“Disse, pois, Jesus aos judeus que haviam crido nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (João 8:31,32)
A carta de alforria era um “atestado” de liberdade para um escravo. “Tinir de ferros… estalar de açoite…Legiões de homens negros como a noite, Horrendos a dançar…” (Navio Negreiro – Tragédia no Mar – Castro Alves, 1868). Em 13 de maio de 1888, a princesa Isabel assinou a lei Áurea que aboliu a escravidão no Brasil. De lá para cá pouca coisa parece ter mudado em relação a isso. Em 1994 foi lançado o filme “Um sonho de liberdade”, que dá o Oscar de melhor ator a Morgan Freeman. O filme leva ao fortalecimento de dois sentimentos: o de acreditar e o de ter esperança na justiça. Que parecem cada vez mais distantes da nossa realidade.
Liberdade é o que toda a humanidade tem procurado desde Adão, inclusive de Deus. (Mesmo que no caso de Adão tenha sido por indução!) A ideia por trás do sentimento é poder agir livremente sobre qualquer aspecto. Outro dia em conversa com meu filho mais velho ele perguntava sobre quando ele teria liberdade de fazer o que quisesse. Expliquei-lhe que antes de querer fazer o que quisermos, temos de pensar nas consequências que isso pode gerar.
Mas Jesus está falando de liberdade num sentido mais profundo e que em a tendo vai modelar tudo o mais. No contexto, Jesus está falando aos que creram nele, mas alguns outros judeus que acompanharam o grupo logo pularam com a afirmação do Mestre, pois não se consideravam escravos de ninguém, mas livres. Na verdade, como em todo o contexto pode ser observado, eles não entenderam muito bem o que Jesus lhes queria revelar, situação que não era incomum entre eles e que o evangelista frisa por todo o evangelho escrito.
Há uma tendência comum de usar sempre a segunda parte do texto bíblico acima (…e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará). Mas, olhar o todo é muito importante, pois Jesus está afirmando que a liberdade só viria se aqueles que haviam crido nEle permanecessem crendo nas palavras que lhes acabara de falar, que eram verdadeiras e revelavam de fato quem era Ele (o Eu Sou!). Era nisto que deviam crer, além disso, isto revelaria ao mundo que eles eram agora seus discípulos. Nós estamos diante de uma situação em que a liberdade almejada começa com a crença objetiva em alguém (Deus, o Filho) e a permanência neste alguém leva a um sentimento real de profunda liberdade. É completamente diferente do que vemos em Adão, pois lá a liberdade proposta passou por uma descrença nAquele que havia falado (Deus, o Pai). A partir de então a busca por liberdade se aprofunda, pois, a verdadeira liberdade que até aquele momento era usufruída foi perdida e não há modos de encontrá-la a não ser dando meia volta e redirigindo-se ao autor da liberdade. Aí sim, nosso senso de esperança e justiça não pode ser frustrado!
A liberdade moral, ou seja, da escravidão do pecado é que propicia o verdadeiro sentimento de alguém verdadeiramente livre para fazer o que quiser, pois está direcionado para o Pai e tudo flui diretamente dEle. A Lei Áurea então é aquela promulgada não em papel, mas no coração! Obrigado pela verdadeira liberdade que só pode ser encontrada em Ti, ó Pai!