Quero voltar à questão da adoção ou não da revista na EBD, lembrando que esse não é o assunto principal da nossa preleção, mas nem por isso deixa de ser importante. A Convenção Batista Brasileira – CBB¹, a décadas se encarregou da produção e comercialização de literatura periódica e permanente às igrejas batistas no Brasil entre Bíblias, livros devocionais e revistas bem como outros produtos. A CBB tinha uma Junta de Educação Religiosa e Publicações – JUERP, principal órgão na área de Educação Religiosa e hoje?
Com relação às revistas consistem em um dos recursos didáticos produzidos a fim de atender determinadas faixas etárias, ou seja, desde a infância até a melhor idade, com classes heterogêneas, o que exige do professor uma postura diferenciada em sala de aula. Através da veiculação dessa literatura, se dá a identidade doutrinária às igrejas. Todavia, a realidade hoje é bem diferente, do início da década de 1980 para cá.
Eu mesmo reconheço a importância dessa literatura, mas admito a possibilidade de se pensar na construção de um referencial e matriz curricular com fundamentação teórico bíblico sobre o ensino da Palavra de Deus, construído a partir do lugar em que a igreja se encontra, por outro lado entendo que tal proposta passa pela formação inicial do educador em nossas instituições de ensino teológico.
E as novas Tecnologias de Informação e Comunicação – TIC. Seu espaço em um projeto de Educação Cristã.
Vamos pensar em uma Escola Bíblica Híbrida com foco no ensino híbrido, presencial e semipresencial, com foco na aula invertida, em metodologias ativas, como a Aprendizagem Baseada em Problemas – PBL, aprendizagem por projetos e o uso das novas tecnologias de comunicação e informação.
As novas Tecnologias de Informação e Comunicação – TIC, já é o presente, oferecido através da modalidade de Educação à Distância – EaD. Estamos vivendo um cenário histórico em que o mundo é palco de inovações científicas e tecnológicas fundamentais para se repensar a proclamação do Evangelho e como Deus age hoje no mundo.
Somos favoráveis à uma Educação Cristã desejável para a formação bíblica e não apenas de informação; ainda que o desafio para a igreja seja as inovações científicas e tecnológicas, algo tipo high-tech – alta tecnologia, muito avançada, em que o conteúdo da mensagem é o mesmo, muda é a forma de transmiti-lo.
Sabemos que os avanços no campo do conhecimento científico e tecnológico estão muito rapidamente tornando todas as explicações obsoletas e exigindo uma nova maneira de relacionar-se com a realidade à luz da Palavra e vontade de Deus, sua missão e senso de oportunidade de intervenção e proclamação do Evangelho.
A formação teológica e ministerial dos futuros obreiros ao ministério pastoral com visão educacional
É necessário acompanhar a formação teológica e ministerial dos futuros obreiros ao ministério pastoral com visão educacional. Ou seja, o que estamos oferecendo como matriz teórica curricular nos cursos de formação inicial dos futuros obreiros é fundante para o exercício do ministério de educação cristã na igreja?
É necessário por outro lado, acompanhar os processos e avaliar melhor o que existe em termos do ministério de Educação Cristã em nossas igrejas, corrigir os aspectos mais negativos ou ineficazes em função dos objetivos a atingir e das metas e estratégias estabelecidas e realizar o que está planejado envolvendo mais ativamente todos os sujeitos do processo na igreja e, eventualmente, ajustar e rever o funcionamento dos espaços pedagógicos, dos tempos e sua organização e gestão na própria igreja. Ou seja, não é preciso reinventar a roda, mas é preciso investir mais na avaliação dos processos e dos resultados.
Quando esses e outros assuntos são suscitados na gestão e organização da Educação Cristã, evita-se que, as discussões que estão no nível do senso comum, se percam na falta de diagnósticos, e, de posicionamentos e soluções variados, com isso corre-se o risco se perder em especulações. Parece-me que estamos falando de uma gestão e organização de “programa” de Educação Cristã possível e necessário sobretudo no campo da produção literária.
Diria que atuar no campo da Educação Cristã implica responsabilidade social, ser criativo, atento, respeitoso, ético e espiritual de “dizer não apenas o porquê fazer, mas o que e como fazer”. Quando insistimos nestas habilidades, apontamos para um olhar desejável.
¹ Segundo o Conselho de Planejamento e Coordenação da Convenção Batista Brasileira – documento intitulado – “Os batistas e o ano 2000”, resultado do Plano Integrado de Evangelismo e Missões – PROIME, na década de 1970 e o Programa Mestres de Desenvolvimento Denominacional – PROMESTRE, terminalidade em 1992.
REFERÊNCIAS
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