Li um artigo de Manoel Oriosvaldo de Moura, professor de matemática, que escreve sobre “transformar, transformando-se”. O que vem a ser isso? Manoel alerta para atividade de ensinar como principal objeto da profissão de professor. Nesse sentido, organizar e aprimorar cada vez mais o seu ensino, a fim de dominar o objeto de sua profissão, torna-se uma meta.
O professor tem como finalidade ensinar algo a alguém, e tal conclusão tem origem na própria definição de ‘ensinar’ como um verbo transitivo, direto e indireto: ensinar algo a alguém. Ensina que, ao ensinar, ‘eu’ me transformo. Diz assim, Manoel: “ser professor é organizar situações cujos resultados são as modificações do sujeito a quem intencionalmente visamos modificar”. Tal modificação ocorre pela interação entre sujeitos em que, numa sociedade de múltiplas interações, partilha conhecimentos que mudam as ações dos aprendizes bem como, permite modificações em nossos “esquemas cognitivos”.
É curioso que tal afirmativa venha de um professor de matemática, e poderia acrescentar que em minha perspectiva, Manoel deve ser um bom professor de matemática. Tal modo de agir, como professor, de desejar que seus esquemas cognitivos sejam modificados a cada ato de ensinar, faz com que eu o perceba como um bom profissional, sempre aberto para novas visões da sua disciplina.
Como educadora cristã, me vejo desafiada a comportamento semelhante. Remete meu pensamento também às ações dos professores de ensino bíblico. Se a ação de ensinar é transformar vidas pelo ensino de princípios bíblicos, como não me transformar nesta ação de ensinar?
O professor de ensino bíblico depara-se com um aprendiz que expressa desejo de aprender; senão, não estaria num grupo de ensino bíblico. Estar aberto às novas aprendizagens enquanto professor é, não só um privilégio, mas um dever. Que privilégio permitir que num mundo de muitas e intensas interações haja modificações não somente em “esquemas cognitivos” como “aprendentes” e como “ensinantes”, mas tendo como referência o trecho de Romanos 12.1-2, possamos dizer com tranquilidade que estamos sendo “renovados pela mente de Cristo”, ajudando aos outros a que alcancem também essa renovação.