“Pois nosso motivo de orgulho é este: o testemunho da nossa consciência de que temos vivido no mundo, principalmente em relação a vós, em santidade e sinceridade que vêm de Deus, não em sabedoria carnal, mas na graça de Deus” 2Co 1.12
Há um provérbio latino que você deve ter ouvido que diz que “a consciência tranquila é o melhor travesseiro”. Em termos morais, para se ter uma consciência tranquila você precisa ter atingido um patamar de acordo com um padrão estabelecido. Caso isso não aconteça, você vai gastar umas boas noites de sono. A não ser que você burle o padrão ou a consciência, o que nunca é uma boa! A consciência é uma capacidade inata, própria de cada um. E ela não é o padrão absoluto da verdade, nem mesmo a voz de Deus dentro de você! Pela consciência aprovamos ou reprovamos algo de acordo com nossos padrões, o que não necessariamente será o mesmo para uma outra pessoa ou mesmo para Deus.
Mas ter uma consciência tranquila é necessário para a vida. Parece ser disso que Paulo está falando. Ele a tinha diante dos irmãos que estavam em Corinto, pois havia alcançado o padrão para isso. O padrão que estava em Deus e era demonstrado na santidade e sinceridade para com os irmãos. Não era algo abstrato, que não pudesse ser medido, antes era medido na própria relação afetiva estabelecida e que não lhe permitia agir de maneira duvidosa, aproveitadora, leviana e muito menos assediosa para com eles. Quando estabelecemos Deus como o nosso padrão, a nossa consciência deve se amoldar ao padrão que ele é e mantém dentro da relação estabelecida na trindade santa.
O contrário disso, na linguagem de Paulo, é agir com sabedoria humana, que significa agir como lhe der na telha, estabelecendo seu próprio padrão sem levar em conta o que Deus é, ou sua relação com ele. Isso não quer dizer que aqueles que não têm Deus como seu padrão não possam dormir à noite! Mesmo que qualquer ser humano em sua existência não leve em conta Deus, ele (Deus) colocou no coração de cada pessoa uma exigência moral interna, baseada nele (Deus) mesmo, e que nos faz agir cotidianamente na busca do que é certo e na recusa do que é errado. Isto não nos justifica, antes nos condena, pois apartados de Deus nunca conseguimos alcançar o padrão necessário.
Assim, a nossa consciência não pode ser o árbitro absoluto em nossa existência, pois existem muitos fatores que influenciam o padrão que possamos adotar. Para nós, Deus é o referencial absoluto que devemos nos pautar, pois “[…] nele vivemos, e nos movemos, e existimos […].” (At 17.28). Deus não é só transcendente, mas é também imanente! E para Paulo, assim como deve ser para nós, essa imanência é demonstrada em Jesus Cristo, que na linguagem bíblica geral é o Deus conosco, o Logos divino, a representação máxima de Deus na terra. E assim, torna-se o nosso modelo maior de comportamento, de vida, de ação e reação etc. Jesus é como devemos ser, pois é a expressão do verdadeiro Deus.
Portanto, uma consciência cem por cento tranquila é alcançada somente tendo Deus como padrão, que se expressa através de Jesus Cristo. Para ele é que devemos correr para resolver nossos problemas de consciência, pois nele não há falsidade, mentira ou dúvida. Ele é sempre “sim”! (2Co 1.19). Mais ainda, a partir dele é que nossa própria consciência é julgada, nossos padrões estabelecidos são testados, apurados e modificados para o padrão que é o próprio Cristo. Neste sentido Paulo pode gloriar-se na sua própria consciência, pois está tranquila diante de Deus, é baseada nele e é o que mantém o relacionamento com os irmãos a quem escreve, mesmo que venham as dificuldades. E sua consciência, como está? Vá para Cristo!