A luta contra a violência de gênero não é exclusiva das mulheres; os homens também têm um papel crucial nesse processo: começar discutindo a importância do engajamento ativo dos homens na promoção da igualdade de gênero e na erradicação da violência contra a mulher. Também é necessário abordar métodos para desconstruir padrões de masculinidade tóxicos e promover uma nova masculinidade baseada no respeito, no apoio e na parceria com as mulheres. Ao trabalhar juntos, homens e mulheres podem criar comunidades religiosas mais saudáveis e equitativas para todos.
Para desconstruir os atuais padrões de masculinidade tóxicos é necessário um esforço coletivo que envolva a sociedade como um todo, incluindo pais, educadores, líderes religiosos, mídia e instituições governamentais. De forma paralela, o mesmo esforço deve ser empregado pelos mesmos agentes para promover uma nova masculinidade baseada no respeito. Aqui estão algumas estratégias para alcançar esse objetivo:
- Educação e conscientização: Promover a educação sobre questões de gênero e masculinidade desde a infância é fundamental. Nas igrejas, é importante abordar os estereótipos de gênero e as expectativas sociais associadas à masculinidade. Além disso, é necessário oferecer programas de educação e conscientização sobre a prevenção da violência de gênero. “Adquire a sabedoria e o entendimento; não te esqueças nem te desvies das palavras da minha boca. Não abandones a sabedoria, e ela te guardará; ama-a, e ela te protegerá” (Provérbios 4.5-6).
- Fomentar modelos positivos: É essencial que homens que adotem uma masculinidade saudável e respeitosa sejam apresentados como modelos positivos. Isso pode ser feito através da mídia, da representação de homens que valorizam a igualdade de gênero a partir do olhar de Jesus, além do respeito e da empatia. É desafiador falar como Paulo “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo” (1Coríntios 11.1), mas este é o chamado.
- Desconstrução dos estereótipos de gênero: É importante questionar e desconstruir os estereótipos tradicionais associados à masculinidade, como a ideia de que homens não devem expressar emoções ou que ser forte significa ser agressivo”. O SENHOR é compassivo e misericordioso; demora para irar-se e é grande em amor” (Salmos 103.8). É necessário promover uma visão mais ampla e inclusiva do que significa ser homem.
- Diálogo e reflexão: Incentivar o diálogo aberto e a reflexão sobre questões de gênero com homens de todas as idades é uma estratégia poderosa. Isso pode ser feito em grupos de discussão, durante práticas esportivas, workshops ou mesmo em contextos religiosos, onde a liderança pode incentivar conversas sobre masculinidade saudável. “A palavra de Cristo habite ricamente em vós, em toda a sabedoria; ensinai e aconselhai uns aos outros com salmos, hinos e cânticos espirituais, louvando a Deus com gratidão no coração” (Colossenses 3.16).
- Redefinição de papéis sem inversão de valores: Promover a divisão equitativa de tarefas e responsabilidades dentro de casa e no ambiente de trabalho é essencial. Isso ajuda a desconstruir a ideia de que certas tarefas são exclusivamente “femininas” ou “masculinas” econtribui para a construção de relações mais igualitárias. “Não façais nada por rivalidade nem por orgulho, mas com humildade, e assim cada um considere os outros superiores a si mesmo. Cada um não se preocupe somente com o que é seu, mas também com o que é dos outros” (Filipenses 2.3-4).
- Combate à violência de gênero: É fundamental combater a violência contra mulheres e meninas, além de promover a cultura do respeito e do consentimento. Isso envolve conscientização sobre os direitos das mulheres, campanhas de prevenção e o engajamento dos homens como aliados na luta contra a violência de gênero. “[…] aprendei a praticar o bem; buscai a justiça, acabai com a opressão, fazei justiça ao órfão, defendei a causa da viúva” (Isaías 1.17).
- Apoio psicológico: Oferecer apoio psicológico para homens que tenham sido afetados por padrões de masculinidade tóxicos também é importante e pode ser feito através de discipulado, terapias individuais ou grupos de apoio. “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mateus 11.28). É Cristo a redenção do homem, mas não seja você o que negue a ciência que Deus criou.
