Sabemos que a educação acontece nas relações que se estabelecem entre as pessoas nos diversos segmentos da comunidade. A educação não é, portanto, um fenômeno neutro, mas sofre os efeitos da cultura, do contexto em que ela se encontra.
Desde a Reforma Protestante, se debatia sobre a educação para todos. E como tem sido atual essa reflexão sobre o direito à educação. Surgem interrogações intrínsecas a cerca desse debate de como essa educação deve ser. É importante analisar como se difundia a educação no período anterior, em razão da nova descoberta centrada nos ideais reformadores. O pensamento educacional que permeava a Idade Média era de uma educação diferenciada, parcial, não igualitária. Os valores eram voltados para a classe dos mais abastados. O período em que se propõe a modificar esta situação é a Reforma Protestante, pois os reformadores procuraram implantar nos países
reformados o acesso a uma educação gratuita e de qualidade. A educação seria um viés essencial para que uma pessoa pudesse aprender a viver na sociedade com os conhecimentos por ela adquiridos, tendo condições de produzir tentativas de mudanças no meio em que vive.
O fato do ser humano não ser um ser determinado (FREIRE, 2001, p. 9), possibilita-lhe não só a reflexão sobre o próprio condicionamento, mas ir além. Se fosse determinado estaria fechado em si, nos limites da própria determinação. Contudo, sua consciência constitui com a realidade objetiva uma unidade dialética, que propicia não só a tomada de consciência da realidade, mas também o atuar sobre ela.
Verifica-se que a concepção educacional, os ideais, os pressupostos e as concepções didático-metodológicas do reformador Martinho Lutero, perpassa em todos os seus tratados e escritos. Entretanto, suas especificidades para a educação concentram-se em seus textos intitulados: “À Nobreza Cristã da Nação Alemã, acerca da melhoria do Estamento Cristão”, (1520); “Aos Conselhos de todas as cidades da Alemanha para que criem e mantenham escolas cristãs”, (1524) e “Uma Prédica para que se mandem os filhos à Escola”, (1530).
As propostas de Lutero para a educação giram em torno da organização de um sistema de ensino, sendo esboçados princípios norteadores para a educação. Dessa forma, Lutero procura dialogar questões detalhadas sobre a importância da criação e o funcionamento de escolas que, na sua concepção, deveriam ser de “crivo cristão”. Essas orientações para a organização de um sistema escolar envolvem temas como: a criação de um novo currículo, conteúdos, livros literários/didáticos e a importância de métodos voltados para o lúdico. Como esclarece a autora: “De acordo com o espírito humanista, Lutero criticava o recurso a castigos, bem como o verbalismo da Escolástica. Propôs jogos, exercícios físicos, música — seus corais eram famosos —, valorizou os conteúdos literários e recomendava o estudo de história e das
matemática”. (ARANHA, 2006, p. 210).
Em Lutero, a proposta educacional decorre na defesa de um ensino para todos. É proposto uma educação popular, defendendo que todos tenham acesso à mesma. Além de posicionar-se a favor de uma escola para todos, é imputado também um caráter obrigatório, forçando os pais e as autoridades responsáveis a atentarem para isso.
Referencias bibliográficas
ARANHA, Maria Lucia de Arruda. História da educação e da pedagogia: geral e Brasil. 3ª ed. São Paulo: Moderna, 2006.
FREIRE, P. A educação na cidade. São Paulo: Editora Cortez, 2001.
GREN, V. H. H. Renascimento e Reforma: a Europa entre 1450 e 1660. Lisboa: Dom Quixote, 1984.
Weliton Carrijo Fortaleza
Pastor da PIB-Garavelo/Aparecida de Goiânia e professor universitário