Muitos são os caminhos que o ser humano tem a liberdade de escolher. Em alguns casos, os caminhos escolhidos são para atender seus desejos mais íntimos, como a busca pela riqueza, pelo poder, satisfação do ego, luxuria, soberba, entre outros. Esses rótulos que sustentam o status do indivíduo dentro de um grupo social normalmente definem o que é prioridade na vida de cada pessoa.
A Bíblia também nos apresenta diversas ocasiões em que o ser humano sozinho e através de suas convicções, busca preencher o vazio de sua alma, mas em sua limitação, ele não é incapaz de preencher, e a vida passa a ser sustentada por coisas e sentimentos frágeis e voláteis.
O contexto narrado pelo evangelista Lucas apresenta Zaqueu, um publicano cobrador de impostos. O nome Zaqueu é derivado do verbo hebraico Zakak, que significa ser brilhante, puro, limpo e inocente. Uma ironia do destino para esse publicano, que exercia uma atividade que de puro não tinha nada. Zaqueu era uma pessoa influente em sua cidade, muito rico, exercia a atividade de cobrador de impostos autorizado por Roma, usava a máquina estatal para enriquecimento próprio e desfrutava do bom e do melhor enquanto explorava o povo. Apesar de toda essa pompa, ele, como os demais cobradores de impostos da época, era desprezado pela população e pelos líderes religiosos de sua época, que o consideravam impuro e possivelmente não teria direito à salvação.
Ao compararmos a história do jovem rico e Zaqueu, percebemos algumas semelhanças e várias diferenças entre eles, e uma delas é que um queria muito, mas não conseguiu, enquanto o outro parecia não querer nada, mas conseguiu tudo. Ah, os encontros com Deus!
Curiosamente, Zaqueu despertou seu interesse em ver Jesus possivelmente por ter tomado conhecimento a respeito da transformação pela qual passou Levi (Mateus), outro cobrador de impostos. Mas essa curiosidade era só o começo para uma nova vida: a transformação.
O primeiro passo de Zaqueu foi a sua ousadia ao subir em uma árvore para ver Jesus. Imaginem uma pessoa que ocupava uma alta posição em seu grupo social pendurado em uma árvore… Aos olhos humanos, pode ter parecido ridículo. O segundo passo, foi perder a sua dignidade, que era sustentada em poder, vaidade e riqueza. Zaqueu ao se embrenhar no meio da multidão foi humilhado, cuspido e rejeitado. Todos o odiavam.
E por falar em transformação
A ousadia de Zaqueu, chamou a atenção de Jesus, o qual não vê altura, nem o que faz, nem quem é, mas vê o coração. Em 1Sm 16.7 o profeta relata que: “[…] porque o SENHOR não vê como o homem vê, pois o homem olha para a aparência, mas o SENHOR, para o coração.”
A partir dessa perspectiva, Jesus dá a Zaqueu a grande oportunidade, tal como fizera com o jovem rico e com Bartimeu.
O processo de transformação de Zaqueu, tem início quando se arrepende de seus atos e diz a Jesus: “[…] Se nalguma coisa tenho defraudado alguém, restituo quatro vezes.” Ao assumir esse compromisso com Jesus, Zaqueu reconheceu que era um ladrão público. Porque a restituição de quatro vezes, segundo o direito romano, ocorria em caso de roubo manifesto e público, ou seja, Zaqueu reconheceu que tudo o que conseguiu financeiramente foi de forma fraudulenta.
O propósito do evangelho é a transformação da mente e do coração, a regeneração do ser humano e sua salvação. Zaqueu abriu a sua casa para receber Jesus e abriu seu coração para receber algo que só Jesus tinha para oferecer: perdão.
Esse é o convite que o evangelho deixa para os ricos e para todos aqueles que desejam ter suas vidas transformadas. Zaqueu não estava mais preocupado com riquezas, mas sim em praticar justiça e ser imitador de Cristo, para que através da fé, a justiça de Deus fosse conhecida por todos.
Zaqueu foi salvo não por distribuir a suas riquezas, mas porque confiou e creu em Jesus. Zaqueu foi salvo porque confiou e creu na graça transformadora de Deus.
E você? Já experimentou essa transformação que o evangelho proporciona?
Que essas mudanças deixem você cada vez mais semelhante a Cristo Jesus.
REFERÊNCIAS
BÍBLIA DE ESTUDO DA REFORMA, traduzida por João Ferreira de Almeida. Sociedade Bíblica do Brasil, 2017, 2304 p.
HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento: exposição do evangelho de Lucas. Tradução Valter Graciano Martins. São Paulo, Cultura Cristã, 2014.