“…o qual vem após mim, do qual não sou digno de desatar-lhe as correias das sandálias.” (João 1:27)
O que é uma pessoa convencida de si mesma? Podemos encontrar uma série de sinônimos para este tipo de pessoa: afetado, afofado, altivo, amaneirado, arrogante, atrevido, convencido, desdenhoso, empafiado, emproado, enfatuado, entufado, esnobe, fátuo, gabarola, imodesto, insolente, jactancioso, jactante, opinioso, orgulhoso, pedante, presumido, presunçoso, presuntuoso, pretensioso, prosa, snob, soberbo, ufano, vaidoso, vanglorioso
(sinônimos.com.br). Quantas pessoas você conhece que podem ser classificadas assim?
João Batista vai no oposto e ele reconhece o seu lugar, pois está diante do próprio Deus. Esta conversa de João Batista com um grupo de judeus relatada neste evangelho deve ter acontecido após o batismo de Jesus, para João chegar a esta conclusão. João reconhece sua pequenez diante daquele que pode todas as coisas. Ele o identifica como aquele que pode limpar o pecado do mundo, atividade que não se compara nem um pouco ao que João foi chamado para fazer. João batiza com água, que no máximo pode levar ao arrependimento e lavar exteriormente, mas o Cordeiro de Deus é o único que de fato faz a limpeza completa.
O reconhecimento de João da sua pequenez em relação ao que o Messias pode fazer é um ponto que nos deve chamar a atenção. Sim, pois não há nada que possamos fazer que não recebamos dele mesmo. Pensar mais do que isso é tomar uma glória que não nos pertence. Ao contrário, João não se compara nem mesmo a um servo que serve para desatar as correias de suas sandálias. Quando um judeu chegava em casa, normalmente havia um servo lá para tirar suas sandálias e lavar-lhe os pés. Esse era considerado um trabalho muito inferior para um
judeu fazer, mas João diz que na presença do Rei nem isso ele era habilitado a fazer.
A atitude e reconhecimento de João parece que expôs muita gente. Era uma crítica velada e antecipada à própria liderança judaica, que logo rejeitaria o Messias, mas a quem João havia sido incumbido de também anunciar sua chegada. João era o precursor do Rei, aquele que saia antes e anunciava que o Rei estava chegando e todos deviam se endireitar para quando ele passasse. Por outro lado, o que eles fizeram foi matar o arauto e também o próprio Rei. Mas há algo mais que devemos pensar aqui: como a atitude de João se compara a atitude das
lideranças de hoje? Uma análise rasteira, indica que pouca gente quer ser o que desata as correias das sandálias do Mestre! E não podemos esquecer que o Mestre disse que seria visto nos pequeninos e o que fazemos a eles, fazemos ao próprio Cristo (Mt 25:40). Diante de Deus não somos melhores e nem maiores que o outro, nem temos nenhuma autoridade para desprezar quem quer que seja. Podemos ter até responsabilidades diferentes, e seremos cobrados por isto, mas não temos o direito de nos considerar melhor que os outros.
Como João precisamos reconhecer nossa pequenez diante de Deus e atentar para o que nosso Senhor nos ensinou quando disse que o maior é aquele que é o menor no reino. Essa posição de João lhe rendeu créditos com o Mestre. Parece que em nossos dias há mais pessoas “convencidas” e que este número é cada vez mais crescente no seio da igreja. Paulo recomendou a Timóteo que fugisse desse tipo de gente (II Tm 3:5) e ele usa alguns dos adjetivos listados acima para essas pessoas, ao descrever o que ele chama de últimos dias. Que
posição costumo normalmente assumir sobre esta questão? Que tipo de análise sobre minha pessoa quero ouvir de Cristo? Estou pronto para desatar as sandálias de meus irmãos e também lhes lavar os pés? Senhor que eu não pense de mim mesmo mais do que convém (Rm 12:3). Amém!