“Um dia, uma pequena abertura apareceu num casulo; um homem sentou e observou a borboleta por várias horas, enquanto ela se esforçava para fazer com que seu corpo passasse através daquele pequeno buraco.
Então, pareceu que ela havia parado de fazer qualquer progresso.
Parecia que ela tinha ido o mais longe que podia e não conseguia ir mais.
O homem decidiu ajudar a borboleta: ele pegou uma tesoura e cortou o restante do casulo. A borboleta então saiu facilmente.
Mas seu pequeno corpo estava murcho e tinha as asas amassadas.
O homem continuou a observá-la, porque ele esperava que, a qualquer momento, as asas dela se abrissem e se esticassem para suportar o corpo, que iria se afirmar a tempo.
Nada aconteceu! Na verdade, a borboleta passou o resto de sua vida rastejando um corpo murcho e asas encolhidas. Ela nunca foi capaz de voar.
O que o homem, em sua vontade de ajudar, não compreendia, era que o casulo apertado e o esforço necessário à borboleta para passar através da pequena abertura era o modo pelo qual Deus fazia com que o fluido do corpo da borboleta fosse para as asas, de forma que ela estaria pronta para voar, uma vez que estivesse livre do casulo”.
O texto acima que servirá de introdução para nossa reflexão é de José Antônio Torres, e que texto extraordinário! Podemos extrair dele algumas lições.
Pois bem, ao ler esse texto, meus pensamentos foram direcionados a pessoas com deficiência, sabe por quê? Porque uma das primeiras lições que o texto me remete é em relação ao capacitismo. Você sabe o que é capacitismo? É o preconceito que tem como base a “capacidade” de outros seres humanos. Principalmente, quando se pensa na parcela da população que possui algum tipo de deficiência. Com base nesse conceito, voltemos ao texto. O homem que observava a borboleta é semelhante a alguns de nós que em nome do amor, cuidado e proteção, achamos que a pessoa com deficiência é incapaz e fazemos tudo por ele, e as vezes estamos fazendo com que problemas futuros surjam, pois nem sempre essas pessoas encontraram outras para ajudá-los. O melhor que poderíamos fazer por eles é dar-lhes autonomia, pois quanto mais a pessoa com deficiência for desafiada a desenvolver tarefas do dia a dia, melhor será para ela.
Uma outra lição a ser observada é o acolhimento dessas pessoas em nossas igrejas, pois algumas já estão se envolvendo com PcD nos cultos. No entanto, o capacitismo ronda nossos ministérios, quando achamos que inclusão e acolhimento é permitir que essas pessoas tenham acesso ao ambiente, mas que na verdade, a inclusão vai muito além, ela diz respeito à equidade, que é dar oportunidade para essas pessoas participarem, serem úteis dentro das suas limitações e permitirmos que os desafios da vida sejam enfrentados por elas, sem que as olhemos como coitadinhas, e quando olhamos para as pessoas com deficiência, mais uma vez o homem do texto vem a minha mente, pois, ao achar que a borboleta não conseguiria sair do casulo, e a ajudou, trouxe problemas para o resto de vida da borboleta. Isso nos mostra que precisamos aprender sobre as demandas de cada deficiência para não fazermos algum manejo que venha a prejudicar a pessoa.
Algumas vezes, o esforço é justamente o que precisamos em nossa vida.
Se Deus nos permitisse passar através de nossas vidas sem quaisquer obstáculos, Ele nos deixaria aleijados. Nós não iríamos ser tão fortes como poderíamos ter sido. Nós nunca poderíamos voar.
Que possamos conhecer as diversas deficiências, como as pessoas pensam e agem, o que são capazes de fazer e assim com eficiência acolher as pessoas com deficiência em nossas igrejas, dando-lhes dignidade, amor e oportunidade de vida eterna.
Referência
https://psicologaclaudiacruz.com/reflexao-a-borboleta-no-casulo/