“Responderam-lhe: Se este não fosse malfeitor, não to entregaríamos. Replicou-lhes, pois, Pilatos: Tomai-o vós outros e julgai-o segundo a vossa lei. Responderam-lhe os judeus: A nós não nos é lícito matar ninguém.” (João 18:30,31)
Um bom plano é a aquele que foi devidamente pensado, os detalhes foram previstos e a execução foi programada. Assim foi o plano dos líderes judeus contra Jesus. Se bem que nesse caso não dá para classificar como sendo um plano bom o que eles fizeram, além disso, na sucessão dos eventos ocorridos eles erraram bastante. O plano também não foi um plano surpresa, pois Jesus sabia “todas as coisas que sobre ele haviam de vir” (Jo 18:4).
A Bíblia diz que ao homem pertence o planejar, mas a resposta certa vem do Senhor (Pv 16:1). Assim, como “bons conhecedores” da lei e dos profetas, os líderes judeus empenharam-se em planejar a morte de Jesus. Durante os três anos do ministério de Jesus é possível ver a atuação ferrenha destes líderes, cercando Jesus por todos os lados, tentando minar seu discurso e levantando falso testemunho contra ele. Agora, chega o momento em que tudo o que planejaram parece que dará certo.
Havia um passo a passo a ser seguido, desde o forjamento de um traidor no meio dos discípulos até o ponto de execução do plano. Eles sabiam que não poderiam matar Jesus de qualquer jeito, pois os judeus, pela sua lei, deveriam apedrejar Jesus, mas na conjuntura de domínio romano não tinham mais esse poder. De modo que precisavam se submeter as autoridades romanas para fazerem qualquer condenação que envolvesse a pena de morte. Assim, levam Jesus à presença de Pilatos. Mas Pilatos também sabia das limitações deles e diz para que eles mesmos resolvam o caso, conforme os costumes que tinham. Mas, como o plano era outro, o de matar Jesus, eles sem ao menos informar Pilatos do caso, já lhe sugerem a pena, pois afirmam “A nós não nos é lícito matar ninguém”. Ou seja, o objetivo deles já estava muito bem definido, o caso já estava muito bem pensado. Aqueles judeus estavam dispostos a tudo, inclusive receberem o que quer que adviesse daquele ato, pois ao final, vão afirmar “Caia sobre nós o seu sangue e sobre nossos filhos!” (Mt 27:25).
Por outro lado, o plano deles não era nenhuma surpresa para o Mestre, pois como o próprio evangelista João relata, “Jesus não precisava de que alguém lhe desse testemunho a respeito do homem, porque ele mesmo sabia o que era a natureza humana”. Além disso, pouco antes deste episódio acontecer, ao ser preso, “Jesus sabendo, pois, todas as coisas que sobre ele haviam de vir, adiantou-se…”. Assim, no ideário dos líderes judeus eles estavam fazendo conforme o planejado, mas de fato, eles estavam fazendo o que Jesus já sabia que eles fariam.
Uma coisa fique clara para nós, o Senhor Jesus conhece nossos intentos. Sabe o que pensamos de bom e o que pensamos de ruim. Sabe o que planejamos e o que não planejamos. Interessante esta situação, pois, boa parte das vezes, vamos a Deus com nossos planos completamente definidos e pedimos apenas que Ele os abençoe. As vezes criamos até uma boa justificativa para dar a Deus, para os outros ou para nós mesmos. Alguns dos nossos
planos acabam sendo frustrados, outros até acontecem, mas como começaram errados, dão também errados. Não acredito que faríamos diferentes de Adão e Eva ou desses líderes que rejeitaram a Cristo, se não há uma entrega e dependência de Deus. Podemos até fazer as coisas de caso pensado, podemos apresentar as boas intenções das mesmas, podemos convencer outros, mas o que de fato está em nosso coração, só o Senhor Jesus sabe. O que alimentamos, afagamos e damos corda precisa ser colocado diante de Deus, na esperança de
que seja o melhor e de que a sua vontade esteja sendo feita. Olha por nós, Senhor!