“Envolto em luz como numa veste, ele estende os céus como uma tenda, […]” (Salmo 104.2)
Quem já assistiu à entrega do prêmio do Oscar, o prêmio mais importante do cinema mundial, apresentada pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas já viu quão deslumbrantes são os vestidos das atrizes ao adentrarem desfilando para a premiação. Mas o seu fulgor é passageiro e no ano seguinte será preciso outro vestido ainda mais pomposo para chamar a atenção. Ao contrário disso, o escritor do Salmo 104 nos dá um vislumbre completamente diferente – a visão é de Deus usando uma veste da própria luz.
Quando nos referimos à luz estamos falando de ondas eletromagnéticas que são perceptíveis ao olho humano, formadas por fótons cuja quantidade pode gerar uma intensidade adequada à percepção do olho. A ideia do salmista é que Deus é perceptível na natureza, basta que olhemos. Isso lhe é tão claro que para ele Deus está envolto em luz como um vestido. Além disso, é ressaltada a grandeza e majestade de Deus, pois num paralelo que pode ser feito de todo o Salmo 104 com Gênesis 1, o salmista mostra Deus criando todas as coisas visíveis e invisíveis. O salmo é um hino de exaltação ao Deus criador que se importa conosco.
A esta característica especial de Deus se importar conosco chamamos de imanência. Isso porque ele não criou o mundo existente e deixou ele de lado, à sua própria sorte, mas antes se relaciona com ele. Talvez uma pergunta que surja é se Deus se importa conosco, por que estamos vivendo tamanha desgraça nestes dias? A questão não é que por passarmos por qualquer aflição, sofrimento ou dor ele deixe de existir, mas que existe algo deletério dentro de nós, bem arraigado, que impede uma compreensão clara, que precisa ser tirado de nós e para isso precisamos passar por um processo de nova criação para não só percebermos Deus, mas nos entregarmos a ele. Sim, mas isso não responde à pergunta, alguém poderia pensar! De fato, mas nem todas as perguntas são respondidas e só o fato de que a resposta dada pode nos aproximar do criador de todas as coisas, isso é mais do que muitas respostas que queiramos ouvir.
Pois bem, mas onde posso ver Deus já que ele está por aí como num vestido de luz? Toda a criação é uma sombra de quem Deus mesmo é! A criação lhe é tão importante que Deus é retratado como vestido nela, deixando claro que há distinção entre o criador e a criação, mas ao mesmo tempo ele se importa e se deleita com ela. Isso torna o universo vivo e cheio da energia do próprio Deus. Assim, olhar a natureza, o fascínio dos grandes eventos que não conseguimos explicar, o amor de um pai ou mãe por um filho, ou de um homem por uma mulher, as descobertas científicas que tanto nos beneficiam, o sol que nasce e se põe e dá lugar à lua, as estações do ano, a multidão de estrelas e a vastidão de nosso universo, tudo isso e muito mais, são manifestações da presença de um Deus gracioso e misericordioso para com sua criação.
Entretanto, com tudo o que vemos, ainda há pessoas que não conseguem perceber a presença de Deus. Por quê? Porque precisam da verdadeira luz iluminando seus olhos, que lhes traga a certeza da sua busca por significado e que lhes traduza a linguagem que o universo mesmo lhes comunica. Mas isso é uma questão para outra conversa! Por enquanto, pense no que você dispõe que ao observar com mais cuidado consegue perceber a presença de um Deus gracioso e bondoso que lhe sustenta dia a dia. Esse com certeza é um grande desafio, mas que ao ser vencido lhe trará o grande benefício de querer conhecê-lo cada vez mais e, mais que isso, de entregar-se por inteiro para que ele cuide, proteja e você sempre o sinta ao seu lado. Que começar a provar isto? Comece a observar o que está ao seu redor!