Pretendo com esse ensaio abordar um tema de interesse do professor e do aluno, que lidam no ministério de ensino na igreja local, ou seja, lições da aula na Escola Bíblica. Mediação do professor e o protagonismo dos alunos. Diferente da gestão da sala de aula, a aula tem sido objeto de estudo e reflexão por parte dos educadores cristãos. De modo que no mês da Escola Bíblica Dominical (EBD), 4º domingo de abril, pretendo tecer algumas considerações sobre os princípios e as relações presentes na sala de aula na Escola Bíblica, um olhar e uma escuta atenta por parte dos sujeitos do processo ensino aprendizagem.
Começo abordando a ideia de “lições da aula”, em outras palavras, é necessário compreender a natureza da missão e a visão da igreja como agência do Reino no ministério de ensino na medida em que podemos aprender com os irmãos mais experientes na fé, homens e mulheres piedosos e tementes a Deus, engajados na obra e dependência do Espírito Santo no exercício dos seus dons para o ministério do ensino bíblico, sinalizando as possibilidades para desenvolver metodologias inovadoras em nossas aulas e identificando trilhas viáveis a fim de empreender o processo de aprender a ensinar, aprender a aprender, aprender a pesquisar e aprender a pensar. Nas lições das aulas o processo ensino aprendizagem não está limitado ao tempo e ao espaço da sala de aula. Em razão disso, sinalizado no ensaio anterior a necessidade de repensar a noção de espacialidade e temporalidade da sala de aula, partindo do pressuposto que se aprende em qualquer lugar e tempo. Em outras palavras, a aula preparada pelo professor com ou sem a participação direta dos alunos, não se limita às quatro paredes da sala de aula. Diria que irá extrapolar, na medida em que passamos a compartilhar com outras pessoas o que aprendemos sobre os assuntos tratados e não debatidos ou aprofundados na sala de aula.
Considera-se a importância de planejar a aula com bastante antecedência a fim de evitar o improviso. Trata-se de uma das competências e habilidades do professor, intransferível. Mesmo assim, na execução da aula propriamente dita, depara-se com o elemento da imprevisibilidade. Ou seja, nem “tudo” que foi pensado, como se isso fosse possível ensinar, fosse dado em sala de aula. Em outras palavras, professor e alunos trazem outras informações, conhecimentos e saberes para a lição da aula. Algo que enriquece a troca de experiências e conhecimento de todos.
Em lições da aula considera-se a maneira pela qual o professor registra, tece a aula como um artesão, algo sui generis, uma expressão do latim que significa “de seu próprio gênero”, o conteúdo do conhecimento bíblico, isto é, dependendo do livro da Bíblia que se está estudando na Escola Bíblica, como se faz da leitura, a construção do processo ensino e da aprendizagem e os meios de conhecê-lo com maior profundidade e rigor, já que, quando se trata do rigor e de profundidade no estudo da Bíblia, percebe-se que está diminuído, desafiando a própria fé e a espiritualidade superficial dos nossos dias. Alguém já disse que “uma pessoa pode aprender fatos teológicos sobre Deus sem amá-lo, mas, ao mesmo tempo, não é possível amar a Deus sem conhecê-lo.” Segundo John Stott, no livro: Para entender a Bíblia, conclui que “os segredos da maturidade cristã estão prontos para serem descobertos nas Escrituras por todos aqueles que os buscam. Há uma amplitude na Palavra de Deus que poucos de nós conseguem depreender, uma profundidade que raramente sondamos.” Eu creio que os crentes estão almejando participar de uma aula na Escola Bíblica que proporcione crescimento e desenvolvimento espiritual a respeito de Jesus Cristo, Filho de Deus que se revelou a nós. Em lições da aula, nenhum professor da Escola Bíblica irá ministrar a mesma aula sempre. A aula ministrada, cuja fonte é a própria revelação de Deus, é uma obra prima produzida por um professor e alunos, aprendizes, inspirados, uma aula construída com compaixão, graça e iluminação do Espírito Santo. Compreendo que caso o professor faça opção pela ministração de uma aula expositiva dialogada, considerada como uma metodologia ativa desde que o professor consiga instaurar dinâmicas de interação entre todos os componentes da aula: professor, ambiente, conhecimento e principalmente os alunos.” Ressalto que a aula expositiva é uma técnica de ensino transmissiva, mas na medida em que o professor adotar a metodologia ativa de aprendizagem aliada às tecnologias digitais, como a modalidade da sala de aula invertida, o Espírito Santo, também se colocará ao seu lado.
