versículos bíblicos, música e levantamento de oferta missionária. Ou seja, o aprendizado bíblico não está restrito ao espaço da sala de aula. Considera-se que a EBD tem sido oferecida na modalidade presencial (online) ao vivo e em tempo real na modalidade de comunicação síncrona, ou através dos AVA na modalidade de comunicação assíncrona (off-line) com aulas gravadas.
Diante desta realidade nos deparamos ainda com o paradigma educacional centrado no professor à frente da sala de aula que se contrapõe ao paradigma de aprendizagem fundamentado nas Metodologias Ativas (MA) neste caso, na modalidade da Sala de Aula Invertida (SAI), resolução de problemas, estudo de caso, debates e perguntas e respostas. No paradigma centrado no professor, a tendência predominante consiste no desenho tradicional de sala de aula no qual os alunos ficam enfileirados uns atrás dos outros com um professor em frente da sala de aula. Considero que a sala de aula como espaço de aprendizagem da Bíblia será mais tecnológica, participativa e interativa e o paradigma predominante será centrado na aprendizagem e no protagonismo dos alunos. É necessário se preparar para a sala de aula do futuro!
Espero com essa breve reflexão sobre a temática da sala de aula como espaço de aprendizagem da Bíblia na EBD possa ter contribuído para o desenvolvimento no ensino e aprendizado da Bíblia de todos, direta ou indiretamente estão envolvidos com o ministério de ensino na igreja local. Nosso objetivo não era esgotar o assunto, mas fazer algumas provocações. Nossa expectativa pretendo abordar no próximo ensaio o seguinte tema: Lições da aula na escola bíblica. Mediação do professor e o protagonismo dos alunos, inclui elaboração do Plano de Ensino. Enquanto isso, reafirmar a dialética entre reflexão, ação e reflexão na medida que invistam na compreensão do sentido e significado da sala de aula como espaço de aprendizagem da Bíblia.