“Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora… Estas coisas vos tenho dito por meio de figuras; vem a hora em que não vos falarei por meio de comparações, mas vos falarei claramente a respeito do Pai” (João 16:12, 25)
Na Ciência Física, a partir de um ponto de partida escolhido, um movimento é classificado como progressivo se ele aumenta a velocidade no mesmo sentido em que aumenta o espaço percorrido. O contrário disso é chamado de movimento retrógrado. Tenho a impressão que a sociedade pós-moderna “repousa” neste último. Mas, onde quero chegar com isso? Jesus diz que é aos poucos que Ele vai dizendo as coisas aos discípulos, de forma progressiva, pois havia algumas limitações dos discípulos que os impediam de entender com clareza tudo sobre quem era Jesus e somente aos poucos é que o conheceriam mais e mais.
Para os teólogos a revelação de Deus é progressiva. Neste sentido, é que vemos Deus se revelando aos poucos no decorrer da história. Não compreender isto é também não compreender como Deus é visto no Antigo e Novo Testamento, ao mesmo tempo considerando que Ele é imutável e, assim, nossa percepção de quem Deus é vai mudando com o tempo. Aceita-se também que Jesus é a revelação máxima de Deus, mas que ainda hoje Deus
vai se revelando de alguma forma para nós. A sua Palavra, como nós a conhecemos (a Bíblia), também é considerada como a revelação de Deus, sendo exatamente aquilo que Deus queria que soubéssemos, em nossa limitação, sobre seu plano redentor.
Nossa mente limitada não consegue entender a grandeza de Deus se Ele mesmo não se revelar de forma clara para que o conheçamos. Mesmo sendo Deus, Jesus diz, consolando seus discípulos, que Ele precisava ir para vir Aquele que deveria dar esse conhecimento a partir de uma perspectiva interior. O conhecimento de Deus ou acerca de Jesus não seria somente externo, mas com Seu próprio Espírito habitando neles, os discípulos teriam condições internas de conhecerem a Deus. A limitação física do Jesus homem daria lugar à infinitude do Espírito, pois Ele propiciaria todos os meios para se conhecer a Deus na medida certa.
Além dessa forma de conhecimento para os discípulos que brotaria de uma ação interna, o Espírito seria responsável por alertar e dar conhecimento acerca de si mesmo também ao mundo, pois este seria convencido do seu pecado, que era de não conhecer o Pai nem o Filho; da justiça, a qual o próprio Jesus prefigurava pois era justo e nele não havia pecado; e do juízo, pois em Cristo todas as coisas são julgadas e o príncipe deste mundo (Satanás) já está julgado. O Espírito, portanto, tem a função de dar as provas irrefutáveis sobre quem era Jesus, de modo que não houvesse qualquer contestação. Ao homem cabe, de encontro com essa verdade, cair prostrado ao chão e exclamar: “quem és Senhor?”, e ouvir a voz firme que diz “eu sou Jesus a quem tu persegues”. Desse encontro não resta outra coisa, senão uma entrega pessoal e definitiva a aquele que é justo e justificador de todo homem e mulher.
A revelação se completa com o conhecimento dado pelo Espírito de toda a verdade, que é o próprio Cristo, por isso o Espírito nos guia a Ele. Desde o momento em que o primeiro homem substituiu a verdade de Deus pela mentira de Satanás, a busca pela verdade tem sido a constante para a vida da humanidade. Mas, quando Deus se revela em Cristo, Jesus se manifesta como sendo a verdade de Deus abandonada e o caminho de retorno a Deus Pai. A verdade de Deus é estabelecida nos corações daqueles que têm o Espírito de Deus em si mesmos. É o Espírito que revela quem nós somos e o que devemos ser. Ele vai continuar sua missão num movimento progressivo de revelar quem Jesus é para os que já o aceitaram, do que verdadeiramente este mundo é e da oposição que ele estabelece em relação a Deus, e vai nos guiar a toda verdade em Cristo. Mesmo que as bases tenham sido destruídas, o fundamento sólido que é Cristo está posto. Não há vida, não há verdade fora dEle.