O pastor é conhecido pelo que sabe e, também, pelo que ensina. Certamente a saúde teológica da igreja está firmada no que é pregado no púlpito, e que por vezes ecoa dentro da comunidade gerando firme convicção da teologia bíblica. Por esse meio ele transfere fundamentos da fé aos congregados.
O pastor tem muito a nos ensinar do púlpito e, como resultado, tornar o ensino/aprendizado das Escrituras, profundo e eficaz. Uma das coisas mais complicadas talvez seja encontrar um caminho de conexão entre o púlpito e a vida educacional da igreja, de forma a criar continuidade e a diminuir ruídos na transmissão do ensino eclesiástico.
O apóstolo Paulo ordena ao jovem Timóteo “prega a palavra, insiste a tempo e fora de tempo, aconselha, repreende e exorta com toda paciência e ensino” (2Timóteo 4.2). É no púlpito que se inicia o aprendizado congregacional, é dele que deve fluir alimento doutrinário firmado nas Escrituras, a exposição da Palavra é a referência do que a congregação irá seguir.
Mas, o púlpito por si só não satisfará todas as necessidades de conhecimento da congregação. Assim, o pastor precisa ser apaixonado pelo ensino e, como para qualquer outro trabalho ministerial, ele deve estar disposto a se envolver na construção do currículo educacional de sua igreja, a fim que o que o conhecimento transmitido às classes e turmas de aprendizagem seja um link direto do que é pregado no púlpito.
Em outras palavras, o pastor tem papel fundamental na transferência de conhecimento realizado dentro da igreja, sua convicção teológica se torna a base para a convicção no coração do povo de Deus. Certamente, é o Espírito Santo que completa o entendimento da Palavra. Porém, é do pastor a responsabilidade de subsidiar, sistematizar e promover a elaboração de um currículo educacional cristão, o qual atenda às demandas de conhecimento bíblico, da fé e da vida cristã da igreja local.
Apesar de que o pastor deva ser o agente inicial no ensino das Escrituras, o compromisso pertence a toda igreja. Podemos encontrar vestígios de um ministério de ensino nos primórdios da igreja em Atos 13.1. Segundo o Dicionário Strong, a palavra aqui traduzida para mestre é didaskalos – “alguém que é qualificado para ensinar, ou que pensa desta maneira”, demonstrando que a igreja estava comprometida com ensino fiel da Palavra.
Há muito a ser dito sobre a importância do pastor como educador e de como a igreja local pode desenvolver esse ministério. Não objetivamos dirimir o assunto neste texto, todavia apresentamos, de forma sucinta e denodada, 3 passos fundamentais para o pastor desenvolver um ministério de educação cristã forte em sua igreja.
- MOSTRAR O CAMINHO
Essencialmente, a educação cristã objetiva transmitir a tradição cristã de uma geração para a outra. Para que isso aconteça eficazmente, o pastor deve criar uma equipe de gestão pedagógica, a qual elaborará processos educacionais fixados nas verdades bíblicas ao mesmo tempo que dialogam com diversas realidades socioculturais inseridas dentro da igreja e na comunidade local da qual ela faz parte.
Esse caminho refletirá em programa curricular que atenda as demandas específicas da comunidade de fé e, dessa forma, o pastor, enquanto responsável pela teologia que é ensinada, pode criar conexões entre o púlpito e o que é ministrado em sala, cultivando a fidelidade à Palavra.
- SELECIONAR PESSOAS FIÉIS
Criar uma equipe pedagógica inicia-se com a seleção dos voluntários, pois tanto na pregação do púlpito quanto no ensino congregacional o Espírito Santo usa homens e mulheres como instrumentos propagadores das doutrinas bíblicas. Isso significa que os membros daquela equipe e os professores cristãos devem estar submetidos ao Espírito, na certeza de que Sua presença se faz real nas atividades da sala de aula.
Concomitante a isso, cada igreja possui sua declaração de fé, estatuto ou diretriz eclesiológica, mas nada substitui o novo nascimento como requisito básico para fazer parte da equipe educacional, ou seja, pedagogos e professores devem ser convertidos e batizados. Assim é responsabilidade do pastor supervisionar, com base nas Escrituras, a indicação daqueles que irão compor o corpo educacional da comunidade.
- ENSINAR A ENSINAR
Na ausência de pessoal gabaritado, o pastor deve conduzir os voluntários a estarem aptos ao ensino. Discipulando e ensinando-os em áreas como doutrina bíblica, psicologia educacional e educação nos vários níveis de idade e experiência para que eles sejam capazes de facilitar o aprendizado dos alunos, não obstante, atestar que seus professores têm conhecimento e clareza doutrinária para lidar com questões básicas de fé e conduta.
O pastor deve estar atento à qualidade do ensino que é aplicado, para que com o passar do tempo haja o aperfeiçoamento do programa educacional da igreja. Isso manterá a grade curricular sensível à evolução e ao aprimoramento dos temas tratados, de forma que o ensino esteja diretamente ligado às necessidades do povo de Deus e não a matrizes curriculares alheias à realidade local.
Destarte, o pastor como agente educador deve desenvolver seu ministério dentro de uma visão voltada para a teologia da educação cristã, pois sem ela é difícil visualizar as pregações indo além do púlpito e alcançando ensinos mais consistentes, sem que haja um processo claro e metodológico do como e do que a igreja pretende ensinar.
Dessa forma haverá fluidez e fidelidade no que a congregação aprende, e mesmo que para isso faça-se necessário lançar mão de técnicas modernas de ensino/aprendizagem, a teologia bíblica aplicada no púlpito manterá o norte em Jesus e na Palavra, ao passo que o pastor sustenta sua responsabilidade com Deus de ensinar a palavra “em tempo e fora de tempo”.