A GERAÇÃO Z, nascida entre 1997 e 2012, é marcada por paradoxos. Cresceram em um mundo hiperconectado, com acesso irrestrito à informação, mas também imersos em crises emocionais, incertezas econômicas e polarizações sociais. Em meio a esse cenário, os dados se tornam alarmantes e desafiadores: segundo pesquisa do Barna Group (2018), 13% dos adolescentes americanos entre 13 e 18 anos se identificam como ateus — o dobro da média da população geral. Apenas 1 em cada 11 adolescentes pode ser considerado um “cristão engajado”, ou seja, alguém cuja fé influencia diretamente suas ações e escolhas.
A proporção dos que se declaram cristãos cai a cada geração. Três a cada quatro dos Baby Boomers (os nascidos entre 1950 e 1960) dizem ser um cristão protestante ou católico, enquanto entre os adolescentes entre 13 e 18 anos a média passa a ser três a cada cinco. E somente 1 a cada 11 adolescentes foi considerado pelo Barna como um “cristão engajado” – que tem suas crenças e ações moldadas pela fé – e não apenas um “cristão nominal”.
Esse é um retrato de uma geração que, ao mesmo tempo em que se mostra mais distante das tradições religiosas, também manifesta uma busca profunda por identidade, sentido e propósito — uma fome espiritual que precisa ser respondida com sabedoria e intencionalidade. A educação cristã, se bem conduzida, pode ser uma resposta poderosa para esse cenário, levando esses jovens da dúvida ao discipulado.
Como atrair a GERAÇÃO Z para CRISTO?
Para alcançar o coração da Geração Z, é preciso ir além dos métodos tradicionais. A educação cristã precisa ser relacional, relevante e radicalmente enraizada nas Escrituras. Eis algumas direções teológicas e práticas:
- Discipulado baseado em exemplo e relacionamento
A Geração Z valoriza a autenticidade. Eles são céticos quanto a discursos vazios, mas se conectam com testemunhos reais. Paulo nos convida em 1Coríntios 11.1: “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo.” Isso nos mostra que o discipulado não é apenas ensino verbal, mas uma caminhada relacional de imitação, mentoria e convivência.
- Apresentar Cristo como o verdadeiro sentido da vida
Muitos adolescentes perguntam: “Quem sou eu? Para que estou aqui?”. A Bíblia responde com clareza em Efésios 2.10: “Pois fomos feitos por ele, criados em Cristo Jesus para as boas obras, previamente preparadas por Deus para que andássemos nelas”. A educação cristã precisa apontar para Cristo como origem, sentido e destino da existência — uma resposta viva ao vazio existencial.
- A Bíblia como fonte de sabedoria e esperança
O ensino bíblico precisa ser contextualizado, abordando as angústias atuais (como o sofrimento, as crises de identidade, sexualidade e a injustiça social), sem perder sua profundidade. Jesus diz em João 16.33: “Eu vos tenho dito essas coisas para que tenhais paz em mim. No mundo tereis tribulações; mas não vos desanimeis! Eu venci o mundo”. Essa é a esperança que essa geração precisa ouvir: Deus está presente, mesmo no caos.
- Uma pedagogia de pertencimento e missão
Barbosa (2021), em seu TCC “O adolescente da Geração Z e o discipulado cristão” (Faculdade Batista Pioneira), destaca o papel de organizações como Mensageiras do Rei e Embaixadores do Rei como instrumentos relevantes para discipular adolescentes dessa geração. Tais organizações oferecem identidade espiritual, propósito missionário, comunidade de fé e formação integral — aspectos essenciais para o amadurecimento espiritual em um tempo de individualismo e fragmentação.
- A promessa da paz através do ensino do Senhor
Isaías 54.13 declara: “E todos os teus filhos serão ensinados pelo SENHOR; e a paz de teus filhos será plena”. Essa é a missão da educação cristã: formar jovens que não apenas conheçam a Bíblia, mas vivam a paz de Cristo e espalhem essa paz no mundo.
Considerações Finais
A GERAÇÃO Z representa um enorme campo missionário. O crescimento do ateísmo e a fragilidade da fé institucionalizada não devem nos assustar, mas nos desafiar a renovar nosso compromisso com o ensino cristão relevante, encarnado e transformador. Se focarmos intencionalmente nessa geração, poderemos não apenas evitar que muitos jovens se percam no niilismo moderno, mas ver um novo avivamento acontecer por meio daqueles que hoje nos observam em silêncio, em busca da verdade.
Referências:
BARBOSA, Ezequiel Marques. O adolescente da Geração Z e o discipulado cristão. 2021. TCC (Bacharelado em Teologia) – Faculdade Batista Pioneira, Ijuí, RS. Disponível em: https://www.batistapioneira.edu.br/wp-content/uploads/2022/08/TCC-Ezequiel-OK.pdf. Acesso em: 21 abr. 2025.
BARNA GROUP. Gen Z: The Culture, Beliefs and Motivations Shaping the Next Generation. 2018.
“Adolescentes da Geração Z e os desafios da igreja: mais cristãos nominais, ateus e LGBTs”. Ultimato Jovem. 2018. Disponível em: https://ultimato.com.br/sites/jovem/2018/02/07/adolescentes-da-geracao-z-e-os-desafios-da-igreja-mais-cristaos-nominais-ateus-e-lgbts/. Acesso em: 21 abr. 2025.