“Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério. E na lei nos mandou Moisés que tais mulheres sejam apedrejadas; tu, pois, que dizes?” (João 8:4)
Os comentaristas dizem que este episódio que João relata não consta dos manuscritos mais antigos e que algumas partes deste relato estão espalhadas por outras partes da Bíblia. O fato é que o texto caiu bem neste ponto e com certeza tem algo a nos ensinar. É considerado texto inspirado e merece toda nossa atenção.
A cena se passa numa situação um tanto estranha, pois a prática de adultério já é bem conhecida e condenada na Lei, mas somente a mulher foi trazida a julgamento, enquanto o homem envolvido na trama de algum modo conseguiu “escapar” da situação. O caso se dá logo ao romper do dia, isso quer dizer que o episódio se deu há pouco. Soa como uma armação deliberada para pegar Jesus. Uma “pegadinha”, um plano arquitetado para surpreender o Senhor que sabe das coisas e conhece nosso coração.
É surpreendente como tentamos pegar o Senhor desprevenido! Às vezes cometemos algo que esperamos que Ele não saiba ou não leve em consideração. Mas nosso Senhor sabe das coisas, por isso, João já relatou anteriormente bem no início deste evangelho: “mas o próprio Jesus não se confiava a eles, porque os conhecia a todos. E não precisava de que alguém lhe desse testemunho a respeito do homem, porque ele mesmo sabia o que era a natureza humana”. É assim que é, Ele sabe das coisas.
Mas o que eles queriam? Queriam flagrar Jesus em alguma falta. Sabiam que ninguém podia ir contra a Lei de Moisés (na verdade eles não sabiam que o Senhor que estava ali era o próprio autor da Lei e que somente ele podia cumpri-la cabalmente!). Talvez incitar o próprio povo contra Ele, que fala tanto de amor e será que deixaria aquela mulher morrer assim? Ao cumprir a Lei estaria decretando a morte dela, mas para o governo estabelecido Ele não tinha autoridade para condenar aquela mulher à morte, pois cabia ao estado. Jesus, portanto, encontrava-se numa situação humanamente difícil, pelo menos para mim!
Mas com nosso Senhor não é assim, pois Ele conhece as intenções do coração. Os que queriam flagrá-lo em alguma falta, são flagrados em seu próprio pecado. Jesus que conhece os corações e as intenções, faz-lhes a assertiva crucial que mudou todo o intento planejado: “Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra”. Foi um balde de água fria! Foi como aquela situação em que nos preparamos para fazer algo e uma palavra dita nos faz mudar de rumo. Graças a Deus por isso, pois o que seria de nós! Ele nos dá de seu próprio Espírito, que nos alerta do erro antes de o cometermos (do pecado também!) e nos dá a chance de deixar cair as pedras que carregamos e arrependidos retrocedamos de nosso intento. Senhor, ajuda-me sempre ouvir tua voz e não guardar pedras no bolso.