“Respondeu Jesus: Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fosse dada; por isso, quem me entregou a ti maior pecado tem.” (João 19:11)
Em um desses meus escritos já me referi anteriormente a um episódio envolvendo um certo ministro do STF. Usá-los como citação não parece algo difícil ultimamente, talvez porque estejam mais em evidência do que deveriam ou não entendam que a palavra ministro signifique ´aquele que serve`. Bom, mas vamos à ilustração: recentemente (na verdade a nossa história parece que sempre é recente, pois os fatos se repetem!), um de nossos ministros se recusou, num aeroporto, a passar pelo detector de metais e foi direto para a aeronave. Em
seguida foi interpelado pelos oficiais da PF e, após negociação, teve de ceder à inspeção, ou no jargão popular, teve de baixar a bola.
Pilatos diante de Jesus age de forma parecida. Ele é aquele cara que vive sempre de saia justa e não consegue tomar as decisões corretas. Tem o ´rabo preso` com os judeus e ao mesmo tempo não tem crédito com eles. Os judeus usam de seu comprometimento moral para apanhá-lo em suas próprias palavras e atos, o chantageiam, de modo que Pilatos não consegue fazer o que é certo. Por outro lado, estando em situação desfavorável tenta impor uma lei ou subjugar os outros para manter a aparência. Mas Pilatos não sabe com quem está falando e
suas ações vão levá-lo à condenação como os demais.
Pilatos tenta o tempo todo estar por cima. Usa de sua autoridade constituída para se beneficiar da situação. Ao invés de se acercar dos fatos, da situação e saber o verdadeiro motivo de Jesus estar ali, prefere agir por conta própria. Mesmo não encontrando qualquer motivo aparente para condenar Jesus e declarar isto, manda acoitá-lo, o expõe à ignomínia e, usando de sua autoridade, mas com objetivo de agradar os líderes dos judeus, propõe a troca de Jesus por um outro preso declaradamente culpado.
Do ponto de vista da autoridade que Pilatos tinha, ele poderia ter resolvido a situação. Mas era incompetente para isso, mesmo porque a autoridade que tinha não vinha dele mesmo, mas de Deus. Ora, Deus em sua soberania já havia determinado que Jesus fosse condenado e morto, pois somente assim a dívida do homem para com Deus poderia ser paga. Mas Pilatos não estava isento da culpa que já carregava e a qual se somava mais esta. Pilatos, não tinha qualquer autoridade diante de Deus ali a sua frente. De igual modo, quando vamos a Deus e nos colocamos perante Ele, não temos qualquer autoridade diante dEle. Não podemos fazer exigências, nem média, não podemos levantar a bola e nem dizer que somos isso ou aquilo, pois nenhum de nós está apto a ficar de pé diante do Deus Santo e todo poderoso.
Estar diante de Deus só requer uma única posição, a que vai de forma humilhada. Diante de Deus não se vai de cabeça erguida, vociferando e batendo no peito, mas se vai com o sentimento de que diante dEle não somos nada e somente por sua graça e misericórdia é que subsistimos. Mas “ao sair” da sua presença, aí sim, depois de o reconhecermos como Ele é, saímos olhando por cima, pois os que entram humilhados são o que saem exaltados. Não dá para fazer média com Deus, pois Ele é o que sonda os corações e vê o que está no íntimo. Diante de Deus, somos bola murcha! Não fazemos exigência alguma, mas nos colocamos à mercê de sua boa vontade. Pilatos poderia ter tomado uma posição diferente (sim!), mas não o fez, pois, toda a sua vida, viveu pela aparência, descompromissado com a verdade e no momento que poderia conhecê-la, a desprezou. Viver de aparências não é a melhor forma, pois corre-se o risco de se achar mais do que realmente se é. Portanto, melhor baixar a bola!