Hoje, 31 de outubro, celebramos 508 anos da Reforma Protestante (31.10.1517-31.10.2025). A Ordem dos Educadores Cristãos Batistas do Brasil (OECBB), por meio deste espaço, traz uma breve reflexão sobre esse movimento que, como já foi dito, “não é um movimento de ruptura e sim de continuidade da voz profética que sempre permeou a igreja e o povo de Deus”.
Um olhar para a história
A Reforma Protestante de 1517 não foi apenas um movimento de ruptura com a Igreja Católica da Idade Média, mas uma voz de retorno às Escrituras e ao evangelho puro de Cristo. Lutero e outros reformadores não inventaram algo novo: eles ecoaram a fé que já vinha sendo afirmada nos grandes concílios da igreja antiga e nos credos cristãos universais.
Ao lado de nomes conhecidos como Martinho Lutero e João Calvino, outros também pavimentaram o caminho da Reforma: John Wycliffe, John Huss, Girolamo Savonarola, William Tyndale, além de grupos como os valdenses e albigenses. Todos eles levantaram a bandeira da centralidade da Bíblia e da necessidade de reformar a igreja de sua cabeça aos seus membros.
A essência da Reforma
A essência da Reforma mais do que protesto contra abusos religiosos e morais, a Reforma foi um retorno às perguntas mais profundas da fé: Como posso ser salvo? Onde está a verdadeira igreja de Cristo? Daí surgiram os princípios que marcaram a espiritualidade protestante: Somente a Escritura, Somente Cristo, Somente a graça, Somente a fé e Somente a Deus a glória. Curiosamente, essa formulação conhecida como “as cinco solas” só foi sistematizada séculos depois, mas expressa bem o coração da Reforma.
Reforma e Pós-Reforma
Na Reforma e Pós-Reforma o lema ecclesia reformata et semper reformanda “A igreja é reformada e está sempre se reformando” mostra que a Reforma não foi um evento estático. Ela precisa continuar. O século XXI nos desafia a pensar em uma pós-Reforma, marcada pelo diálogo intencional com a modernidade e a pós-modernidade, mas sem perder a fidelidade às Escrituras.
Hoje vivemos um cenário pluralista, relativista e secular. Igrejas evangélicas no Brasil crescem em número, mas enfrentam crises internas: desigrejados, consumo religioso, polarização política, perda da centralidade da cruz e um discurso cada vez mais centrado no homem e não em Deus. Segundo Ferreira (2017, p.83), “Vivemos em uma época em que a cruz parece ter perdido o significado”. Reafirma o autor que, “não deve ser surpresa para nós, portanto, quando a espiritualidade e a própria comunidade cristã mostram-se desfiguradas”. (p.84).
A questão é tão preocupante que, “grande parte das igrejas ditas “evangélicas” na atualidade não fala mais a mesma linguagem porque, ao que parece, o que está por trás do esforço dos seus líderes e de muitos membros é a tentativa de ver Deus de forma nua e crua”. (p.92).
E nós, hoje?
Se a Reforma foi o clamor de um retorno ao evangelho, a Pós-Reforma precisa ser um clamor por autenticidade e fidelidade. Não basta termos templos cheios, precisamos de igrejas que façam discípulos, como lembrou C. S. Lewis: “A igreja existe unicamente para atrair os homens a Cristo, para fazer deles pequenos Cristos.” Portanto, o desafio não é apenas celebrar os 508 anos da Reforma, mas viver a Reforma hoje, em nossa prática, em nossas famílias e em nossas igrejas.
A Reforma continua sendo um convite: a reafirmar a autoridade da Escritura, o livro texto do ministério de Educação Cristã na igreja, a recentrar nossa fé em Cristo, com propósito de construir uma matriz curricular centrada em Cristo, a confiar unicamente na graça, a viver pela fé, e a dar glória somente a Deus. Como educadores cristãos e demais líderes da igreja, somos chamados a manter viva essa herança.
Que o grito dos reformadores ecoe também em nosso tempo: a igreja deve sempre se examinar à luz da Palavra e permanecer em constante reforma. E como disse apóstolo Paulo em (Efésios 3.14-21), “a ele seja à glória na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém”.




