A série Adolescência, disponível na Netflix, retrata de forma realista os conflitos internos e os dilemas emocionais vividos por adolescentes hiper conectados. Ela mostra como a linguagem simbólica, os silêncios nas redes sociais e os códigos visuais refletem dores, carências, desejos e a solidão de uma geração que vive mais online do que presencialmente. É um alerta visual e emocional sobre a necessidade urgente de conexão significativa com os adolescentes — especialmente por parte dos pais e educadores cristãos.
No ambiente digital, um emoji pode comunicar mais que palavras. Um simples “coração preto” (🖤) pode simbolizar dor, tristeza ou rebeldia; um “skull” (💀), riso exagerado ou sarcasmo. A ausência de curtidas ou uma mensagem visual apagada pode carregar gritos silenciosos por atenção. A educação cristã precisa aprender a “ler” essa nova linguagem — não para se render a ela, mas para redimir e comunicar graça dentro desse contexto.
A Bíblia nos adverte em Provérbios 18.13: “Responder antes de ouvir é tolice e vergonha”. Isso exige dos pais escuta ativa, sensibilidade espiritual e disposição para mergulhar no universo dos filhos.
O Evangelho em linguagem de rede
Jesus encarnou e viveu entre nós (João 1.14), demonstrando que a pedagogia do Reino passa pela proximidade. Não basta entregar sermões; é preciso encarnar o amor de Cristo no cotidiano digital dos filhos. Em Marcos 8.27, Jesus pergunta: “Quem os homens dizem que eu sou?” — um convite a ouvir antes de corrigir. Hoje, pais cristãos devem perguntar: “Como você se sente quando não recebe nenhuma curtida?” ou “O que esse emoji que você sempre usa quer dizer para você?”
Além disso, adolescentes são constantemente comparados e pressionados online. A educação cristã precisa reafirmar sua identidade em Cristo. Mateus 5.14 diz: “Vós sois a luz do mundo”. Luz não precisa de curtidas, ela apenas brilha.
O discipulado começa em casa
Pais são os primeiros educadores da fé. Romanos 12.2a nos encoraja: “E não vos amoldeis ao esquema deste mundo, mas sede transformados [….]”. Isso inclui não se conformar com a superficialidade da comunicação digital, mas transformá-la com profundidade, diálogo e presença.
Como lembra Efésios 6.18: “[…] orando em todo tempo […]”. A batalha espiritual da adolescência se vence com intercessão constante e com ensino bíblico sensível à realidade.
A série Adolescência mostra que por trás dos filtros e reels, há corações sedentos por sentido. A geração dos emoticons e stories curtos também é alvo do amor eterno de Deus. A missão da educação cristã é traduzir esse amor em linguagem compreensível, viva e presente — na mesa de jantar, no quarto escuro e até no feed do Instagram.
Referências:
Série documental Adolescência (Netflix, 2024). Disponível em: https://www.netflix.com/br/title/81617995
Bíblia Sagrada. Versão Almeida Século 21.
Barna Group. “Gen Z: The Culture, Beliefs and Motivations Shaping the Next Generation” (2018).
Gallup Institute. LGBT Identification in U.S. Ticks Up to 7.1% (2022).
Revista Ultimato Jovem. “Adolescentes da geração Z e os desafios da igreja” (2018). Disponível em: https://ultimato.com.br/sites/jovem/2018/02/07/adolescentes-da-geracao-z-e-os-desafios-da-igreja-mais-cristãos-nominais-ateus-e-lgbts