“Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia.” (João 15:19)
Oito ou oitenta, preto ou branco, zero ou um são expressões que têm o mesmo significado acima. Dão a entender que não há meio termo. É ou não-é! Mas parece que neste nosso tempo existencial não cabe mais pensar assim! Explico, parece que a forma que vivemos deve ser sempre do ´politicamente correto`, em que se aceita tudo e de qualquer jeito. Este é um termo pós-moderno e temos de ter bastante cuidado com ele quando se trata de assuntos relacionados à fé verdadeira. Agora, o bom regramento de conduta, baseado nos princípios cristãos, deve também nos ajudar a não sair por aí ofendendo e dando coices a torto e a direito. Mas, então, a que me refiro quando digo “sem meio-termo”?
Jesus estabelece as consequências de alguém que foi escolhido para ser seu amigo. A gente pode pensar nas escolhas que fazemos e nos prejuízos que causamos a nós mesmos ou a outros, mas a questão aqui é que não fizemos a escolha, Jesus é quem escolheu quem seria seu amigo e agora ele expõe quais as consequências disso. Ele não só escolhe, mas designa para darmos fruto. Mas, ‘ser-amigo-do-homem’ tem suas consequências e uma delas é ser odiado e, por incrível que pareça, muitas vezes sem motivo. Esta não é uma escolha!
Só o fato de sermos do Senhor já carrega em si uma perseguição velada. Uma hora ou outra isso aflora livremente. Por quê? Pela simples questão de quem somos. Se somos do Senhor o servimos, somos seus amigos, amamos o Pai, temos de seu Espírito, amamos uns aos outros, mas somos perseguidos também. Não há meio termo! É assim que é. Não se pode dizer que ama a Deus e não ama o Senhor Jesus, ou o contrário. Nem se pode dizer que se ama a Deus e não se ama o próximo! Jesus estabelece isso mostrando que os que são dele não fazem mais parte deste mundo. Por isso, sofra-se as consequências deste não pertencimento.
Ser amado e amar o mundo é ser inimigo de Deus, ao contrário vem a perseguição, pois foi assim com Ele. Se sua palavra foi aceita por alguns, a nossa também será aceita por alguns. Se ele sofreu por causa dela, nós também sofreremos, porque os que estão longe de Deus, não o conhecem. Mas assim é que é, importa que soframos por causa do evangelho, até que entendamos e possamos declarar como o apóstolo Paulo, num hino de louvor a Deus, estando em prisão e após fazer toda a explanação do verdadeiro evangelho, que ele estava “bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”.
Estamos sujeitos ao sofrimento, à perseguição. Ao sofrimento porque vivemos num mundo caído, longe de Deus e que se opõe a tudo o que Deus é, e que, por consequência, persegue os que não são seus. É bom que se entenda por mundo como um sistema constituído e que se opõe a Deus. Assim, a perseguição pode vir nas mais diversas matizes. Desde algo deliberado a algo falseado de bondade, mas que no fim o objetivo é o mesmo. A igreja do Senhor, formada pelos amigos de Deus, não está isenta de ser perseguida e na conjuntura atual não há um ´salvador` que ela possa se agarrar para se livrar de seu destino. A igreja do senhor deve passar por tribulação e sofrimento para que aprenda a confiar somente no próprio Senhor que a criou e sustenta. Não há meio termo ou concessão a ser feita com o ensino de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, pois no final, corremos o risco de ouvir “Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca”. João aprendeu com seu Senhor que deveria sofrer e até o fim aguentou firme. Que o Senhor também nos guarde!