Segundo (WAGAR, apud LITTO, p.61), “não é missão da educação preparar os alunos agora para viver num contexto futuro, pensando não apenas nas suas vidas pessoais e profissionais, mas também nas sociedades em que pretendem viver?”.
Passando por Anfípolis e Apolônia, chegaram a Tessalônica, onde havia uma sinagoga dos judeus.
Segundo o seu costume, Paulo compareceu à reunião deles, e por três sábados examinou com eles as Escrituras, explicando e demonstrando que era necessário que o Cristo sofresse e ressuscitasse dentre os mortos. E dizia: Este Jesus que eu vos anuncio é o Cristo. E, de noite, os irmãos logo enviaram Paulo e Silas para Beréia. Quando lá chegaram, foram à sinagoga dos judeus.
Os de Beréia tinham mente mais aberta que os de Tessalônica, pois se mostraram muito interessados ao receber a palavra, examinando diariamente as Escrituras para ver se as coisas eram de fato assim. (Atos 17.1-3; 10,11)
Novas tendências na educação cristã, como vimos no texto deste blog em dezoito de setembro, traz os impactos e as profundas implicações e possibilidades para a igreja, bem como o ministério da educação cristã e a pessoa e ministério do educador cristão e demais professores. Cientes disto, é preciso ter a “mente mais aberta”, já que estamos falando de cosmovisões cristãs em curso na sociedade.
Neste texto vamos refletir sobre o perfil do educador cristão e demais líderes da igreja local.
No atual contexto de complexidade e incertezas e dos avanços tecnológicos no século XXI, impõem-se ao educador cristão e ao professor da Bíblia, uma atualização constante, de modo a incorporarem novas metodologias ativas conectadas às tecnologias de comunicação digital no ensino da Bíblia em seu cotidiano, sua prática educativa.
É necessário ampliar o repertório bíblico teológico, tecnológico, metodológico e teórico prático do educador cristão, pastor e demais líderes da (na) igreja, face às nossas exigências, com relação às competências conceituais, procedimentais e atitudinais, mas principalmente com relação a hermenêutica bíblica, isto é, sua capacidade de apreender, interpretar e sua aplicabilidade no dia a dia. Assim como fizemos na primeira e segunda aula, chegou o momento de elaborar dois parágrafos tendo como referência os principais assuntos tratados neste curso: novas tendências na educação cristã.
A aprendizagem continuada das pessoas no serviço cristão na igreja exigirão domínio de metodologias e estratégias emergentes, bem como a leitura e meditação da Bíblia. Os avanços das tecnologias impõem três tipos de efeitos: 1) alteram a estrutura de interesses (as coisas em que pensamos); 2) mudam o caráter dos símbolos (as coisas com as quais pensamos e 3) modificam a natureza da comunidade (a área em que se desenvolve o pensamento.
Aspectos conceituais como: competências, educação por competências estão presentes neste cenário em constante transformação. Competência pedagógica, técnica, ética e estética. Como disse o apóstolo Paulo “Não que sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se viesse de nós mesmos, mas a nossa capacidade vem de Deus” (2Co 3.5). O desenvolvimento de competências e habilidades digitais (saber fazer, agir) no serviço cristão na igreja é uma exigência e uma condição para o exercício do ministério cristão.
Reconheço que não disponho de conhecimentos e nem habilidades digitais, mas tenho desenvolvido uma atitude de inquietação como estudioso e pesquisador do campo da educação em geral e cristã. Saber que Deus tem dado sentido e significado ao ministério de muitos de seus filhos para proclamar o Evangelho. Alguém já disse que “trabalhar para Deus é fácil, mas trabalhar com Deus e através de Deus requer algo mais”.
Tendo em vista a formação integral dos sujeitos do processo ensino aprendizagem: professor e aluno, bem como a integração do saber teórico, procedimental e atitudinal (saber ser ou conviver) da Bíblia, cabe aqui a construção de um mapa social que ofereça a recomendação de Estratégias Pedagógicas (EPs), ao professor a fim de identificar o perfil de cada aluno e/ou turma e planejar práticas pedagógicas, enquanto práticas sociais focadas em suas necessidades.
Lembre-se que a diversidade de interesses, preferências e perfis (sociais, afetivos e cognitivos) dos usuários, vem na contramão da padronização e uniformização do ensino, viés tradicional. Sem mudar a cultura organizacional das igrejas e das pessoas, pastores, educadores cristãos e demais líderes vamos avançar, mas lentamente, na prática educativa dos professores e na postura e comportamento dos alunos, membros de nossas igrejas. Trata-se de mudança de mindset (mentalidade) no nível individual e mudança de percepção (rebranding learning), na cultura organizacional das igrejas e líderes, na busca de cursos básicos que propõem o desenvolvimento de competências tecnologias e das metodologias ativas.
Para Martha Gabriel, “A hiper conexão (causada principalmente pela banda larga e a mobilidade), a disponibilidade e o acesso aos conteúdos (alavancados pela big data e pela cloud computing), somados às tecnologias inteligentes criativas (possibilitadas pelo avanço da inteligência artificial), têm modificado a forma como as pessoas obtêm, trocam e criam informações”.
No primeiro texto desta série fiz uma ponderação: se considera um “otimista” ou teme pelas consequências em com relação às novas tendências na educação cristã na contemporaneidade? Quero considerar que deparamos com ameaças voltadas para a individualização, (in) fidelização a um determinado grupo e/ou pessoas que passam a exercer certa influência sobre o pensamento, e às ideias dos outros. Um risco à eclesiologia saudável e equilibrada na igreja. Diante deste cenário, cabe ao pastor, educador cristão filtrar e agir como os bereanos, “examinando diariamente as Escrituras para ver se as coisas eram de fato assim”.
Conforme Rui Fava (2015), desde a gênese do quadro negro, da chegada do retroprojetor, da invenção do projetor multimídia, o foco da tecnologia estava na transmissão dos conteúdos. Com a disseminação dos computadores, big data, Inteligência Artificial, o desafio agora é como acessar, escolher, adotar, aplicar a informação correta. Você se vê desafiado?
Novas tendências na educação cristã, traz algumas abordagens emergentes de design centradas nas pessoas, traz séries de implicações na adoção de Metodologias Ativas. Ao mesmo tempo reconhecer o novo ecossistema de educação, como a micro aprendizagem, ambientes imersivos, a customização de conteúdos e o design instrucional orientado a dados. Ou seja, uma mentalidade analítica baseada em dados.
Sugiro a formação de uma equipe de trabalho com atribuições e responsabilidades de acompanhar todo o processo de implantação das tecnologias de comunicação digitais no estudo da Bíblia, plataforma Moodle, Teams, metodologias ativas.
Combinar atividades adotando diferentes espaços pedagógicos de maneira híbrida. Neste sentido, os alunos fazem a leitura da Bíblia e da(s) lição (es) e recebem o acompanhamento do professor. As Tecnologias de comunicação digital permitem “estar juntos” de forma híbrida. É importante que os alunos naveguem, isto é, tenham acesso ao material de estudo através da plataforma/ferramentas digitais.
Considerações Finais:
Vimos que aprendizagem permanente e/ou continuada e o conceito de competências já é uma realidade. O mapa social como alternativa à recomendação de estratégias pedagógicas (EPs). A diversidade de interesses, preferências e perfis (sociais, afetivos e cognitivos) dos usuários impõe um novo hábito na educação cristã.
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