“Maria, porém, guardava todas essas coisas, meditando sobre elas no coração” (Lucas 2.19)
“[…] E sua mãe guardava todas essas coisas no coração” (Lucas 2.51)
O amor de uma mãe começa muito antes do nascimento do seu bebê, quando a única certeza que ela tem é o exame com resultado positivo para gravidez, apontando para uma grande mudança de vida. Os dias se sucedem e após o primeiro ultrassom o amor solidifica ao ver a imagem ainda informe do bebê e a gestação vai se concretizando. Ao nascer, o choro saudável do recém-nascido é o som enternecedor que acalenta os ouvidos e corações dos papais.
O amor continua em movimento quando no dia a dia a mamãe vai assimilando os conhecimentos que só a prática ensina, como lidar com pequenas alergias, doenças infantis, intolerâncias, alimentos certos na hora certa, cuidados com higiene e ela assimila que o mundo da criança é grande demais e está sempre em cinesia, seja manhã ou noite. Na sucessão dos dias, bebê, mamãe e família vão aprendendo um com o outro e construindo uma relação de amor que os marcará para sempre.
Nos capítulos 1 e 2 de Lucas vemos o amor em movimento de Maria, mãe de Jesus, que após a anunciação da sua concepção virginal do “Filho do altíssimo Deus, o Senhor” pelo anjo Gabriel, ela aceita que se cumpra nela a Palavra de Deus. Algo acima da sua compreensão, mas acima lemos que “Maria guardava no coração” o que via. Pastores e milícias de anjos que o glorificaram com esplendor na manjedoura (v.19) e Jesus, aos doze anos, no meio dos doutores no tempo (v. 51). A vida de Maria seguiu o Mestre até sua morte, tendo sua alma transpassada pela sua morte de cruz.
Cada nascimento traz seus desafios e mesmo as mães mais experientes reaprendem a cada vida que chega. O amor de mãe permanece nas alegrias e perdas, como na maternidade interrompida quando a presença do filho ausente lateja sem fim na alma da mãe enlutada. Quantas mães, sem o apoio necessário, não conseguem enfrentar o difícil desafio diário de criar filhos sozinhas, pois a maternidade é ampla demais e precisa de apoio para que corajosamente possa acalentar vidas.
Muitos de nós tivemos o privilégio de crescer em lar cristão e a Bíblia também nos traz exemplos de mães virtuosas e honradas, que inspiram: “Também recordo a fé sincera que há em ti, que primeiro habitou em tua avó Loide e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também habita em ti” (2Timóteo 1.5). Gosto de meditar sobre Isabel, mãe de João Batista, sobre como seria a mãe de Daniel, que o educou de forma a manter-se fiel mesmo cativo em terra estranha e tantas outras citadas na Bíblia. Testemunhos que falam mais alto do que palavras.
Ser mãe, biológica, adotiva ou de coração não é sempre colher frutos, mas plantar em oração para semear em vida eterna, mesmo que não viva para ver os resultados. À medida em que crescem os filhos fazem suas escolhas, mas o Deus de sua mãe fica latente na sua alma, por seus exemplos de vida e fé. Paulo recomenda: “Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido; pois desde a infância sabes as Sagradas Letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus” (2Timóteo 3.14-15).