“Então, lhes falou Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que o Filho nada pode fazer de si mesmo, senão somente aquilo que vir fazer o Pai; porque tudo o que este fizer, o Filho também semelhantemente o faz. Porque o Pai ama ao Filho, e lhe mostra tudo o que faz, e maiores obras do que estas lhe mostrará, para que vos maravilheis.” (João 5:19,20)
Com o passar do tempo a expressão acima corrompeu-se e hoje é comum usar “cuspido e escarrado” para denotar que alguém é muito parecido com outro. Na verdade, esta é uma expressão típica que se usa para um pai e seu filho.
O Senhor Jesus identifica-se com o Pai e por todo o evangelho de João afirma, categoricamente, que é igual ao Pai. No episódio bíblico acima, a afirmação vem após uma cura sem muito alarde, bastando apenas que o Senhor Jesus pronunciasse um bocado de palavras e logo após se ausenta de cena. Ao ser encontrado depois, expressa o que vai se transformar em motivo de ódio mortal para seus oponentes. Ao afirmar que seu Pai trabalha até agora, foi muito claro para os judeus sua identificação de mesma natureza do Pai. O problema do sábado se tornou menor. Agora, o que se segue é ainda maravilhoso! O que Jesus passa a mostrar é uma expressão exata de quem Ele é, do que Ele faz e qual sua motivação.
Jesus afirma sua identidade! Não sei, mas é bem provável que, neste momento, em sua memória também esteja sua relação com José, que o criou e lhe ensinou um ofício. Jesus afirma que a identidade do filho é forjada na identidade do pai. A convivência diária dos dois vai modelando o filho, seu jeito de falar, seu modo de andar, de agir, etc. Uma relação sadia entre ambos leva a formação de um ser sadio, que expressa aquilo que aprendeu durante toda uma vida. Essa relação de pai e filho(a) traz um reflexo importante na nossa relação com Deus, pois se nossa figura de pai é distorcida ou traz em si péssimas lembranças, de algum modo, isso afeta nossa relação com Deus como Pai. Quantas pessoas têm dificuldades de aceitar Deus como Pai por consequência de uma péssima relação com seu pai terreno!
Jesus também afirma que nessa relação de aprendizagem entre pai e filho a obediência é um fator importante. O filho obedece ao pai! A obediência de Jesus vai ao extremo, até a morte e morte de cruz! A obediência faz parte da relação entre pai e filho. Esta mensagem vai continuar reverberando pela igreja primitiva nas afirmações dos apóstolos. A obediência nos livra da tentação de fazer ou agir por nós mesmos, nos livra de nossa agenda própria e nos põe de joelhos, humildes, esperando a ordem do pai. Mas, esta não é uma obediência cega! Jesus sabe muito bem disso.
A obediência é motivada pelo amor! O Pai ama o Filho! Jesus sabia o que isso significava, mas nós também sabemos. Uma relação de amor entre pai e filho gera obediência. Parece até insano afirmar “pai ame seu(s) filho(s)!”, mas nestes tempos é o que mais precisa ser dito! O desamor familiar está cada vez maior, a igreja tem uma missão importante de falar de amor! A relação de amor entre Jesus e seu Pai gerou a obediência, porque Jesus sabia que no final o Pai o honraria e lhe revestiria de toda a glória que já era sua. A identidade do filho formada na relação com o pai e que gera obediência é permeada de amor entre ambos. Esta é uma grande tarefa, pois, mais que aparência, a identidade é mostrada nas atitudes do dia a dia! E aí, o quanto se pode dizer que você é “cuspido e escarrado”?! Senhor nos ajude nessa missão!