Um dos filmes antigos que já assisti foi “O Exterminador do Futuro” (1984). Em resumo, o longa-metragem narra a história de um robô “mega moderno”, com tecnologia ainda não pensada e conhecida, que viaja do futuro para eliminar uma mulher que daria à luz o líder da resistência em um tempo em que as máquinas dominam tudo. Embora pareça uma história inimaginável para a nossa compreensão, ela contém uma verdade inquietante: destruir o presente para não haver futuro.
Ao refletir sobre isso, é possível conectarmos essa ideia ao Ministério com Crianças das igrejas atualmente. É evidente que, ao observarmos, essa ferramenta da educação cristã tem sido destruída aos poucos, visto que hoje ela é, muitas vezes, limitada. O trabalho é feito apenas entre as quatro paredes, os líderes, apesar de amarem o serviço, não possuem um bom preparo, os diversos materiais usados não são analisados de maneira profunda e existe uma insistência em ter cada vez mais cores, luzes e emoção ao invés de verdadeiras decisões de tornar as crianças discípulos de Cristo.
Na prática, podemos facilmente notar em muitas igrejas uma estrutura comum: um professor, um “cultinho”, uma história e um trabalhinho. E não se trata de demérito, mas uma realidade. Sei que, ao ler isso, você pode ter pensado: “Eu não faço assim!”, “Em minha igreja é diferente” ou “Aqui nós investimos no ministério infantil!”. Porém, é essencial olharmos mais a fundo para esse trabalho e nos perguntarmos se ele está sendo feito conforme o modelo de Jesus.
Antes de continuar, irei retornar rapidamente ao nosso título e explicar o que significa reducionismo. A palavra vem do latim “reducere” e é um verbo, ou seja, uma ação. Ela traz o sentido de “reduzir” ou “levar de volta”. Com isso, proponho refletirmos sobre o que precisamos retornar ao presente para termos esperança no futuro.
- Precisamos levar de volta o Ministério com Crianças para o modelo de Cristo
A compreensão da palavra “modelo” precisa ser melhor entendida. Esse termo significa que vamos criar a partir de algo ou alguém. Desejamos que as crianças conheçam, vivam e sejam como Cristo, mas nem sempre contribuímos de maneira correta para isso. Pare um pouco e leia Lucas 2.1-52, onde encontramos de forma muito clara Jesus, o verdadeiro modelo para as ações do Ministério com Crianças.
Temos o costume de usar os versículos de 1 a 20 durante o Natal ou os versículos 39 e 40 quando queremos falar sobre crianças nos púlpitos das igrejas. Porém, é válido olhar além e perceber o quanto essas passagens podem e devem ser utilizadas em outros contextos, sem nos limitarmos ao que já é considerado comum. Vamos refletir!
1.1 Precisamos levar a família de volta ao Ministério com Crianças e Pré-Adolescentes
Em Lucas 2.1-7, o texto destaca que Jesus está em uma família, a qual é a base do crescimento dele. Esse princípio não muda ao olharmos para a igreja. Ter uma área dentro do Ministério que cuida dos pais e responsáveis das crianças e dos pré-adolescentes é essencial. Eles devem fazer parte do trabalho, ser integrados ao Ministério e participar ativamente das atividades, mas com a consciência da missão em estarem presentes na caminhada da vida do filho.
1.2 Precisamos levar de volta a celebração com a chegada de uma criança na Igreja e no Ministério com Crianças e Pré-Adolescentes
Em Lucas 2.8-20, lemos sobre a celebração da chegada de Jesus, um momento alegre e especial. Dessa forma, é fundamental refletirmos: como celebramos a chegada de uma criança ou pré-adolescente na igreja? Será que apenas fazemos o cadastro em um aplicativo e entregamos um certificado de apresentação do bebê? Ou realmente enxergamos nela um homem ou uma mulher de Deus sendo trabalhados para o futuro? É hora de valorizarmos cada nova vida que chega ao nosso Ministério!
1.3 Precisamos levar de volta o Ministério com Crianças e Pré-Adolescentes à tradição
Ah, a tradição! Para que serve? Somos tão modernos e tecnológicos, coisas velhas precisam ficar no museu. Bom, não é bem assim. Temos o costume de confundir tradição com algo que já passou, mas a palavra significa “entregar” ou “passar adiante”. Em Lucas 2.21-24, vemos como a família de Jesus observava as tradições, e essa valorização deve permanecer viva hoje. Precisamos transmitir às nossas crianças os valores do reino e a prática da vida cristã.
E, já que falamos tanto sobre tecnologia, é importante ressaltar que a Bíblia é o livro mais tecnológico que existe, pois tecnologia significa ter ou criar uma ferramenta para solucionar um problema.
1.4 Precisamos levar de volta o valor do Ministério com Crianças e Pré-Adolescentes na igreja
Assim como Lucas 2.25-38 mostra a alegria de Simeão e Ana ao receberem nos braços o Salvador, a igreja também deve estar aberta para acolher cada criança, seja de dentro ou de fora. O que temos feito para isso?
Precisamos ir além das programações de Dia das Mães, Pais, Avós, Crianças e do Natal. É importante considerar que cada criança sentada no banco representa uma igreja viva no futuro e uma oportunidade para cumprir a missão dada por Deus.
1.5 Precisamos levar de volta o olhar sobre a criança e o pré-adolescente
Em Lucas 2.39-40, observamos o desenvolvimento de Jesus quando era criança. Muitas vezes, a igreja tem a percepção de que todas as crianças e os pré-adolescentes possuem a mesma idade e o mesmo nível de compreensão, mas essa é uma ideia equivocada. Deixar as crianças apenas com as tias da salinha ou em um “cultinho” não é o suficiente.
Infelizmente, já visitei igrejas em que o lugar destinado aos adultos contava com cadeiras, ventilador, iluminação e todo o conforto, enquanto as crianças eram acomodadas em varandas de cimento, e os bebês ficavam em tatames na cozinha. Essa realidade refletia um verdadeiro improviso com falta de amor e cuidado.
Embora alguns pensem que as crianças gostam de brincar no chão, é preciso dar uma atenção especial quanto ao lugar em que são recebidas. Afinal, elas merecem um espaço adequado a fim de que não somente brinquem, mas se sintam confortáveis, aprendam sobre Jesus e gostem de estar ali. Então, eu pergunto a você: como estão os espaços de desenvolvimento para o Ministério com Crianças e Pré-Adolescentes de sua igreja?
Assim, concluímos nesse primeiro ponto que, ao levarmos Cristo, o modelo bíblico, para o nosso ministério, temos muito mais possibilidade de termos um futuro e sermos a resistência.
Se você quiser saber como colocar em prática um Ministério com Crianças e Pré-Adolescentes a partir do modelo Jesus, leia o próximo artigo.