O contexto secularizado, em que a comunidade eclesiástica se encontra na atualidade, é um ambiente no qual os valores do Reino estão sendo sucumbidos para dar espaço a prioridades particulares. A comunidade eclesiástica vem então sendo conduzida para se conformar com o presente século e seu isolamento institucional, propondo um novo caminho para a liderança cristã – o esvaziamento da cristocentricidade.
O caminho da liderança e seus desafios
Todo esse movimento de esvaziamento da cristocentricidade contribui para que a liderança cristã opte por seguir um caminho divergente dos pilares basilares da cosmovisão cristã bíblica, com isso conduzem suas comunidades eclesiásticas para um contexto em atender às necessidades particularizadas, numa linguagem simples significa atender ao gosto do “freguês”, limitando-se a uma pregação líquida e esvaziada da verdade bíblica (as pessoas não querem ouvir sobre inferno e nem pecado). O resultado disso, é um Cristianismo pregado como atividade meio e não atividade fim, pois o que importa é a quantidade de pessoas no rol de membros da Igreja e não um ensino pautado em uma cosmovisão cristã bíblica. Assim, de forma provocativa, produzem momentos, nos quais as pessoas são instigadas a decidir por Cristo por sua vontade e não pelo mover do Espírito.
O líder precisa ter sempre em mente o que a Bíblia ensina, que o obreiro precisa apresentar-se a Deus aprovado, o que requer um esforço constante e perseverante, o obreiro deve manusear corretamente a palavra da verdade e não ter do que se envergonhar (2Tm 2.15), e apresentar a cada pessoa o que é o ser humano diante de Deus e a proposta de Deus sob a lente bíblica de salvação.
Para Baxter, o líder cristão precisa saber com clareza a distinção entre certezas e incertezas, entre questões fundamentais e explicações que não passam de teorias especulativas. Ainda, para ele, a lente do líder cristão precisa distinguir claramente entre os fundamentos da fé e as questões dos pressupostos secularistas e, assim, esse líder poderá proporcionar paz na sua igreja ao invés de divisão e afastamento da membresia.
Assim, para firmar-se diante das adversidades do contexto de uma sociedade secularizada, de onde a todo momento emergem conceitos e pressupostos, o líder cristão precisa de um sólido conhecimento teológico bíblico e cristocêntrico. “A obra ministerial deve ser realizada exclusivamente para Deus e pela salvação do seu povo. Jamais poderá ser realizada visando algum lucro particular” (BAXTER, 2013, p. 41).
Dessa forma, mesmo em um contexto em que a lente secularista aponta para uma sociedade fragmentada, racionalizada e muitas vezes conduz o indivíduo ao individualismo, o líder em sua comunidade eclesiástica precisa manter a cosmovisão cristã bíblica e propagar a nova geração que o evangelho tem como um dos propósitos a vida em comunidade, a qual é alvo da lealdade de Deus.
Referências
BAXTER, Richard. O pastor aprovado: modelo de ministério e crescimento pessoal. Tradução Odayr Olivetti: São Paulo, Publicações Evangélicas Selecionadas-PES, 2013.
BÍBLIA, Português, Bíblia de Estudo NVI, organizador geral Kenneth Barker; coorganizadores Donald Burdick… [et al.]: São Paulo: Editora Vida, 2003.
FARINELLI, Donato. A cosmovisão cristã: um estudo aplicado ao contexto eclesiástico sob a ótica de I Coríntios, Curitiba, CRV, 2023.