Ao adotar essas estratégias, acreditamos ser possível desconstruir os padrões de masculinidade tóxicos enquanto construímos uma sociedade mais justa e saudável para todos, independentemente de seu gênero, uma sociedade que promove uma nova masculinidade baseada no respeito, igualdade e empatia.
A escritora Marília de Camargo César, (2021), em “O grito de Eva: a violência doméstica em lares cristãos”, traz à tona que os comportamentos violentos dos homens contra as mulheres, revelam muitas vezes problemas causados por distúrbios emocionais como a ansiedade, depressão, vício em pornografia e até insônia. Outros problemas como o alcoolismo, consumo de drogas e vícios em jogos, podem igualmente despoletar episódios de violência doméstica.
Essas informações foram coletadas em observar que muitos agressores provêm de lares em que pais eram violentos, em maiorias alcoólatras. Pais violentos, por vezes, criam filhos violentos.
Entretanto, conforme aponta a autora, importa que esses homens possam procurar ajuda adequada para que retornem a um tipo saudável de masculinidade. E, onde, após reconhecimento de erros cometidos, possam desconstruir esses mitos de poder e controle, entrando finalmente num relacionamento amoroso, compassivo e até de perdão com os seus cônjuges. Ressalto sempre que, mesmo havendo o arrependimento, o tratamento do homem agressor deve ser oferecido em sintonia com o cumprimento legal da lei.
A educação cristã deve proporcionar ao homem agressor e o não agressor oportunidades de aprender sobre a hombridade à luz da bíblia. “Todavia, quero que saibais que Cristo é o cabeça de todo homem; o homem, o cabeça da mulher; e Deus, o cabeça de Cristo” (1Coríntios 11.3) A linha de autoridade espiritual do lar cristão deixa bem claro para nós que se o cabeça não for Cristo, este homem seguirá a si mesmo, e aos enganos do seu coração. É responsabilidade do homem cristão manter-se resguardado na soberania de Jesus Cristo segundo SUBIRÁ:
“Na condição de cabeça do lar, o homem é o responsável de quem Deus cobrará o exercício do sacerdócio. É óbvio que a mulher deve participar exercendo o sacerdócio juntamente com seu marido, mas a responsabilidade maior não está sobre seus ombros. Muitos maridos se acomodam por ver sua esposa fazendo bem o seu papel, mas não deveriam agir assim. Por melhor que seja a ajuda da mulher, o homem tem que fazer a sua parte e ele é quem prestará contas!”. Muitos homens, cristãos não se enquadram nesta visão.
Quando o homem não administra seu lar subjugando suas vontades e ímpetos à soberania de Cristo, ele caminha com a força de seu braço, tirando Deus do centro de sua família. Trazendo ele mesmo o desviar do propósito de Deus para sua família. Autoridade, não é autoritarismo, responsabilidade não é dominação, a submissão de sua esposa, não pode se tornar competição por direitos. Quando um homem não é submisso ao Senhor, ele não ensina a submissão a sua esposa e filhos. As famílias precisam formar homens segundo o coração de Deus. Essa formação passa necessariamente pela herança deixada de pai para filhos, pelo legado.
A Universidade da Família, tem um curso chamado Homem ao Máximo, é um curso que revela o plano de Deus em relação à identidade e às responsabilidades do homem. Em suas lições, ele descobrirá o propósito de Deus para sua vida e sua família, melhorando os relacionamentos com esposa e filhos” (UDF). É papel da igreja oferecer cursos aos homens que coloquem o caráter de Cristo em seus corações e personalidades. Esse tipo de investimento pode ser oferecido pela igreja, mas é necessário que seja também uma busca individual principalmente se você for um homem sem referências de hombridade cristã. Se você for um homem oriundo de famílias disfuncionais, com lares violentos, você precisa buscar vivenciar com outros homens segundo o coração de Deus, o que Deus quer de sua liderança e pastoreio no seu lar. Sua família é sua congregação, sua família é seu primeiro rebanho. Lembre-se da pergunta de Jesus a Pedro? (Jo 21.15-19). Se você ama a Jesus, pastoreie sua família, como Jesus nosso sumo pastor, pastoreia a igreja.
Bibliografia:
Ramos, Andreia, Viúvas de maridos vivos [livro eletrônico] : quebrando o silêncio : a violência contra a mulher no contexto cristão / Andreia Ramos. — Patos de Minas, MG : Ed. da Autora, 2023.