“E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (João 17:3)
Aqui e acolá ouvimos, lemos ou sabemos de histórias de casais que já estão juntos por longos anos. Viveram uma vida, tem muitas histórias para contar porque as compartilharam, deram de si mesmos, construíram juntos, foram cúmplices. Eles se conhecem intimamente, sabem o gosto do outro e aprenderam a gostar das mesmas coisas, pois com o passar do tempo as arestas foram aparadas, as percepções foram rearranjadas, os gostos foram mudados, as preocupações pessoais foram se tornando cada vez mais coletivas. Hoje vivem com qualidade de vida, diferente da que começaram a caminhada.
Talvez um questionamento que se faça é o que isto tem a ver com o texto! No entanto, deixe-me explicar minha linha de raciocínio. Jesus nesta última oração na presença de seus discípulos define a vida eterna como sendo algo como conhecer a Deus. Normalmente quando se fala em vida eterna, o comum é pensarmos em longevidade, viver muito, o tempo é a questão principal que define o que conceituamos como o que seja eternidade. Mas aqui, Jesus afirma que eternidade significa algo como sendo conhecimento, não qualquer conhecimento, mas conhecimento de Deus, do único Deus verdadeiro, e de Cristo mesmo.
A vida eterna passa a ser usufruída já aqui! Quando mantemos uma relação com nosso Senhor Jesus Cristo e partimos para a busca de o conhecermos e por consequência o Pai, já passamos a usufruir da vida eterna aqui mesmo. Não é uma questão de passar muito tempo nesta terra para conhecermos mais, mas o tempo que passarmos, mesmo curto, que seja com qualidade. Vida eterna é a qualidade de vida com Deus. Assim, se passamos muito ou pouco tempo nesta vida, o que vale mesmo é o quanto nos aplicamos em conhecer a Deus. Essa é a primeira etapa para o gozo real da vida eterna. Depois, vamos usufruir da presença eterna dele e nada mais vai limitar este conhecimento. Aproveitar cada momento agora é o que vai definir a qualidade de vida que nós teremos enquanto estivermos por aqui.
Isto se reflete em todos os lances a que estejamos submetidos, inclusive o casamento. Aí eu volto para onde comecei. O apóstolo Paulo entendeu o que o Senhor Jesus ensinou e vai escrever bem depois, aplicando este ensinamento, quando diz: “Eis por que deixará o homem a seu pai e a sua mãe e se unirá à sua mulher, e se tornarão os dois uma só carne. Grande é este mistério, mas eu me refiro a Cristo e à igreja.” (Ef 5:31,32). A relação entre marido e mulher é comparada à relação entre Cristo e a igreja. É uma relação de conhecimento e quem
é casado sabe o que isto significa. Esquecer aquele momento especial para um é perder a qualidade almejada para o futuro. Cada detalhe é importante, e estes detalhes só se conhecem na intimidade. Quem vive apenas junto, despretenciosamente, não está almejando esta qualidade e não sabe ainda o que isto significa. Assim também é nossa relação com Deus.
Cristo mantém um relacionamento de intimidade com sua igreja. O que não podemos esquecer é que a igreja somos nós, pessoas de carne e osso, cheias de medo, ansiedade, frustração, melindres, etc. A relação de Jesus é comigo, com você, e se faz na individualidade da relação mantida com Ele, mas também na coletividade, no partir do pão e nas orações. Procurar conhecer a Deus na intimidade é já usufruir da vida eterna, porque “os justos são
libertados pelo conhecimento” (Pv 11:9). Quer ter qualidade de vida? A receita é procurar ter conhecimento de Deus. Isto vai se refletir em todas as nuances de nossa vida aqui, inclusive no casamento, com quem escolhemos passar os dias de nossa vida terrena!