“Depois, levaram Jesus da casa de Caifás para o pretório. Era cedo de manhã. Eles não entraram no pretório para não se contaminarem, mas poderem comer a Páscoa.” (João 18:28)
Não era à toa que Jesus chamava os fariseus de hipócritas. Jesus por várias vezes os advertiu severamente, criticando-os e revelando suas verdadeiras intenções. O evangelho de Mateus dedica um capítulo inteiro para mostrar a crítica que Jesus fazia deles (Mt 23). Nos “Ais” que Jesus os adverte, há um deles que cabe exatamente com o acima: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque limpais o exterior do copo e do prato, mas estes, por dentro, estão cheios de rapina e intemperança!” (Mt 23:25).
Os fariseus estavam tão cheios de ódio que não conseguiam nem um pouco diferenciar a sensação que sentiam, entre a loucura que estavam para cometer e a loucura de guardar um preceito inocuamente. Estavam tão preocupados em não se contaminarem, pois, segundo a lei deles, eles deviam se abster, para poderem comer do cordeiro pascal, de qualquer porção de fermento. Daí, nem mesmo entravam na casa de um gentio, com o que já estariam se contaminando, pois lá também poderia ter massa levedada. Assim, como uma luva, os ensinos de Jesus sempre os condenavam, pois cuidavam do exterior, enquanto o interior estava podre.
Fácil a gente ler o texto e condenar os fariseus por suas atitudes, mas não devemos esquecer que junto deles estavam também seus seguidores, cegos de igual modo, pois eram guiados, como vai dizer o apóstolo Paulo, por guias de cegos (Rm 2:9). Vou um pouco mais além, muitas vezes estamos também nesse barco, pois tachamos regras para serem cumpridas e nós mesmos as quebramos. Ou inventamos situações e as impomos sobre as pessoas, sem que nós mesmos as possamos cumprir. A crítica de Jesus a tudo o que isto representava continua se estendendo até hoje, pois como os fariseus, às vezes cuidamos do exterior enquanto o interior está apodrecendo.
Estar vigilante e dar ouvidos à voz do Mestre é o remédio adequado para tratarmos desse problema. Às vezes estamos tão preocupados em fazer o que achamos que é correto, baseados naquilo que formulamos como sendo o certo, que cometemos várias atrocidades e muitas vezes em nome de Deus, a quem servimos ou achamos que servimos. No entanto, com nossos atos, fazemos exatamente o contrário e não percebemos que corremos o risco de estar sacrificando novamente o Filho de Deus. Como se dá isso? Quando estamos mais preocupados em mostrar aos outros o que de fato não somos; quando o que fazemos é no fundo para nossa própria glória; quando não damos ouvidos à Palavra de Deus e nem ao seu Santo Espírito, mas resolvemos viver do nosso próprio modo, baseados nas nossas próprias crenças, nas nossas próprias regras.
Os judeus estavam tão cegos que não conseguiam ver o que estavam fazendo, que estavam a ponto de crucificar o Filho de Deus. Mas, baseados numa tradição, já não mais com o mesmo significado de quando foi instituída, estavam deixando de lado o verdadeiro Cordeiro pascal. Aquele que como João Batista declara, era o verdadeiro Cordeiro de Deus, capaz de tirar todo o pecado do mundo. Estavam completamente cegos e, apesar de todas as evidências que revelavam Jesus como o Cordeiro pascal, levaram a cabo o que planejaram e mataram o Filho
de Deus. Devemos nos cuidar para não irmos na mesma direção, vestidos de hipocrisia, defendendo algo que em si mesmo já nos condena. Que as pequenas ou grandes coisas que aceitamos como verdadeiras não sejam o que nos levem à condenação, por nos afastarem do verdadeiro Cordeiro que tira o pecado do mundo!