Quando se reflete sobre o “perfil de um mestre”, ou ao ouvir a palavra “mestre”, a tendência é se remeter a alguém que conheceu ou então que conhece e que seja seu modelo de professor. Segundo pesquisadores, dentre as características necessárias para a construção do perfil de um mestre estão o conhecimento sobre o que ensinar e sobre metodologias de ensino, possuir boa oratória, ter compromisso com a aprendizagem, saber trabalhar em equipe. Einstein (1981), explicitando sobre educação, argumenta que, na relação que se estabelece em sala de aula, o mestre deve:
“Aprender a compreender as motivações dos homens, suas quimeras e suas angústias para determinar com exatidão seu lugar exato em relação a seus próximos e à comunidade. […] é preciso, enfim, tendo em vista a realização de uma educação perfeita, desenvolver o espírito crítico na inteligência do jovem […]. O ensino deveria ser assim: quem o receba, o recolha como um dom inestimável, mas nunca como uma obrigação penosa (EINSTEIN, 1981, p. 29).
Portanto, ao tentar estabelecer o perfil de um mestre, pode-se prefigurar aquele que ficou consagrado como o Mestre dos mestres, o nome mais conhecido no mundo ocidental: “Jesus Cristo”. O mestre por excelência, inevitavelmente, foi um mestre sem igual, devido a uma história de vida, caráter e personalidade tão marcantes que até a contagem dos anos passou a ser feita em função do ano do seu nascimento.
Qual era a filosofia de Jesus Cristo para que fosse buscado, seguido e até reverenciado nos dias de hoje? Que pedagogia foi utilizada por Ele para alcançar tantos discípulos e seguidores? Os seus discípulos eram homens comuns, sem nenhum talento ou aptidão que os fizessem se destacar na sociedade. Pelo contrário, tinham defeitos e não eram poucos. E, no entanto, os seus ensinamentos fizeram com que aquele pequeno grupo de homens despreparados, propagassem sua mensagem de maneira tão eficiente e eficaz que chegasse aos dias de hoje.
Seu estilo de vida, sua maneira de falar, seus gestos, seus ensinamentos, enfim, todo o seu ser, ao longo do tempo de sua vida pública se dedicou à tarefa de ensinar, educar, formar e capacitar seus discípulos para continuar os seus ensinamentos. Seus discípulos estiveram com ele dia e noite por três anos. Escutavam seus sermões e memorizavam seus ensinamentos. Viram-no viver a vida que ele ensinava.
Percebe-se que o método da pessoa de Jesus era tão moderno, eficaz e surpreendente para sua época, que pode ser estabelecido um paralelo entre a sua metodologia e os pilares do processo de aprendizagem descritos no Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI. São:
“Aprender a conhecer: Aprender a conhecer, combinando uma cultura geral, suficientemente ampla, com a possibilidade de estudar, em profundidade, um número reduzido de assuntos, ou seja: aprender a aprender, para beneficiar-se das oportunidades oferecidas pela educação ao longo da vida”. “Aprender a fazer, a fim de adquirir não só uma qualificação profissional, mas, de uma maneira mais abrangente, a competência que torna a pessoa apta a enfrentar numerosas situações e a trabalhar em equipe. Além disso, aprender a fazer no âmbito das diversas experiências sociais ou de trabalho”. E “Aprender a conviver, desenvolvendo a compreensão do outro e a percepção das interdependências – realizar projetos comuns e preparar-se para gerenciar conflitos – no respeito pelos valores do pluralismo, da compreensão mútua e da paz”. “Aprender a ser, para desenvolver, o melhor possível, a personalidade e estar em condições de agir com uma capacidade cada vez maior de autonomia, discernimento e responsabilidade pessoal. Com essa finalidade, a educação deve levar em consideração todas as potencialidades de cada indivíduo: memória, raciocínio, sentido estético, capacidades físicas, aptidão para comunicar-se” (DELORS, 2010, p. 31).
O Mestre Jesus tinha um objetivo eminente e iminente, que era a salvação da humanidade a partir da instauração do Reino de Deus na vida das pessoas.
Referências Bibliográficas
BÍBLIA. Nova Versão Internacional (NVI). São Paulo. Editora Vida, 2007.
DELORS, J. Educação um tesouro a se descobrir. Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. Brasília: UNESCO, Faber-Castell, 2010. Disponível em: Acesso em 11/outubro/2021.
EINSTEIN, A. Como vejo o mundo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981.
GEORGE, S. K. Igreja Ensinadora: fundamentos bíblico-teológicos e pedagógicos da Educação Cristã. 2ª ed. Campinas: Luz para o Caminho, 1993.
Phillips, K. W. A formação de um discípulo. 2ª ed. São Paulo: Editora Vida, 2000.