Quando o assunto é o ambiente da sala de aula das igrejas locais podemos nos deparar com uma série de desafios. Dentre eles o grande desafio de se fazer entender, de comunicar claramente o conteúdo proposto. Isso vai além de olhares atentos, é sobre fazer o conteúdo se fixar na mente das pessoas de maneira que elas meditem profundamente e levem esse conteúdo para as suas vidas na prática. É muito cômodo colocar toda uma carga de culpa sobre os ouvintes desatentos, mas será que nós professores estamos comunicando de maneira realmente eficiente? Para contribuir com essa reflexão vamos passar por três pontos à luz de textos bíblicos.
- Ponto de partida
“No passado, por meio dos profetas, Deus falou aos pais muitas vezes e de muitas maneiras;” (Hebreus 1.1).
O autor do livro de Hebreus começa contextualizando com algo que era muito familiar aos judeus, as profecias e escritos que encontramos no Antigo Testamento. Ele parte desse princípio para conduzir os destinatários a Cristo. De igual forma devemos saber qual é o ponto de partida de quem nos ouve. O ideal é que tenhamos um relacionamento com eles de antemão, mas se essa não for a realidade do momento podemos nos valer de perguntas reflexivas ou de dinâmicas que ajudem as pessoas a se expressarem. Isso contribui para que o professor entenda o que faz parte do conhecimento prévio dos participantes. É um exercício constante lembrar que o outro também tem uma bagagem. - Menos é mais
“Amados, enquanto me empenhava para vos escrever acerca da salvação que nos é comum, senti a necessidade de vos escrever exortando-vos a lutar pela fé entregue aos santos de uma vez por todas” (Judas 1.3).
Nós professores desejamos passar muito conteúdo que entendemos como extremamente relevantes e fundamentais para os participantes de nossas aulas. Mas não adianta falar em demasia, as pessoas têm um limite de absorção. Precisamos focar no que é realmente necessário ser dito naquele momento. Judas em sua carta demonstra o desejo de falar sobre determinado assunto, porém foca naquilo que é mais importante para os receptores. É muito mais eficaz passar menos conteúdo com uma qualidade de absorção maior do que tentar depositar uma infinidade de conteúdo que se perderá em poucos instantes ou que não é a necessidade real daquele período. Mesmo que pareça pouco conteúdo quando focamos em algo, essas pequenas doses de saber vão se somando, construindo pontes de conhecimento muito maiores e permanentes. Não tenha pressa! - Repetição não é enrolação
“[…] e as ensinarás a teus filhos e delas falarás sentado em casa e andando pelo caminho, ao deitar-te e ao levantar-te” (Deuteronômio 6.7).
As vezes parece que é crime repetir ou reforçar o conteúdo durante a aula – pode parecer até mesmo um erro, uma perda de tempo. Mas na realidade é através da repetição que tornamos as coisas mais fáceis de lembrar para os participantes. Isso não significa repetir exatamente a mesma frase milhares de vezes, podemos reforçar o mesmo conteúdo de formas diferentes. Dinâmicas, perguntas, histórias, leitura da Palavra, citações de conteúdo artístico (filmes, livros, pinturas), conversas etc. O importante é ser intencional, lembrando que precisamos necessariamente da repetição para fixarmos algo em nossas mentes.
Resumindo, devemos lembrar que o percurso da comunicação enfrenta diversas armadilhas. Mas podemos nos prevenir de algumas delas se estivermos sensíveis e preparados. Isso começa na conscientização dos nossos erros e no compromisso de buscarmos mudanças. Dessa forma será possível transmitir o conhecimento da Palavra que ficará fixo na mente das pessoas.
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Ótima reflexão sobre ensino!