Sou mãe de uma princesa, que hoje já dorme com o Senhor, enquanto viveu aqui na terra, era considerada “pessoa com deficiência”, ela tinha deficiência intelectual e múltipla. Antes de tê-la, nunca me preocupei com qualquer pessoa que tivesse deficiência. Acreditava que o que fazia como educadora, ou mesmo como uma cidadã comum, bastava. No entanto, com o nascimento da minha filha, e com tudo o que vivi em busca de condições melhores para ela, percebi que meu olhar era muito limitado e, por vezes, superficial. Passei a enxergar a vida de outra perspectiva, passei a enxergar que Cristo é o nosso maior exemplo quando falamos de inclusão.
Em busca de tratamento e de condições melhores, passei a vivenciar situações que jamais tinha imaginado. Vi muito sofrimento, vi muito preconceito, vi muito descaso, vi muita ignorância (falta de conhecimento) e com tudo isso me comovi. Muitas vezes a comoção tomou conta de mim, entretanto, a grande lição que aprendi é que a comoção não nos tira do lugar que estamos, e que logo se desfaz, já a conscientização nos muda de dentro para fora, por isso entendi que a palavra de ordem é conscientização. A partir do momento que tomei consciência da situação que estava vivendo comecei a agir diferente, buscando o tratamento e melhores condições de vida, mas agora com entendimento, porque busquei conhecer.
Na Igreja, foi um tempo de despertamento, de muito aprendizado. Eu digo “foi” porque minha princesa já não está mais conosco, mas, na verdade, é melhor dizer que tem sido um tempo de aprendizado, pois a luta da inclusão continua.
Vivemos dias onde muito se tem falado de inclusão. As Igrejas têm se despertado para essa questão. Aleluia! Mas, é fato que ainda estamos muito aquém do que precisamos ser, é um tema desafiador. É hora de enxergarmos a pessoa com deficiência, sim, a pessoa, não a deficiência.
A Bíblia fala de inclusão? Sim!!! De Gênesis a Apocalipse. Para entendermos sobre inclusão, precisamos nos voltar para a Palavra com um olhar atencioso para as atitudes de Cristo, nosso maior exemplo. Ele amou todas as pessoas, independentemente de suas condições. Ele não amou somente em seus discursos, mas demonstrou na prática o seu amor. Ele trouxe para perto os que eram excluídos.
Cristo é o nosso exemplo e, por isso, precisamos fazer o mesmo. Amar a todos e, amando, vamos incluindo aqueles que têm deficiências, ou transtornos, ou qualquer outra condição.
A Bíblia nos revela que estávamos excluídos da presença de Deus, e Ele em seu grande amor nos incluiu novamente por meio de Jesus, tornando-se homem e morrendo em nosso lugar. Diante dessa realidade, precisamos lembrar da nossa condição, pois enquanto pecadores estávamos afastados do Senhor, mas, no momento que tomamos consciência da nossa condição de pecado, compreendemos que Cristo é o nosso Único Salvador, por isso consciência é a palavra de ordem.
Se todos fomos incluídos no plano de salvação, é necessário que o evangelho seja anunciado a todos (Marcos 16.15). A Igreja precisa estar consciente do seu papel em alcançar todas as pessoas, e assim receber e acolher a pessoa com deficiência, não somente ela, mas também sua família. Muitas vezes a falta de conhecimento tende a levar a Igreja a ignorar tais pessoas.
A inclusão acontece a partir da conscientização de cada um. A inclusão é urgente!
Bibliografia:
BÍBLIA. Bíblia Sagrada. Nova Versão Internacional. Sociedade Bíblica Internacional. Santo André. Geográfica Editora, 2017.