“Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome.” (João 1:12)
Quando eu era estudante de pós-graduação não era incomum ouvir que os alunos eram referidos como filhos de seus mestres, porque estes, pela sua instrução, educavam as mentes de seus alunos. Isso acontece comumente nas universidades, na graduação ou na pós-graduação. Entretanto, todos sabiam o significado do termo e que o mesmo não expressava que o aluno era de fato, em termos de concepção, filho de algum professor, resguardado, é
claro, o que era real parentesco parental. Onde quero chegar? Na mesma relação que podemos adotar para a declaração que João usa de “filhos de Deus”. Será que todos, de fato, são filhos? Será essa mesma a situação de toda a criação? Digo em relação à humanidade.
Há uma especificidade muito importante que o evangelista ressalta em seu texto e que está declarada acima, a saber, que filhos são os que “creem no seu nome”. Um professor tem vários alunos, mas os que são chamados “seus filhos” são os que estão perto dele, os que estão envolvidos num processo de formação, instrução específica, o que normalmente se dá com a participação em projetos específicos. De certa forma, o aluno é escolhido pelo professor para participar, para desenvolver uma atividade de pesquisa em específico. Para João, os filhos são os que estão envolvidos numa atividade muito específica, a de crer.
É bom que fique bem claro que crer não é só uma questão de intelecto e envolve mais que uma experiência emocional ou psicológica! Envolve algo especial que vem da parte de Deus. No ato de crer há uma ação especial do Espírito Santo de Deus, confirmando, possibilitando, esclarecendo para o passo seguinte, o de crer. Assim, depois de uma exposição fidedigna do evangelho, nada de incomum perguntar se “você não quer aceitar a Cristo?”. Mas, o que está envolvido neste “aceitar”? Aceitar significa fazer uma confissão cristã completa. É fazer
afirmações acerca da pessoa de Jesus, explícitas e implícitas. Algumas, no primeiro momento, mais implícitas e que só serão esclarecidas e entendidas depois.
É uma afirmação que o homem Jesus é quem diz ser quem é. É reconhecer que ele é o Filho de Deus encarnado, concebido pelo Espírito Santo e nascido de Maria; que tem duas naturezas em uma só pessoa; que é quem criou todas as coisas e sem ele nada do que foi feito se fez; que ele é a Palavra, o Verbo divino; que ele é quem pagou o preço pela minha libertação; que fez o sacrifício perfeito, único e necessário; que sem ele o homem é escravo do pecado e está condenado; que ele é o Senhor da glória; que ressuscitou de entre os mortos; que foi assunto
aos céus; que vai voltar outra vez para buscar sua igreja e leva-la para estar para sempre com ele. Isto é o que está envolvido quando alguém diz eu aceito a Cristo. É dizer com clareza “Jesus é o Senhor” (I Cor 12:3), pois isso é ação do Espírito de Deus no homem.
Assim, João afirma que nem todos são filhos, pois esses são os que aceitaram (receberam) a Cristo. No fundo todos querem ser filhos de Deus, mas os que creem são os que de fato são os filhos. Essa é a possibilidade que foi dada, por isso, João diz que “todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus”. Poder está significando possibilidade, é Deus agindo de misericórdia e concedendo ao homem a possibilidade de ser filho. É a criatura que se volta para seu criador e este a transforma em filha de Deus. Deus dá um novo significado à vida, dá um novo senhorio e a possibilidade do servo ser transformado em amigo, e este passa
a compartilhar dos planos de Deus. Você já é um filho de Deus, confirmado pelo Espírito Santo que habita em você? Você já aceitou a Cristo, fazendo uma confissão verdadeira?