“Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou.” (João 1:18)
“Para termos nós com Ele, / Franca e doce comunhão; / Cristo, o Filho fez-se carne, / Fez-se nossa redenção; / Para que na glória eterna, / Nós miremo-Lo sem véu; / Cristo padeceu a morte, / Nova entrada abrindo ao céu.” (Deslumbrante, n o 96, Cantor Cristão). Este é um belo hino que expressa muito bem o que o evangelista João exprime em seu evangelho. Foi necessário que Deus se revelasse em Jesus, o Cristo, para que pudéssemos contemplá-lo. Existe uma limitação que nunca deixaremos de ter, contemplar a Deus! Não sei como será na
presença dele, mas nós deveremos gozá-lo para sempre!
Uma vez li um texto que fazia um questionamento do tipo “como explicar a mundo bidimensional a existência de um mundo tridimensional?”. Este é um desafio, pois quem vê em apenas duas dimensões, não consegue imaginar o que seria um universo em três dimensões, ou, comparativamente, quem não tem o Espírito de Deus não consegue pensar em coisas espirituais, não consegue explicá-las, nem mesmo crer na existência delas. O
materialista abdica das questões imateriais, pois o que lhe vale é o que pode experimentar, tocar, sentir e explicar do se vê. Mas, até mesmo a medicina já descobriu a importância das questões espirituais para o tratamento de determinadas patologias.
Pois bem, a afirmação que João nos coloca é que Deus foi visto em Jesus. Mais ainda, ele diz que se não fosse assim, não seria possível que Deus fosse conhecido. Há uma impossibilidade física de se ver a Deus como ele é; assim se Jesus não tivesse vindo e nos revelado do Pai não teríamos qualquer condição de fazê-lo. Somente quem tem o convívio com Deus (´que está no seio do Pai`) é que pode falar como ele é, o que ele pensa e dar todas as características para que o conheçamos. Não há conhecimento de Deus fora do que ele mesmo revelou em Jesus!
Talvez se argumente que podemos conhecer a Deus por meio do universo criado. De fato, podemos ter um certo conhecimento sim. Mas o mesmo é limitado, pois a criatura não consegue expressar tudo o que é o criador e ela mesma não foi feita para isso. Há um limite em que podemos ter conhecimento de Deus por meio de sua criação. É o que normalmente se diz que para conhecer a Deus é necessário de uma revelação especial e essa só vem por meio de Jesus Cristo. E por que só assim é possível? João mesmo responde, é porque Jesus é o Deus unigênito e estando no seio do Pai é que pode revelar quem Deus é. Isso vale para toda a humanidade antes da vinda de Jesus, quanto para a humanidade depois da vinda dele. Deus mesmo estabeleceu o modus operandi de termos conhecimento efetivo dele, que não nos trouxesse dúvidas acerca de sua pessoa.
Moisés foi alguém que pediu para ver Deus face a face, mas Deus pela sua misericórdia lhe dá a visão do Filho, dando-lhe a visão do seu dia. Pela fé os que creram na promessa antes dela se cumprir foram justificados e os que creram e crerão depois que a promessa se cumpriu são os que também são justificados (Hb 11). Não é de admirar que o apóstolo Paulo expresse, depois de anunciar a mais bela mensagem de salvação, “Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Rm 11:36). Em Jesus nós temos
toda a expressão do ser de Deus, pois Ele é o Deus unigênito e é quem nos revela tudo o que podemos conhecer acerca de Deus. Embora não possamos contemplar Deus em toda sua formosura, podemos olhar para Jesus e nos satisfazer. Assim, à pergunta acima, cabe a resposta “os que olham para ti através do Filho, o Deus unigênito, aquele que revela o Pai”. Jesus é quem pode comunicar os atributos de Deus a nós, o que é imaterial se torna palpável.