“Mas, agora, vou para junto daquele que me enviou, e nenhum de vós me pergunta: Para onde vais? Pelo contrário, porque vos tenho dito estas coisas, a tristeza encheu o vosso coração.” (João 16:5,6)
Sabe aquele momento em que a circunstância não lhe deixa dizer uma palavra? Em que você fica, literalmente, engasgado! Pode ser um momento de alegria, de tristeza, de espanto, de horror, ou qualquer outro, que lhe impede de exprimir o que pensa ou de questionar a situação. Parece que os discípulos ficaram assim mesmo com as palavras que Jesus acabara de lhes falar. Ninguém lhe faz pergunta porque o coração dos discípulos está transtornado, a notícia é forte demais e as expectativas mudaram. O que Jesus diz que lhes causou isso?
No diálogo que travam, na verdade mais parecido a um monólogo, Jesus acabou de lhes falar que se ele (Jesus) seria perseguido, eles (os discípulos) também seriam. Se alguém ouviu e aceitou sua palavra, também aceitaria e ouviria a deles, pois o servo não é maior que seu senhor. Passar por perseguição é o itinerário normal de quem segue o Mestre. Mas Jesus vai além de uma simples perseguição (se dá para classificar como simples!) e passa para a descrição de algo que culminará numa consequência muito mais grave: a morte! Seguir Jesus para aqueles discípulos não seria uma brincadeira, um passatempo, mas um ato que os levaria a um desfecho indesejável, a morte.
Veja que o problema está no fato de que os perseguidores estão dispostos a tudo. Vão expulsar e matar, julgando assim estarem fazendo o correto. A situação é de fazer o errado pelo motivo errado! Estavam disposto a matar porque não conhecem a Deus, mesmo que a intenção com a prática do ato em si seja de almejar agradar a Deus com o que se faz. Que loucura! Mas nós não temos a condição de julgar aqueles perseguidores, pois corremos o risco de fazer o mesmo também. Senão vejamos quantas pessoas decepcionadas e que abandonam igrejas porque se sentem perseguidas por alguém, supostamente em nome de Deus.
Para quem assistiu um filme recente que fala sobre a vida do apóstolo Paulo (Paulo, apóstolo de Cristo, 2018), deve ter percebido a alusão a isto. Um homem que perseguia a igreja de Deus, em nome do Deus que achava que servia fazendo o que fazia. Temos de ter muito cuidado para não nos contaminarmos com “o fermento dos fariseus”, que nos dias atuais leva à defesa ferrenha de determinada ideologia em detrimento da Palavra de Deus. Bom, mas a situação aqui extrapola o campo das ideias. Jesus está falando que eles morreriam por causa dEle. Esse é um fato e precisamos estar preparados para ele. Vai chegar um tempo para aqueles que vivem na calmaria mostrarem seu amor e serem sustentados pelo Pai e para aqueles que já estão vivendo isso sentirem ou continuarem sentindo o cuidado e amor de Deus, mesmo que a situação seja extremamente difícil.
Esse negócio de evangelho fácil e de construção do reino de Deus na terra, para ser usufruído e ser deliciado aqui, vai ter o seu fim. Para os apóstolos não demorou muito. Depois destas palavras, algumas horas depois, Jesus estaria nas mãos de seus algozes e sofreria todo o dano. Quanto aos discípulos, sofreriam pelos próximos 30 anos, sendo perseguidos, torturados, queimados vivos, etc. Já na velhice, diferente dos outros que já haviam morrido, João, relembrando os momentos difíceis porque passara juntamente com a igreja do Senhor pôde exprimir agora as Palavras do seu Senhor ressurreto, glorificado, sentado à destra de Deus e declara: “Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono” (Ap 3:21). Embora passemos por grandes tribulações, no final de tudo, gozaremos plenamente da da presença de nosso Senhor! Aleluia! Amém!