Ainda sobre a aula expositiva, cabe ao professor ser capaz de atrair os alunos com suas exposições, explicação e aplicações, com palavras simples e de fácil compreensão. Diante de tantas alternativas e tendências pedagógicas, como modificar os modos de aprender e ensinar a Bíblia em nossas Igrejas? Nosso objetivo com a leitura, estudo e o ensino da Bíblia é proporcionar às pessoas amar mais a Deus e ao próximo. Neste sentido, as lições da aula podem contribuir para a transformação de vidas. E a maneira de amar mais a Deus é conhecendo-o cada vez mais.” Uma lição de Escola Bíblica pode fazer enorme diferença na vida das pessoas que buscam conhecer a vontade de Deus em suas vidas. Você que já leu o livro: Ensinando para transformar vidas, Howard Hendricks, publicado em 1991 pela Editora Betânia sabe o que estou tentando dizer.
Segundo Gleyds Domingues (2016, p.22) ao referir-se ao termo ensino, entende-se que a palavra “ensino” vem do latim insignare e significa indicar, assinalar, marcar com um sinal, o que envolve a ação de alguém sobre outra pessoa ou pessoas”. Neste aspecto qualquer que for o método de ensino, deve permitir ao aprendiz, ao discípulo da Bíblia, acessar, conectar-se mais rápido ao que se propõe. Neste sentido o professor precisa pensar e repensar bem, quais métodos de ensino adotar em uma sala de aula no momento de aplicar as lições da aula à vida pessoal dos alunos. Como disse, o professor é um tecelão da aula, sob a direção e orientação do Espírito Santo é quem no processo de ensinar e aprender a Bíblia, vai tecendo o conteúdo do conhecimento, uma verdadeira obra prima. Ele permite que seu conhecimento da doutrina de Deus, constitua a sua autoridade professoral em sala de aula.
Em relação às lições da aula e as metodologias de ensino a serem adotadas, o professor pressupõe que estejam em conformidade com o ministério de ensino da igreja e a própria prática do professor na sala de aula da Escola Bíblica bem como o saber fazer dos alunos. Neste sentido a relação que se prevê, pauta-se pela conexão entre o conhecimento e o conhecedor. Constata-se que a participação dos alunos em sala de aula se restringe a levantar o braço pedindo para participar de discussões suscitadas pelo professor, ou para proferir uma oração, lendo um texto bíblico a pedido do professor. Em termos de participação ativa e dinâmica dos alunos isto é muito pouco. Constata-se que esse aprendizado precisa ser acompanhado pelo professor e compartilhado pelo aluno no dia a dia.
Quando se propõe adotar a modalidade da Sala de Aula Invertida (SAI) na Escola Bíblica e na prática do professor, pela dinâmica desta Metodologia Ativa (MA), o professor juntamente com os alunos deverá se aplicar a desenvolver a aula, no antes, durante e depois de cada aula ministrada. É quando todos vão discutir sobre as facilidades e os desafios de aprender e viver o que está aprendendo no estudo da Bíblia. Nesses exemplos simples, o professor percebe que é capaz dinamizar suas aulas na Escola Bíblica, nos relacionamentos e a comunicação entre todos os envolvidos no processo de aprendizagem.
Nosso objetivo com esse ensaio foi instigar e provocar a participação contínua dos alunos durante todo o processo de aprendizagem da Bíblia. Deve-se considerar que a partir desta modalidade, os alunos tendem a ser mais autônomos, protagonistas, ativos e participativos. Na verdade, o modo de pensar das pessoas sofreu uma disrupção. Por outro lado, as novas exigências impõem o aperfeiçoamento ao longo de toda uma vida cristã no qual os princípios e valores éticos do Reino precisam ser inseridos. No próximo ensaio pretendo abordar o Plano de Aula na Escola Bíblica. Como o professor tem realizado o planejamento de suas aulas na Escola Bíblica?