“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.” (João 1:14)
As manifestações temporárias (teofanias) de que Deus se utilizara para mostrar sua glória, poder, verdade, misericórdia e graça se tornaram perenes quando da revelação do Verbo da Vida. Elas tiveram um papel importante para revelar Deus a humanidade e para que assim através de linguagem antropomórfica tivéssemos uma compreensão de quem Deus era e como ele se relacionava conosco. Mas em Jesus, que não foi uma manifestação temporária ou um antropomorfismo, temos as naturezas de Deus e do homem completamente reveladas. Não era uma aparição de Deus, era o próprio Deus. Também não era um espectro de homem, era homem verdadeiro. O Deus-homem se manifestava com o objetivo de restabelecer a relação entre Deus e o homem desfeita com a queda.
Há quem ainda defenda que Jesus só tinha uma aparência de homem, para que não traga prejuízo a sua deidade. Mas o evangelista João já rebatia esta afirmação, mesmo antes que ela se tornasse uma heresia nos séculos II e III da era cristã e chegasse até nossos dias. Segundo essa heresia, Jesus Cristo não tinha um corpo verdadeiro e afirmava que só em aparência nascera, vivera e sofrera. Mas antes disso, João já exclamava “nós vimos a sua glória” e declara veementemente “o Verbo se fez carne e habitou entre nós”. Para João esta declaração era
dogmática e ninguém que houvesse se achegado a Jesus poderia fazer ou pensar qualquer coisa sem que concordasse com sua veracidade (I Jo 4).
Para João, toda a beleza de Deus e todo o seu favor imerecido estava revelado em Jesus. Jesus representava todo o poder de Deus, que foi usado na criação do mundo e para mantê-lo funcionando. João foi muito mais além do que os filósofos gregos haviam ido. Eles até acreditavam no Logos criador de todas as coisas, mas não no Verbo da Vida revelado em Jesus. João reconhece que em Jesus é manifestada toda a verdade e que não havia sombra de dúvidas de que Jesus era o único que poderia revelar ao mesmo tempo o ser de Deus e como deveria ser o homem antes que houvesse pecado. Isto é extraordinário e João quer apresentar este Jesus não só aos judeus de sua época, mas aos gregos e que essa verdade chegasse hoje a nós também.
Deve ter tido uma importância muito grande para que João anunciasse uma mensagem – o Verbo se fez carne – que lhe custasse inclusive a vida. Há uma extremada significância em Deus ter se tornado homem. Nós comumente usamos o adjetivo ´humanidade` para significar um sentimento de bondade, benevolência, em relação aos semelhantes, ou de compaixão, piedade, em relação aos desfavorecidos. Quem age assim é dito como sendo ´humano` e foi deste jeito que Deus se manifestou no homem Jesus. Essa verdade expressada por João vai ser
mostrada em todo o seu evangelho. Jesus, o Cristo, é aquele que veio da parte de Deus para revelar quem é Deus e mostrar toda sua compaixão e benevolência para com a humanidade.
Só um homem (´adam` – designação da espécie humana) pode cuidar de outro homem. Um homem entende o outro, sabe a sua dor, sabe o que é sofrer. Um homem (macho) não sabe o que é a dor de uma de uma mulher (fêmea) num parto. Ele pode até estudar e se tornar o maior especialista nisso, mas só uma mulher sabe o que é a dor e a alegria de trazer um filho à luz. Assim, só Jesus, sendo Deus, sabe o que é ser homem. Ele é homem de dores, experimentado e que se compadece de nós e nos compreende. Assim, vamos sempre declarar: O Verbo se fez carne, quando Deus se fez homem!