“Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar.” (João 14:2)
Quando papai conseguiu o documento de posse da casa que morávamos, foi um momento de muita alegria. Papai já pagava há anos. Era uma casinha pequena quando a recebeu, sem quartos e com apenas sala, cozinha e banheiro. Depois com dificuldades foram construídos dois quartos, um por vez, com tempo estendido! A frente da casa, à porta, era acidentada, com uma altura de mais de dois metros. Aos poucos, com ajuda do vizinho de trás fomos aterrando a frente com o barro que ele tirou ao rebaixar a casa. Era um desnível muito grande de uma casa para outra. No entanto, estávamos com nossa casa própria. Construí minha infância lá! Infelizmente, a casa própria continua somente um sonho para muitos brasileiros!
Ao anunciar que deixaria os discípulos (esta não é a primeira vez!), Jesus diz também que eles sabiam o caminho que deviam seguir para encontrá-lo. Jesus diz que precisa ir para preparar o lugar para quando os discípulos chegarem lá. Parece quando, em viagem, chegamos num hotel sem ter feito reserva e no check-in o atendente diz: “temos um quarto reservado para o senhor, está tudo pronto. Alguém que chegou antes, já fez a reserva!” Aí você caminha pelo hotel, enorme!, e vê a quantidade de quartos espalhados pelos andares. Todos devidamente preparados para receber um hóspede. Alguém já fez a reserva!
A ideia de ter um local para o descanso está arraigada no povo judeu. É assim desde o início. Eles estavam em busca da terra prometida, a encontraram, ocuparam-na, foram expulsos, a reencontraram, foram expulsos… e assim vai! Mas Jesus está falando de algo que não mais aconteceria desta forma. A casa do Pai, de onde Ele mesmo havia vindo e que estaria voltando em breve, seria o lugar de descanso eterno. Não haveria mais o entra e sai, o perde-ganha, porque estariam devidamente estabelecidos numa residência permanente. Estariam junto dAquele que planejou tudo e que reservou um lugar especial para cada um deles.
O pedido de Davi de “que eu possa morar na Casa do SENHOR todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do SENHOR e meditar no seu templo” (Sl 27:4), enfim se concretizará. Davi, que não conseguiu construir a Casa do Senhor, pode enfim usufruir da sua morada permanente, construída pelo Pai. Mas, o conforto da casa própria permanente não é só para Davi ou os discípulos. É para nós também, os que cremos! Só há uma condição estabelecida para chegar a essa residência permanente e usufruí-la para todo o sempre, é que quando nosso Senhor voltar, trazendo a chave do nosso aposento, tenhamos crido única e exclusivamente nEle. O único caminho para a morada celestial.
Bom, é assim que é o discurso de Jesus. Nosso Senhor foi preparar um lugarzinho para aqueles que creem nEle. É um consolo enquanto estamos aqui, na luta pela casa própria terrena, mas na certeza de que a casa própria celestial está garantida. Não há possibilidade de revogação do contrato, de expulsão, de invasão, porque já está tudo pago, não há mais prestação a vencer. Será um lugar nosso, para vivermos e usufruirmos da Trindade Santa. Mas enquanto isso, usufruímos parcialmente desta morada, pois o fato do próprio Deus já habitar em nós, permite que comecemos a usufruir o que será infinitamente melhor. O sonho da casa própria terrena, se não se concretizar por aqui, certamente será consumada na eternidade com o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Que alívio!, pois podemos ter certeza de que ninguém ficará desabrigado. Mas por enquanto, vamos lutar para melhorar as condições dos que precisam por aqui, pois isto também faz parte do estabelecimento do reino de Deus entre nós. Assim, no que depender de nós, vamos ser sal e luz. Sal para não deixar apodrecer pelo caminho e luz para mostrar o caminho da morada eterna.