Esta produção é fruto de uma conversa sobre o tema acima, realizada no Encontro provocado pelo Seminário Teológico Batista Meritiense.
Esta é uma provocação à reflexão da teologia da criança. Uma tentativa de falar de Deus com as lentes da infância e um olhar para a criança pela perspectiva de sua importância apesar de sua fragilidade, com base na postura de Jesus descrita em Mateus 18.
Tudo o que se fala sobre Deus é sempre a partir do que se conhece ou do que alguém falou. Sendo assim, abordaremos o assunto sob o olhar de uma criança com suas características, importância e limitações.
Desde os primórdios, somos orientados a falar de Deus aos pequeninos. Em Deuteronômio 6.7 lemos:
[…] e as ensinarás a teus filhos e delas falarás sentado em casa e andando pelo caminho, ao deitar-te e ao levantar-te”
A responsabilidade dos pais e o convívio familiar é aqui apresentada como berço do discipulado infantil. Falar de Deus e sua grandiosidade aos pequeninos em todo o tempo. Em todos os momentos possíveis sem pausa. Esse texto dá a ideia de alguém que está perto. Um pai/mãe presente. Alguém que caminha junto, acompanha e cuida.
Em Provérbios, o clássico texto do capítulo 22, versículo 6, reafirma esse conselho.
“Instrui a criança no caminho em que deve andar, e mesmo quando envelhecer não se desviará dele”
A ideia é de alguém que está junto. É ser exemplo em nossa maneira de viver. É refletir o Mestre para que os pequeninos o conheçam e queiram também estar com Ele, ser como Ele.
Dentre outras muitas referências no Antigo Testamento, apontam quanto à importância de falar de Deus às crianças. Mais ainda quanto a proximidade de Deus e elas, ou seja, a relação entre Deus e os pequeninos. Demonstrando a intensidade desse relacionamento.
Já no Novo testamento, lemos alguns episódios onde as crianças, são excluídas (culturalmente) e Jesus ensina o contrário, ensina seu valor.
Quando Jesus foi a Jerusalém e viu o que as pessoas estavam fazendo no templo, expulsou a todos, derrubando suas mesas e cadeiras com as mercadorias que eram vendidas. Jesus se irou com as pessoas. Disse que aquele lugar era lugar de oração, de milagres e logo em seguida começou a curar os que se aproximavam dele. As crianças, clamavam do lado de fora pelo Messias. Exaltavam seu nome. Os principais sacerdotes e escribas se indignaram com o que Ele estava fazendo e com as crianças que o exaltavam fora do templo. E indagaram Jesus por isso. Jesus respondeu-lhes usando um trecho das Escrituras, lembrou-lhes o Salmo 8.2:
“[…] e perguntaram-lhe: Estás ouvindo o que eles estão dizendo? Jesus lhes respondeu: Sim; nunca lestes: Da boca de pequeninos e de bebês obtiveste louvor?
Mateus 21.16
Jesus mostra aos mais entendidos que eles não deveriam se espantar com o clamor e louvor das crianças. Pois eles mesmos conheciam as Escrituras e nelas estava registrado a profundidade, a capacidade e a sinceridade da adoração dos pequeninos.
Em outro momento, Jesus mostra aos discípulos o valor de uma criança. Jesus coloca a criança diante deles e usa a criança como referência, modelo, padrão para se entrar no céu. Jesus deu a devida importância às crianças. Usou-as como referência de salvação e como o modelo de ser humano mais parecido com Ele.
“Naquela hora, os discípulos se aproximaram de Jesus e perguntaram: Quem é o maior no reino do céu? Jesus chamou uma criança, colocou-a no meio deles e disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, nunca entrareis no reino do céu.
Portanto, quem se tornar humilde como esta criança, esse será o maior no reino do céu. Quem recebe uma destas crianças em meu nome, recebe a mim.
Mas a quem fizer tropeçar um destes pequeninos que creem em mim seria melhor se lhe pendurassem no pescoço uma pedra de moinho e afundasse nas profundezas do mar”
Mateus 18.1 a 6
Jesus ainda nos repreende quanto a nossa maneira de viver, sentenciando o homem que for a causa do tropeço dos pequeninos. Jesus coloca as crianças no topo, no centro, diante dos olhares e ensina seus discípulos a fazerem o mesmo. Não só isso, ensina a serem semelhantes a uma criança. Orienta a serem humildes como os pequeninos, despretensiosos. O céu é composto deles!
Falar de Deus sob as lentes da infância é pensar num Deus que brinca, um Deus que perdoa quantas vezes forem necessárias. Um Deus que apesar do desprezo de alguns, ainda insiste em estar com eles, ainda insiste em chamar para brincar.
A presença de Deus para a criança é lugar de segurança, física, emocional e espiritual. Estar com Deus, andar com Deus é sinônimo de plenitude. É garantia de alegria e contentamento. É certeza de acesso direto sem intermediários ou podas. Servir a Deus como criança, é ser verdadeiro, sem máscara. Um relacionamento sem peso, sem fardos, sem rancor e culpa. Atingir o nível desse relacionamento é ter em mãos a garantia de vida eterna.
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Nestes tempos difíceis um Ministério Infantil relevante para as crianças se faz urgente