“Houve um homem enviado por Deus cujo nome era João” (João 1:5)
Os registros no Antigo Testamento mostram que era de grande importância o nome que se dava a alguém ou a alguma coisa. O nome normalmente tinha o significado que envolvia a situação ou a experiência vivida. Hoje, para alguns não há grande importância na escolha do nome considerando o seu significado ou a situação vivida. Assim, existem nomes os mais estranhos possíveis, se bem que hoje a lei permite rejeitar o registro de determinado nome, caso se considere que seja inadequado, cause constrangimento ou vexame. Na época em que foi escrito o Novo Testamento não havia essa lei e não era incomum o filho receber nomes estranhos ou receber o nome do pai, como ainda hoje se faz.
João é um nome de origem hebraica e significa “Jeová é um doador gracioso”. João era filho de Zacarias (“lembrado por Jeová”) e de Elisabete (Isabel = “juramento de Deus”). Quando João nasceu, ambos eram já eram de idade avançada, daí não seria estranho a escolha do nome para o filho. Mas, a escolha do nome não foi deles, mas do próprio Deus, que enviou o anjo Gabriel (“homem de Deus”) e anunciou a Zacarias o nome da criança que nasceria. Gabriel não só deu o nome à criança, mas traçou os passos que o menino seguiria e sua missão. Como era costume na época, o nome da criança era dado ao oitavo dia, quando da sua circuncisão. Tentaram pôr o nome do pai, Zacarias, mas os pais da criança, seguindo a ordem divina, deram-lhe o nome de João.
A escolha do nome para a criança expressava o favor não só para os pais, que na velhice tiveram um filho, mas o favor de Deus para com toda uma nação e toda a humanidade. João se incumbiria de apresentar a misericórdia de Deus sendo cumprida na pessoa de seu Filho Jesus (“Jeová é salvação”). Veja o desenrolar dos fatos: um homem lembrado por Deus (Zacarias), casado com uma mulher que era fruto de um juramento (Isabel), é visitado por um homem de Deus (Gabriel) e avisado que Deus, um doador gracioso (João), daria um filho ao casal e que
este filho seria o anunciador de que Deus é salvação (Jesus) para o povo.
Não temos relatos detalhados da infância de João, a não ser dele já grande e cumprindo a missão que lhe fora dada, de modo que coube a ele anunciar, proclamar a presença do Deus-homem àquela geração. João teria o papel de precursor de alguém que detinha a primazia em todas as coisas, tanto que ele mesmo declara não ser digno nem de desatar-lhe o cadarço das sandálias. João tinha muito bem definido o seu propósito de proclamar a vinda do que era maior do que ele. Ele se submeteu completamente à orientação divina para cumprir o que lhe
fora designado. Para Jesus, não havia ninguém maior do que João, pois fora alguém que cumpriu o caminho que lhe fora proposto, sem qualquer reserva.
João foi um profeta “contra” o sistema, não “do” sistema. Não dá para anunciar o reino de Deus servindo ao mundo. É exatamente o que o evangelista João vai descrever em todo o seu evangelho, dito nas palavras de Jesus que ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro (Mt 6:24). Ou somos alguém que fala contra este mundo (sistema que se opõe a Deus) ou nos redemos a ele. João tinha tanta clareza do que tinha de fazer! Mas as pessoas ao redor dele, não! Achavam que ele era o Messias que viria, ou
Elias, ou o profeta prometido e o questionam, mas com toda a sobriedade ele diz, não, não sou nada disso! Eu sou a voz que preanuncia a salvação de Deus chegada ao mundo. Eu sou aquele que anuncia a intervenção de Deus na história, que o Deus criador agora é manifesto em carne e osso. João não era quem esperavam que fosse, mas era quem Deus esperava que seria!