“Tomaram eles, pois, a Jesus; e ele próprio, carregando a sua cruz, saiu para o lugar chamado Calvário, Gólgota em hebraico,” (João 19:17)
Quem tem posto a mão no arado, / Não pode mais olhar pra trás! / Pois quem no arado põe a mão, / Trabalho certo e perto, tem serviço e profissão. / Lança a semente, espalha pelo chão; / Planta em tua terra, / Faz do teu trabalho tua guerra. / Quem em Cristo põe a vida… (Mão no arado, Grupo Logos). Esta foi uma das canções que me acompanhou durante a infância e adolescência. Ela expressa bem o que o próprio Senhor Jesus Cristo falou sobre segui-lo. Aliás, o chamado que Jesus faz a cada um de nós tem implicações para toda a vida. Ao obedecê-lo
estamos dizendo que seguimos o caminho que ele nos traçou e a partir de então somos seus discípulos.
Toda a caminhada que Jesus fez até agora chegou numa via somente de ida. Daqui em diante não havia mais a possibilidade de retorno. Inexoravelmente a morte o aguardava. Ele se preparou para este momento durante toda a sua vida e sabe que a dor e o sofrimento, embora grandes e vergonhosos, culminarão com cumprimento do plano traçado na eternidade, pelo conselho trinitário, antes mesmo que houvesse mundo. A verdadeira vida cristã não é
brincadeira, pois ao tornar-se um discípulo de Cristo, segue-se também um caminho só de ida. Além do mais, como nosso próprio Senhor falou: “qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo” (Lucas 14:27).
Mas parece que tem muita gente que não atentou para o caminho que está seguindo e a vida cristã que leva é contrária ao que Cristo mesmo ensinou. Talvez falte a percepção de que o sacrifício de Cristo na cruz, embora necessário, pois sem ele não haveria retorno ao Pai, foi um sacrifício de extremo sofrimento. Imagine que foram três anos de um ministério que, aos olhos de muitos, parecia infrutífero e que no fim culminou com a morte do líder. Isso não era nenhuma novidade, pois vários outros já haviam se levantado e tiveram o mesmo fim. Mas
agora era diferente, ali estava o Deus encarnado, que na sua humilhação podia de fato trazer o homem ao seio do próprio Deus.
Jesus seguiu um caminho só de ida para proporcionar um só caminho de volta a Deus. Caminho único e exclusivo, que somente os seus verdadeiros discípulos podem trilhar, porque ouvem o seu chamado, o seguem e são capacitados para tal. São os que ingressam no caminho e sabem que dele não podem retornar, “pois quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; quem perder a vida por minha causa, esse a salvará” (Lucas 9:24). O problema é que sempre tem esse negócio de perder a vida, talvez por isso muitos não queiram permanecer no caminho.
Quando Jesus tomou o caminho da cruz, havia a precedência de sofrimento, pois o caminhante era primeiro açoitado (alguns nem passavam desta etapa), depois faziam-no percorrer o caminho mais longo até chegar ao local da crucificação, para que todos o vissem, dando-se, então, o cumprimento da escritura que diz “não tinha aparência nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse. Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens
escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso. Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido” (Isaías 53:2-4). Esse também é o nosso caminho, só de ida, porque Quem tem posto a mão no arado, / Não pode mais olhar pra trás!. Ninguém é melhor que seu Senhor, pois nosso limite é sua estatura. Caminho só de ida! Vai encarar?