“Se vós me tivésseis conhecido, conheceríeis também a meu Pai. Desde agora o conheceis e o tendes visto.” (João 14:7)
Do ponto de vista da Lógica, implicação diz respeito à relação em que a verdade de uma proposição implica na verdade da outra. Já experiência tem a relação direta com o que se pode experimentar, vivenciar, provar, etc. O conhecimento pode tanto vir por implicação como por experiência. Jesus usa destas duas definições para estabelecer a relação dos discípulos com Ele mesmo e com o Pai.
A implicação lógica é de que conhecendo a Jesus, os discípulos também conheceriam a Deus. Assim, não fazia sentido a argumentação de Tomé ou de Felipe acerca do conhecimento sobre Deus. Jesus já estava há quase três anos andando com eles, ensinando acerca do Pai. Não fazia o menor sentido dizer que não se conhecia a Deus. Na verdade, Jesus diz com muita clareza que conhecer a Deus somente é possível conhecendo Ele (Jesus) mesmo. Deus precisou se revelar para que nós o pudéssemos conhecer. Deus é tão transcedente que por nós mesmos não poderíamos conhecê-lo, nem se Ele não houvesse decidido se revelar. Assim, Jesus é a revelação máxima de Deus. Conhecer a Jesus é conhecer o próprio Deus, pois Jesus e Deus são um. O melhor de Deus ainda não está por vir. Já veio. É Cristo!
Mas, mais do que “só” conhecimento implicativo, a experiência que os discípulos tiveram com o seu Mestre também deveria levar ao conhecimento prático. Isso é bem verdade para João que ao escrever suas Cartas Pastorais ele diz que o fato de ouvir, ver e apalpar o Verbo da vida é o que traz a verdadeira felicidade (I Jo 1:1-4). Ele remete ao período em que submeteu à prova a comunhão com o Mestre. Viveu com ele, andaram juntos, dormiram sob o mesmo teto ou ao relento, comeram do mesmo pão (companheiros), passaram por maus bocados, choraram e riram juntos. Partilharam uma vida juntos. Experiência bem aproveitada! A presença do Mestre lhes bastou em vários momentos.
Mas o conhecimento por implicação deve vir acompanhado do conhecimento por experiência. Não sei se há uma ordem de precedência entre eles, mas a presença dos dois é importante para o desenvolvimento de uma relação saudável entre nós com o Pai e o Filho. Essa foi a conclusão de Jó, quando após um período de sofrimento e provação, pôde declarar a Deus “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem”. Ou a percepção de Isaías, que também depois de sofrimento e luto, declara, juntando a teoria à prática, “ai de mim! Estou perdido! […] meus olhos viram o Rei”. Há tantos exemplos dessa relação entre o que se sabe e o que se experimenta, e com certeza já temos o nosso!
Uma coisa fique bem clara, conhecer a Deus passa pelo conhecimento de Jesus Cristo. Não há outro caminho possível. Ele mesmo declara que é o caminho que conduz não somente a Deus, mas também ao conhecimento dEle. Estar aos pés do Mestre é provar da comunhão do Pai. Assim, para nós, que não usufruímos da presença física do Mestre, só nos resta a rendição. Isso mesmo! Render-se aos pés da cruz e deixar que o próprio Deus habite em nós e nos dê tanto o conhecimento por implicação quanto o por experiência. É, com nosso Deus é assim!, Ele provê toda a forma necessária para que possamos manter uma comunhão verdadeira com Ele. Mesmo com a ausência física de nosso Senhor Jesus Cristo, temos o seu Espírito Santo, habitando em nós e que nos auxilia nessa tarefa. Ele nos auxilia quando oramos, até mesmo orando por nós! E sabendo de nossa necessidade física nos dá também a sua Palavra Santa. Assim, as duas coisas caminham juntas, lendo a sua Palavra o conhecemos por implicação e tendo o seu Espírito em nós, por experiência. Louvado seja Deus!, que providencia tanto o querer (implicação) quanto o realizar (experimentação). Provai de mim, diz o Senhor!