O número três é muito significativo porque pressupõe a existência do equilíbrio entre duas possibilidades. Ao me deparar com o ditado popular “um é pouco, dois é bom, três é demais”, observo que a ideia transmitida não está correta, pois não assegura ao número três o lugar que ele de fato ocupa, o de mediação. Ao pensar no três, enquanto instrumento de mediação, é possível enumerar não apenas as razões, mas os fundamentos e as atitudes para a prática da Educação Cristã no contexto da formação humana.
Sendo assim, iniciaremos a reflexão a partir da leitura bíblica de Deuteronômio 6.1-9. Afinal, a base que sustenta o sentido da Educação Cristã está centrada na Palavra de Deus. Para este primeiro texto, a análise será centrada nos dois primeiros versículos do capítulo 6. Porém, nas duas próximas partes, falaremos sobre os fundamentos e as atitudes indispensáveis à ação da Educação Cristã no âmbito da formação das gerações.
Ao ler o texto de Deuteronômio 6:1-2, nos deparamos com três razões associadas ao ato de obedecer a lei de Deus. Essas razões estão presentes nas expressões “a fim de que” e “para que”. Assim, encontramos as seguintes razões: 1ª) cumprir com os mandamentos, estatutos e preceitos; 2ª) temer ao Senhor e guardar os mandamentos; e 3ª) prolongar os dias, vivendo bem. Observe que as razões estão conectadas à prática do ensino, que tem sua origem em Deus. Ele é o primeiro educador por excelência. Deus ordena que o ensino seja comunicado, a partir da ação de outros educadores, no caso Moisés e os pais, cuja missão é tornar os seus mandamentos, estatutos e preceitos conhecidos, para que possam ser obedecidos, sendo a obediência um sinal de aprendizagem.
Para uma melhor compreensão sobre as razões extraídas do texto selecionado, descrevo cada uma delas, com a intenção de trazer à reflexão a sua relevância e aplicabilidade na formação das gerações.
1ª CUMPRIR OS MANDAMENTOS
Sobre a primeira razão é preciso observar que existe um conteúdo a ser ensinado. Esse conteúdo revela a essência do ensino. Ele não é uma invenção humana. Antes, foi determinado pelo próprio Deus. Isso indica a necessidade de ensinar sobre a revelação de Deus e não uma série de temas desconexos à essa revelação. O conteúdo do ensino está pautado nos mandamentos, estatutos e decretos revelados por Deus ao povo de Israel. Isso revela que é preciso, não apenas conhecê-los, mas cumpri-los. O conteúdo expressa o que Deus espera de seu povo diante dos relacionamentos a serem desenvolvidos com Ele, consigo mesmo, com a criação e com o próximo.
2ª TEMER AO SENHOR E GUARDAR OS MANDAMENTOS
A segunda razão expressa o ato associado ao temor e zelo. O temor tem a ver com respeito, obediência e amor a Deus. Isso indica que aquele que teme ao Senhor demonstra zelo por sua revelação. O zelo manifesta a atitude daquele que teme ao Senhor de valorizar a mensagem, à medida que escuta a sua voz e obedece a sua Palavra. Temer ao Senhor é uma atitude de reverência, o que requer conhecer e viver de acordo com a sua vontade, que é boa, perfeita e agradável. Precisa atingir mente e coração, pois impulsionam as atitudes manifestas na vida, trazendo a paz de Deus. Afinal, Provérbios 4:23 diz: “sobre tudo o que se deve guardar, guarda o seu coração, porque dele procede as fontes da vida”. Filipenses 4:3 também ressalta: “E a paz de Deus, que ninguém consegue entender, guardará o coração e a mente de vocês, pois vocês estão unidos com Cristo Jesus”.
3ª PROLONGAR OS DIAS, VIVENDO BEM
Observe que a terceira razão complementa as duas anteriores. Isso indica que aquele que cumpre, guarda os mandamentos e teme ao Senhor, desfruta da promessa de viver bem, prolongando seus dias. Prolongar os dias é viver com sentido, com significado, deixando marcas para as próximas gerações. Prolongar os dias requer daquele que teme ao Senhor a atitude de ser referência para as gerações. Indica que há um prolongamento de sua prática na vida daqueles que são influenciados por seu exemplo, sua experiência e seu trato nos relacionamentos.
Como é bom ter certeza sobre estas razões na formação das gerações, sendo elas a base para o pensar na Educação Cristã. Então, valeu a pena conhecê-las? Vejo você na próxima conversa sobre os fundamentos da Educação Cristã. Até lá!