As redes sociais fazem parte de uma revolução estrondosa: mudou a forma como as pessoas se relacionam, como se enxergam, como querem se enxergar, como leem e como escrevem. Embora a Declaração Universal dos Direitos Humanos*, criada em 1948, nunca tivemos tantas oportunidades para fazer valer este direito que diz que:
“Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras”
Mas este direito nos dá o direito de ofender, mentir, magoar pessoas?
E assim, mesmo a Bíblia sendo tão antiga, podemos nos pautar nela para resolvermos a “libertinagem** de expressão” que temos vivido. E mais do que criar uma série de regras sobre como e o que podemos falar, a grande questão é que nela podemos encontrar respostas para o que falamos, como um dos versículos mais falados sobre o assunto:
“Raça de víboras, como podem vocês, que são maus, dizer coisas boas? Pois a boca fala do que está cheio o coração”.
Não colocarei o texto todo aqui, mas a passagem vem bem a calhar com os dias de hoje: Jesus estava sendo acusado de usar o poder do mal para curar! Os fariseus, mestres da Lei na época, já tão desesperados com a fama de Jesus, começaram a apelar.
Temos visto centenas de notícias falsas sobre os mais diversos assuntos: política, economia, saúde, comportamento. Infelizmente, até a Ciência tem sido alvo das chamadas “fake News”.
Sabemos que o que manda neste mundo é o dinheiro e o poder. Desde o influencer que só quer enriquecer até o político que deseja poder, o apoio às notícias falsas está por todos os lados. Mas o que cabe a nós, como educadores cristãos, fazermos diante disto?
Em primeiro lugar: não devemos propagar mentiras! Se recebermos algo pelas redes sociais, devemos primeiro verificar. Fuja da tentação de propagar algo só porque você deseja acreditar naquilo. Propagar a mentira é mentir. E mentir, é pecado!
Uma outra questão envolve a forma como falamos. Muitas vezes, no calor da emoção, falamos, ou melhor, escrevemos coisas sem pensar. E por mais que em alguns casos, possamos apagar, o estrago no relacionamento já estará feito. E novamente, a Palavra de Deus tem algo a nos dizer:
“Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Quem fala mal de um irmão e o julga, fala mal da lei e a julga. Se julgas a lei, já não és cumpridor da lei, mas juiz” (Tiago 4:11).
Toda palavra má que professamos contra alguém, faz parte de um julgamento que fazemos sobre ela. E, como o julgamento só cabe a Deus, não podemos usurpar este lugar.
Temos a liberdade de usarmos as redes sociais, mas não podemos usar esta liberdade para disseminar ódio e engano. Deus nos chamou para a verdade. No entanto, ela não precisa ser dita da pior maneira. Quanto a isto, temos o desejo de um salmista para nos espelhar:
“As palavras da minha boca e a meditação do meu coração sejam agradáveis na tua presença, SENHOR, minha rocha e meu redentor!” (Salmos 19.14).
Por último, embora o Evangelho não seja uma lista de coisas que podemos ou não fazer, podemos usar como boa “peneira” para nossas postagens nas redes sociais o que está em Filipenses 4.5-9. Texto profundamente belo e desafiador:
“Seja a vossa bondade conhecida por todos os homens. O Senhor está perto. Não andeis ansiosos por coisa alguma; pelo contrário, sejam os vossos pedidos plenamente conhecidos diante de Deus por meio de oração e súplica com ações de graças; e a paz de Deus, que ultrapassa todo entendimento, guardará o vosso coração e os vossos pensamentos em Cristo Jesus. Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai. O que aprendestes, recebestes, ouvistes e vistes em mim, tudo isso praticai; e o Deus de paz estará convosco”. (Filipenses 4.5-9).
Para saber (um pouquinho mais):
Libertinagem** – Termo oriundo do francês “libertinage”, que significa devassidão e é a característica de alguém que vive uma vida de libertino. Muitas pessoas consideram a libertinagem o oposto da liberdade. Foi neste sentido que empreguei a palavra. Se você não usa a liberdade de expressão de forma correta e justa, vira apenas uma devassidão do seu direito.
Notícias falsas*** – Se você quiser ser justo e não ferir seus princípios, acesse sites especializados para saber se o que recebeu é verdadeiro. Um dos mais utilizados é o https://www.boatos.org/, que trabalha com isto há anos. Geralmente, quando você recebeu, é porque a notícia circula já faz um tempo. Aí é só você entrar neste site e geralmente, ela estará lá. Ou copie e cole no Google a mensagem que recebeu, coloque um sinal de + e digite “boato”. Geralmente, o boato já aparece com a verdade descoberta.
A liberdade de expressão é um direito fundamental consagrado na Constituição Federal de 1988, no capítulo que trata dos Direitos e Garantias fundamentais e funciona como um verdadeiro termômetro no Estado Democrático. Quando a liberdade de expressão começa a ser cerceada em determinado Estado, a tendência é que este se torne autoritário. A liberdade de expressão serve como instrumento decisivo de controle da atividade governamental e do próprio exercício do poder. O princípio democrático tem um elemento indissociável que é a liberdade de expressão, em contraposição a esse elemento, existe a censura que representa a supressão do Estado democrático. A divergência de ideias e o direito de expressar opiniões não podem ser restringidos para que a verdadeira democracia possa ser vivenciada. Fiquemos de olho, pois manifestação, greve, protesto faz parte de qualquer ambiente democrático, beleza?