“Depois disto, tornou Jesus a manifestar-se aos discípulos junto do mar de Tiberíades; …” (João 21:1)
Havia neste tempo Jesus, um homem sábio [se é lícito chamá-lo de homem, porque ele foi o autor de coisas admiráveis, um professor tal que fazia os homens receberem a verdade com prazer]. Ele fez seguidores tanto entre os judeus como entre os gentios [Ele era o Cristo]. E quando Pilatos, seguindo a sugestão dos principais entre nós, condenou-o à cruz, os que o amaram no princípio não o esqueceram; [porque ele apareceu a eles vivo novamente no terceiro dia; como os divinos profetas tinham previsto estas e milhares de outras coisas maravilhosas a respeito dele]. E a tribo dos cristãos, assim chamados por causa dele, não está extinta até hoje. (Flávio Josefo, Testimonium Flavianum (pt.wikipedia.org)).
Dúvidas sobre a ressurreição de Jesus sempre foram levantadas. Isso era muito evidente na época em que João escreveu também este quarto evangelho, cerca de 70 anos depois. Jesus já aparecera a Maria Madalena e aos aparecera aos discípulos por duas vezes. Agora para deixar claro que ele havia ressuscitado, João declara que Jesus novamente se manifestou aos discípulos. Os discípulos deveriam ter certeza que o Jesus que eles viram era real e que sua presença era algo mais do que uma imaginação, mas fato concreto que ele havia ressuscitado.
Mesmo antes da fé cristã como tal, a ressurreição já havia sido predita que ocorreria. Ela vai ser um dos fundamentos da fé cristã. Jesus a profetizou e ela atestaria sua deidade. Além disso, seria também o cumprimento do que foi predito pelos profetas, como a posteriori foi anunciado também pelo próprio Jesus aos discípulos no caminho de Emaús (Lc 24:27). Fato era que a morte não poderia segurar o Senhor Jesus. O túmulo não tinha força suficiente para mantê-lo lá. Jesus triunfa sobre a morte pois é o autor da vida, a vida está nele, como João mesmo já presenciara quando Jesus ressuscitou Lázaro. Era necessário que todos soubessem disso, que era fato concreto, algo muito maior e que ia além da imaginação, pois era real.
Não somente João vai relatar a importância da ressurreição, Paulo também o faz. Ele mesmo teve um encontro com o Cristo ressuscitado, o que vai lhe ser essencial para trazer a definição completa da importância da ressurreição para nossa fé e afirmar que sem ela não teria a fé qualquer sentido. Paulo vai se transformar num propagador do evento da ressurreição e vai afirmar todo o tempo que viu o seu Senhor, que lhe transformou e lhe deu um motivo real e verdadeiro para viver. No texto escrito, João vai dar detalhes de onde Jesus apareceu, junto ao mar de Tiberíades, (ele ainda se lembra!) pois lhe foi dada uma vida longa para testemunhar dos fatos, das situações, dos encontros, dos momentos convividos com seu Senhor. E é exatamente isso que ele faz ao escrever seu evangelho. Se desejamos viver muitos anos, que nos acompanhe de igual modo o desejo de testemunhar do Cristo que nos apareceu e mudou a nossa história.
Cada um deve ter também sua própria história para relatar, uma história de convívio, de conhecimento, de pertencimento ao Senhor e Salvador Jesus Cristo, pois é esta história que vai nos acompanhar e que vai ser contada como testemunho de quem nós somos. E essa história, ao ser relatada, deve nos trazer, como trazia a João, alegria completa (I Jo 1:1-4). Quanto mais tempo vivido com o Mestre mais tempo se tem do que testemunhar dele. Quem não “gasta” tempo conhecendo-o, está perdendo o pouco tempo que tem. Ele está à disposição daqueles que o buscam, pronto para ter um relacionamento íntimo, dure o tempo que for necessário,
mas que traz consigo a verdadeira história que merece ser contata, história com “H”.