A caminhada do líder cristão, em uma sociedade secularizada é desafiante em manter-se firme com seu compromisso de fé e da proclamação do evangelho. Dessa forma faz-se necessário destacar de forma breve, a perspectiva cosmovisional que abarca a sociedade hodierna.
E por falar em liderança e perspectiva cosmovisional
O distanciamento dos pilares de uma cosmovisão cristã pelo líder, impacta a comunidade eclesiástica de forma radical em dois sentidos: com a progressiva perda da objetividade, ou com a perda de realidade de definições cristocêntricas, de modo que a religião cristã se torna cada vez mais uma questão de livre escolha subjetiva, isto é, perde seu caráter obrigatório intersubjetivo. Por assim dizer, as afirmações religiosas tradicionais podem ser vistas como “símbolos”; o que elas supostamente “simbolizam”, normalmente vem a ser as realidades que se presumem existir nas “profundezas” da consciência humana.
Para Berger (1985, p. 80), as situações pluralistas têm como pano de fundo histórico os monopólios religiosos que perderam a sua plausibilidade diante da sociedade, a qual era submissa aos seus dogmas impositivos. Sendo assim, a tradição religiosa que impunha a sua autoridade ao grupo social, hoje em dia precisa ser “colocada no mercado” e ser “vendida” para uma clientela que não é mais obrigada a comprar.
A comunidade eclesiástica, dependendo de como seja conduzida pelo seu líder, pode seguir o caminho de acomodar-se no pluralismo da livre empresa religiosa e resolver a plausibilidade, modificando o produto de acordo com a demanda do consumidor, ou até mesmo esconder-se atrás de estruturas sociorreligiosas, professando velhos objetivos. Assim, pavimentam a estrada para uma crise teológica e uma crise na igreja.
A fase inicial do século XX, trouxe através dos modernistas a desmitologização da Bíblia, que através de suas perspectivas secularistas buscavam influenciar as estruturas denominacionais e os seminários direcionados à formação teológica, com o propósito de tornar o Cristianismo agradável aos conceitos emergentes do novo século, a fim de orientar, por intermédio de suas lentes interpretativas, os cristãos sobre os métodos científicos e a secularização, visando descredenciar a crença em milagres e na revelação divina de um Deus invisível.
Com essa perspectiva, esse movimento provoca a condução da igreja cristã a deixar de preocupar-se com a salvação espiritual, para preocupar-se com os problemas concretos da sociedade. Percebe-se, então, que o principal pilar da Igreja, a centralidade em Cristo, é substituído por métodos e pressupostos científicos seculares, ou seja, sai a preocupação com a salvação e entra a preocupação em ajudar o indivíduo com a autorrealização. Assim como a secularização, para o fenômeno hipermoderno não existe a verdade absoluta, os valores morais são valores relativos, e dessa forma a compreensão que se tem é de que as verdades não são mais absolutas e o que assume o seu lugar é a vontade do ser humano sustentada por critérios racionais.
Assim, Veith Jr (1999, p.198) descreve que o cristão, seja ele um líder ou não, precisa estar voltado para a palavra revelada de Deus, a qual é a única fonte a orientá-lo, e deve refutar toda e qualquer teologia vazia de cristocentricidade, ou seja, o grito da reforma protestante de Sola Scriptura, Sola Gracia, Solo Cristus e Sola Fide foi uma convocação para a volta à Bíblia Sagrada como a única regra de fé e prática (ROMEIRO, 1995, p. 23).
Palavras-chave: contexto secularizado; liderança cristã; cosmovisão cristã.
Referências
BERGER, Peter Ludwig. O dossel sagrado: elementos para uma teoria da sociologia da religião. Tradução José Carlos Barcelos: São Paulo, Paulus, 1985.
ROMEIRO, Paulo. Evangélicos em crise: decadência doutrinária na igreja brasileira: São Paulo, Mundo Cristão, 1995.
VEITH, Grene Edward,Jr. Tempos Pós-modernos: uma avaliação cristã do pensamento e da cultura da nossa época. Tradução Hope Gordon Silva: São Paulo, Cultura Cristã, 1999.