Começo afirmando, neste breve ensaio, que a autoridade do professor em sala de aula tem por fundamento as Escrituras, tanto do Antigo quanto do Novo Testamento. No processo de ensinar e aprender, ele compartilha o saber mediado por Deus, que é o autor de toda a verdade. Como nos ensina a Palavra: “Toda a Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça; a fim de que o homem de Deus tenha capacidade e pleno preparo para realizar toda boa obra” (2Tm 3.16-17).
O ensino cristão é, portanto, um ministério comissionado por Deus. A própria origem da palavra lecionar — do latim lectionare, que significa “dar lições” ou “ensinar” — aponta para essa vocação: fomos chamados com um propósito, para o exercício do ministério cristão. O professor cristão comunica o evangelho “[…] da parte de Deus, conduzidos pelo Espírito Santo” (2Pe 1.21). É o Espírito que ilumina nossa mente e coração para discernirmos e transmitirmos a verdade, pois: “Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, mais cortante que qualquer espada de dois gumes; penetra até o ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é capaz de perceber os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4.12).
À luz das Escrituras, a autoridade do professor pressupõe que ele possui o dom do Espírito Santo, que concede dons espirituais também para o ensino. A motivação do professor é o discipulado intencional e relacional, acompanhando o aprendiz em seu desenvolvimento espiritual. Uma igreja saudável investe na vida espiritual da membresia, e o ensino é um meio vital nesse processo. A prática do professor deve estar centrada no evangelho de Jesus Cristo, a mensagem de salvação — dom de Deus para a transformação de vidas. O mesmo Deus que, no passado, falou pelos profetas, hoje nos fala pelo Filho: “No passado, por meio dos profetas, Deus falou aos pais muitas vezes e de muitas maneiras; nestes últimos dias, porém, ele nos falou pelo Filho, a quem designou herdeiro de todas as coisas e por meio de quem também fez o universo” (Hb 1.1-2). Dessa forma, a autoridade do professor é espiritual. Ser discípulo — servo de Cristo — implica viver em submissão à vontade de Deus. A autoridade ministerial não consiste em poder humano, mas em obediência e dependência de Deus. Como disse o apóstolo Paulo: “Não que sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se viesse de nós mesmos, mas a nossa capacidade vem de Deus” (2Co 3.5).
A autoridade do professor é confiável, pois procede de Deus. O conhecimento que o professor possui da Palavra promove uma compreensão mais profunda de Deus. Por isso, o apóstolo nos exorta: “Portanto, irmãos, exorto-vos pelas compaixões de Deus que apresenteis o vosso corpo como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos amoldeis ao esquema deste mundo, mas sede transformados pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.1-2). A autoridade do professor é, portanto, relacional. Quanto mais próximo está de Deus, mais submisso está à sua vontade. Ele vive em missão, reconhecendo que: “E a vida eterna é esta: que conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, que enviaste” (Jo 17.3).
Concluo afirmando que o professor cristão ensina com autoridade porque está debaixo da autoridade do próprio Cristo. Ele não apenas transmite conhecimento, mas conduz seus alunos ao conhecimento de Deus, cumprindo sua missão como servo e testemunha do evangelho, revestido do poder do Espírito Santo: “Mas recebereis poder quando o Espírito Santo descer sobre vós; e sereis minhas testemunhas, […]” (At 1.8).