“Voltaram, pois, os guardas à presença dos principais sacerdotes e fariseus, e estes lhes perguntaram: Por que não o trouxestes? Responderam eles: Jamais alguém falou como este homem.” (João 7:45,46)
Em 2016 o emprego da expressão “pós-verdade” foi de fato efetivado. A ideia do termo está relacionada a “aparência do fato” ser mais importante que “o fato em si”. É a desconstrução da verdade, chegando ao que afirmava Nietzsche de que “não há fatos, apenas versões”. Isto posto, podemos estabelecer a antítese “discurso cheio” e “discurso vazio”. Um discurso que não diz nada, ou que diz a mentira ou ainda que omite a verdade não é muito difícil de encontrar aqui e acolá.
Mas com nosso Mestre não era assim! Sempre que falava era com propriedade. Não havia palavras sem sentido, discurso vazio, sem propósito. As palavras cumpriam a sua verdadeira função e comunicavam da verdade absoluta e irrestrita de que Ele era o Filho de Deus. Impressionar-se com o que Ele falava não era difícil para seus ouvintes. Até mesmo os de coração mais duro, céticos eram alcançados de alguma forma pela palavra poderosa que lhe saltava dos lábios.
Não é somente o evangelista João que relata este fato, mas os outros evangelistas relatam que o povo ficava maravilhado com o seu ensino (Mt 13:54; 22:33; Mc 1:22; 6:2; 11:18). Lucas vai mais além e ressalta não só que o povo ficava maravilhado, mas que ninguém falava com a autoridade que Ele tinha (Lc 4:32). Eu não sei, mas parece que já não temos esta mesma maneira de proferir um discurso! Por que com nosso mestre era diferente?
Um ponto chave neste entendimento é que Ele é Deus. No entanto, na prática, isso parece distante de nós, pois somos humanos. Mas tem algo bem próximo de nós e que devemos sempre levar em consideração: sua proximidade com o Pai. Esse é um tema que permeia todo este evangelho e por várias vezes o Senhor Jesus identifica-se tão profundamente com o Pai que afirma que Ele e o Pai são um. A proximidade do Senhor Jesus deve também nos levar à mesma afirmação, pois estaremos tão ligados a Ele que nosso falar já não será sem sentido ou desprovido de conteúdo.
Na verdade, um único contato com nosso Senhor deve nos levar à transformação. Com Nicodemos foi assim, pois ele percebeu que uma conversa com o Mestre poderia mudar o rumo da história. Mas uma mente empedernida, desprovida da intimidade de nosso Deus não consegue ver isso. Temos um desafio, nos aproximarmos de nosso Senhor para que nosso discurso não seja vazio, repleto de palavras sem sentido para nós mesmos e para os outros. Por outro lado, quando nos ouvirem que imediatamente se siga a admiração e o espanto de autoridade outorgada, inerente ao nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, pois Ele vive em mim! Louvado seja o Senhor!