O educador cristão pode assumir diferentes funções no exercício do ministério educacional numa igreja. Ele pode atuar no ensino, na produção de materiais e currículo, em organização, coordenação, apoio e outras frentes de atuação. Neste artigo queremos conversar sobre uma importante função para qual ele precisa estar preparado, que é a gestão educacional. Isso porque a educação cristã envolve um contingente imenso de informações e atividades que precisam ser gerenciadas. Depender de Deus e descobrir a melhor forma de organizar os processos educacionais numa igreja é o caminho para assegurar a excelência do ensino ofertado e a qualidade dos resultados.
A gestão educacional na igreja é o processo contínuo de promover a organização, mobilização e execução das ações necessárias para manter e aprimorar a Educação Cristã dos seus membros e da comunidade em que ela está inserida. O seu objetivo é aplicar princípios e estratégias essenciais para promover a eficácia dos processos e uma consistente melhoria da formação cristã oferecida.
Como todo processo gerencial, a educação cristã numa igreja precisa ser debatida e construída por uma equipe capacitada para este fim. Quanto mais participativa for a gestão, ou seja, quanto mais pessoas, famílias, professores, coordenadores, secretários estiverem envolvidos, maior será a abrangência e envolvimento na missão de ensinar. Se a igreja não possui membros com conhecimento específico na área educacional, cabe ao gestor formar sua equipe e instrumentalizá-la para este fim. Ele deve ser a mola propulsora de todo o processo educacional.
O educador cristão gestor, deve ser capaz de articular simultaneamente pelo menos seis grandes áreas, que podemos considerar os “pilares da gestão”. Será necessário assegurar o bom funcionamento de cada uma delas, assim como o artista que organiza e gira pratos e cuida para que todos os pratos permaneçam em atividade durante todo o tempo. Cada uma dessas áreas possui importância singular para a prática educativa na igreja. Vamos conhecê-las:
- Gestão pedagógica
A gestão pedagógica lida diretamente com o planejamento do processo de ensino e aprendizagem (aulas, matriz curricular, métodos, planos de ensino, avaliação, capacitação, literatura etc.). Aqui são estabelecidas as metas que têm como foco melhorar e ampliar as práticas educacionais. A principal ferramenta da gestão pedagógica é o Projeto Educacional Cristão (PEC). Vamos falar mais dele nos próximos artigos, fique atento!
- Gestão administrativa
Neste pilar é preciso estabelecer processos para garantir o bom funcionamento da educação cristã no dia a dia (recursos físicos, materiais e financeiros, tecnologia, matrículas, controles de presenças, secretaria entre outros). A função do gestor nesse caso é delegar tarefas adequadamente, organizar os procedimentos burocráticos, cuidar das finanças e de como os recursos serão utilizados para que tudo se desenvolva em harmonia.
- Gestão de pessoas
Este pilar é fundamental para uma organização educacional. Para que os objetivos sejam alcançados, é necessário contar com uma equipe motivada, competente e alinhada, saber delegar tarefas, mediar conflitos e buscar soluções. O grande objetivo, então, é criar um ambiente agradável, motivador e que favoreça a produtividade. No caso da maioria das Igrejas, onde grande parte do trabalho é realizado por servos, motivação e capacitação são palavras-chave. Educação não é feita apenas de ideias e propostas, mas é um produto do trabalho de várias pessoas que estão envolvidas na rotina do ministério, cada uma com sua função. Por isso, a gestão de pessoas é uma peça fundamental para o sucesso do programa.
- Gestão da comunicação
Neste pilar são estabelecidos e mantidos canais de comunicação com os partícipes da educação (educadores e educandos), suas famílias e a comunidade. O grande objetivo é aumentar o engajamento de todos. Devem ser disponibilizados meios para que educandos, professores, famílias, colaboradores e comunidade apresentem suas demandas e, também, criar formas para que a igreja se comunique com essas pessoas quando necessário.
Hoje temos muitos canais acessíveis, mesmo assim, muitas vezes a comunicação é negligenciada. O educador deve dar atenção a gestão da comunicação por meio de um detalhado planejamento, criando maneiras eficientes de entrar em contato com seus educandos e com toda a comunidade.
- Gestão de tempo e processos
Neste pilar da gestão, são organizadas as tarefas ao longo do tempo e os processos educacionais, ou seja, tudo que está relacionado com as rotinas no ambiente educacional da igreja. Busca garantir que todos os colaboradores realizem suas tarefas no tempo adequado, cumprindo prazos e colaborando para o bom andamento dos processos.
Para que tudo funcione bem, é preciso eficiência. Cabe ao gestor observar se há alguma equipe ou setor que “prende” tarefas e atrapalha a coletividade. Em casos assim, é preciso estimular a produtividade, oferecendo ferramentas que facilitem suas tarefas. Além disso, é preciso estabelecer e motivar o cumprimento de prazos, para que qualquer atividade seja executada no tempo esperado.
- Gestão de projetos e da inovação
Este é mais um pilar da gestão educacional e o que considero mais desafiador. Está relacionado com a implantação de ações cujos resultados são singulares, diferentes de tudo que foi feito anteriormente. Esta gestão dá um caráter único ao ministério educacional de uma igreja, uma vez que parte de suas próprias necessidades e o impulsiona de maneira inovadora. Uma das principais ferramentas para a gestão de projetos e da inovação é o Planejamento Estratégico Educacional (PEE).
Atualmente, o PEE tem sido bastante utilizado por gestores na área da educação como uma forma de maximizar os resultados. Ele é um instrumento de extrema importância para a educação cristã, uma vez que ajuda a traçar um rumo a ser seguido, com objetivos claros e específicos a serem alcançados dentro de um determinado tempo estabelecido. Deve-se levar em consideração os pontos fortes do ministério educacional da igreja, bem como as ameaças, dificuldades, oportunidades etc. O PEE deve ser fruto de uma construção coletiva, não se deve usar modelos prontos ou mesmo encomendar o trabalho a consultores externos (eles podem orientar o processo, mas nunca realizar o trabalho completo). Depois de pronto, ele deve ser partilhado, divulgado e constantemente revisitado e alinhado a partir das avaliações.
O EDUCADOR CRISTÃO GESTOR
Conseguir equilibrar pelo menos estes seis pilares é um grande desafio. O gestor sempre será muito bom em um ou mais pilares, moderado em outros e insuficiente em pelo menos um deles. Pode ser muito experiente em questões educacionais, ao mesmo tempo em que é totalmente inexperiente com questões administrativas ou outras. O desafio para o educador cristão gestor é encontrar parceiros com habilidades para cada um destes pilares e conduzir um primoroso trabalho em equipe. Ele deve ser capaz de articular todos os aspectos da gestão, mesmo que não seja a sua especialidade, bem como, estar atento às tendências educacionais, às novas tecnologias, a sinais e padrões que aparecem na comunidade.
Ser educador cristão gestor não é uma tarefa simples. Para realizá-la, não basta apenas boa vontade ou ter um diploma. Nem mesmo uma vasta experiência em sala de aula é garantia para ser um bom gestor. Na verdade, as chances de sucesso na gestão educacional cristã aumentam consideravelmente quando se busca qualificação específica nesta área. Depender de Deus, buscar qualificação e trabalhar em equipe é o resumo do trabalho do educador cristão gestor. Vamos lá?
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[…] da igreja e, com isso, investir na excelência de seus programas e atividades. Como já vimos no artigo do dia 14 de junho, há pelo menos seis pilares importantes que podem garantir melhores experiências de aprendizagem […]